O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela um cenário ambíguo no estado do Rio de Janeiro: enquanto os homicídios e as mortes provocadas por policiais apresentaram queda, os índices de roubos aumentaram, contrariando a tendência nacional e gerando apreensão entre os moradores.
Pela primeira vez em anos, nenhuma cidade do Rio aparece entre as 20 mais violentas do país. Em 2023, Itaguaí ocupava a 16ª posição. No panorama geral por estados, o Rio figura agora em 15º lugar no ranking nacional de mortes por 100 mil habitantes, um sinal de melhora nos indicadores mais letais.
A redução nas mortes violentas intencionais foi de quase 11%, e as mortes causadas por policiais recuaram 19,3%, passando de 871 em 2023 para 703 em 2024. Pesquisadores atribuem parte dessa queda à ADPF 635, uma ação do Supremo Tribunal Federal que restringe operações policiais em comunidades.
Por outro lado, a violência patrimonial segue em ascensão. O estado do Rio foi o único do país a registrar aumento no total de roubos, com 106.919 casos em 2024 — alta de 16,9%. Os roubos de veículos subiram 34%, saltando de 22 mil para quase 31 mil ocorrências. Apenas Tocantins e Minas Gerais também registraram crescimento nesse tipo de crime.
O roubo de celulares cresceu ainda mais: 38% em um ano, passando de pouco mais de 15 mil casos para mais de 21 mil. Nesse quesito, o Rio caminha na contramão do país, ao lado de Mato Grosso.
Os dados mais recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP), também divulgados nesta quinta-feira e referentes a junho de 2025, confirmam as tendências apontadas no anuário. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, os roubos de celulares aumentaram 27%, os roubos de rua cresceram 5%, e os de carga subiram 19%.
Já os indicadores de letalidade violenta continuam caindo. Junho registrou o menor número de mortes desde o início da série histórica, em 1991 — uma queda de 14%. As mortes por intervenção de policiais caíram quase 40%, e os roubos de veículos diminuíram 15%.
A violência contra a mulher, no entanto, segue em alta. O Rio teve aumento em 10 dos 12 tipos de crimes monitorados pelo Fórum, incluindo feminicídio, estupro e violência psicológica. O fenômeno acompanha uma tendência nacional.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública atribui as reduções nas mortes a um conjunto de investimentos em tecnologia, reforço no efetivo e ações estratégicas de repressão ao crime organizado. Entre os destaques, estão as operações Torniquete — que prendeu mais de 560 pessoas e recuperou R$ 39 milhões em cargas e veículos — e Rastreio, responsável pela apreensão de mais de 5 mil celulares roubados.
Desde o início da atual gestão, mais de R$ 4,5 bilhões foram investidos na segurança pública. Foram adquiridas 1.714 viaturas, com previsão de mais 758 veículos, 470 motocicletas e um helicóptero blindado até 2025. Houve ainda reformas em unidades da PM, reforço no efetivo com novos concursos e expansão do programa Segurança Presente, que agora conta com 50 unidades em todo o estado.
O sistema de reconhecimento facial também vem sendo utilizado como ferramenta no combate à criminalidade, com 1.132 prisões realizadas, sendo 544 por meio de câmeras fixas em áreas urbanas e 588 por sistema portátil.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.