Uma matéria do jornal O Globo, divulgada neste domingo (15), mostra que o sobrevivente do ataque ao influenciador digital Wesley Pessano Santarém, de 19 anos, assassinado a tiros em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, afirmou em depoimento à Polícia Civil do Rio que não houve resistência à abordagem dos criminosos. De acordo com um trecho do relato colhido pela polícia e divulgado pela TV Globo, Wesley se preparava para tirar a corrente de ouro que estava em seu pescoço, quando um dos criminosos puxou o acessório e começou a realizar disparos.
— A reação foi entregar tudo. Aí quando ele (Wesley) foi tirar a corrente, o cara foi, arrancou, e deu os disparos — relatou o sobrevivente, que foi atingido por disparos no braço esquerdo e nas costas. O depoimento dele foi colhido na unidade hospitalar para a qual foi levado. Para a Polícia Civil, o crime pode estar ligado ao mercado de criptomoedas em Cabo Frio.
Os agentes não descartam que o rapaz executado estivesse envolvido numa disputa entre grupos concorrentes que investem em moedas virtuais ou que possam ter causado prejuízo a uma pessoa. Outra hipótese levantada é a de queima de arquivo. O contratante e um dos executores, além do motorista do carro, foram presos na última semana.
À reportagem da TV Globo, o delegado Pedro Medina, responsável pelas investigações, afirmou que um dos autores do crime recebeu R$ 40 mil para a execução.
Empresa anuncia recesso de 30 dias
Na tarde deste domingo (15), a Ares Consultorias e Investimentos, empresa da qual Wesley Pessano Santarém era sócio majoritário, anunciou “um recesso de 30 dias, a contar desta segunda-feira (16)”. De acordo com o comunicado publicado nas redes sociais, o tempo servirá para que os investidores recebam as quantias iniciais que foram depositadas para a empresa.
Anteriormente, a Ares havia anunciado que estava encerrando as suas atividades e qualquer captação de novos investidores. Apesar de prometer o reembolso aos clientes, o comunicado não informa prazos ou mesmo as condições para esses pagamentos. O texto também agradece as manifestações de apoio pela morte de Wesley. Wesley foi morto em um Porsche, avaliado em R$ 440 mil, que está em nome da Ares Consultoria e Investimentos.
Câmeras de segurança, que já estão em posse da Polícia Civil, e que foram obtidas com exclusividade pelo GLOBO, mostram o momento em que os criminosos chegaram perto da residência da vítima, em Cabo Frio, para fazer uma espécie de vigilância. No entanto, eles não esperavam que o rapaz sairia de casa em seguida. Wesley seria morto minutos depois perto da barbearia onde cortaria o cabelo, a pouco mais de 20 quilômetros do local onde morava. Seu amigo, que estava no carro, também foi alvejado. Ele sobreviveu. No entanto, está internado em Araruama.
As imagens mostram os criminosos, às 15h, chegando na casa de Wesley, em Cabo Frio, para vigiá-lo. O vídeo mostra também que os assassinos encontraram a vítima, esperaram ela passar e foram atrás. Segundo os investigadores, os criminosos seguiram o jovem até o local do homicídio, no bairro São João, em São Pedro da Aldeia, onde ele cortaria o cabelo. Próximo da barbearia, ele foi abordado pelos criminosos, que desceram do carro e efetuaram os disparos. O trader foi atingido várias vezes. Na tentativa de despistar os investigadores, os bandidos levaram um cordão de ouro da vítima.
Quatro delegacias; 125ª DP (São Pedro da Aldeia), 126ª DP (Cabo Frio), 127ª DP (Armação de Búzios) e 129ª DP (Iguaba Grande); vão compor o grupo de trabalho, que vai analisar inquéritos que envolvam transações em criptomoedas.
Nos últimos meses, Cabo Frio registrou três atentados contra empresários e pessoas que atuam no ramo de bitcoins. Investigadores afirmam que”uma ciranda financeira” está acontecendo no município. Segundo a 126ª DP (Cabo Frio), pelo menos dez empresas que supostamente dão consultoria para investidores de bitcoins estão sendo investigadas.
Elas estariam praticando a chamada pirâmide. Atualmente, a cidade está sendo chamada de “o novo Egito”.