O prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho, se manifestou oficialmente nesta quinta-feira (10) sobre as acusações feitas pela Prefeitura de Linhares (ES) a respeito do envio de 12 pessoas em situação de rua ao município capixaba. Segundo a gestão linharense, os indivíduos teriam sido deixados na cidade com promessas de emprego, o que teria configurado uma espécie de “higienização social” por parte da administração cabo-friense.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito classificou as críticas como infundadas e disse que a decisão de viajar para Linhares partiu dos próprios acolhidos. “Qual seria a razão de encaminhar pessoas para uma cidade tão distante como Linhares? Que tipo de contato alguém aqui teria com empresários de lá para oferecer vagas de emprego? Essas pessoas foram por vontade própria. Todas assinaram autorização e pediram ajuda para chegar ao local”, afirmou.
De acordo com o prefeito, os 12 acolhidos estavam sendo assistidos na Casa de Passagem do município e, após conversas entre eles — inclusive com relatos de experiências anteriores na colheita do café no Espírito Santo —, manifestaram o desejo de buscar oportunidades de trabalho em Linhares. “Se houvesse qualquer intenção maliciosa, a prefeitura não fretaria um ônibus abertamente. Isso não tem cabimento. Fica a reflexão”, completou.
Casos específicos e uso da política pública
Dr. Serginho detalhou ainda o caso de Ana Clara, a única das 12 pessoas que seria natural de Cabo Frio. Segundo ele, Ana é usuária antiga da rede de assistência social e optou por ir a Linhares por estar em situação de vulnerabilidade e sofrendo ameaças. “Ela foi acolhida após ser agredida, eu mesmo estive com ela na UPA. E decidiu ir junto com o grupo porque se sentia insegura em permanecer aqui. É uma escolha dela, como cidadã livre para ir e vir”, explicou.
O prefeito reforçou que a ação está prevista dentro do que estabelece o SUAS (Sistema Único de Assistência Social), que permite o uso de recursos públicos para garantir passagens ou transporte a quem deseja retornar ao local de origem ou buscar trabalho em outro município. Ele ainda informou que, nos últimos três meses, 625 atendimentos foram realizados na Casa de Passagem de Cabo Frio, com 39 pessoas encaminhadas para o mercado de trabalho e 189 reconduzidas ao seu local de origem.
“Não vamos permitir o caos novamente”
Ainda durante o pronunciamento, o prefeito destacou que sua gestão não irá recuar quanto ao ordenamento da cidade e ao acolhimento digno da população em situação de rua. “Não vamos permitir que a cidade volte ao que era antes, com pessoas vivendo em praças e sem qualquer abordagem. Vamos continuar acolhendo, oferecendo tratamento e oportunidades. O que não vamos aceitar é distorcerem a verdade para fazer palanque político”, disse.
Dr. Serginho finalizou afirmando compreender o incômodo gerado em Linhares, mas pontuou que todas as ações foram feitas com transparência e dentro da legalidade. “Se eu fosse o prefeito de Linhares, também ficaria chateado. Mas ele acolheu, como nós fizemos aqui. Essas pessoas são livres. Podem ficar, voltar ou seguir caminho. O papel do poder público é garantir dignidade, e foi isso que fizemos”, concluiu.
Caso segue sob apuração
O caso segue sendo acompanhado pelo Ministério Público do Espírito Santo. A Polícia Civil informou que, até o momento, não identificou elementos que configurem crime, mas segue avaliando a situação de acordo com a legislação vigente.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.