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segunda-feira, outubro 7, 2024
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Mega Blocos privatizam Praia do Forte, em Cabo Frio

Área do Bolsão da Juju foi cedida gratuitamente pela prefeitura para a ABACCAF para a promoção de blocos com importantes nomes no cenário atual, como MC Poze e Cabelinho, com entrada de até R$ 300

A abertura oficial do Carnaval de Cabo Frio acontece nesta sexta-feira (9), a partir das 18h, na Praia do Forte. E, neste ano, a festividade será diferente. Isso porque a Associação dos Blocos de Cabo Frio (ABACCAF) obteve autorização da prefeitura para cercar com tapumes de 2,5 m de altura a parte mais nobre da orla, conhecida como Bolsão da Juju.

Com artistas em alta no cenário nacional, como Poze do Rodo, Cabelinho e Oruam, e ingressos de até R$ 300, o local, que por 20 anos é utilizado como ponto de concentração de blocos gratuitos, neste ano, terá uma característica diferente. Com o cercamento e produção de mega shows, compreende-se que o Carnaval de Cabo Frio foi privatizado.

Com a estimativa de reunir aproximadamente 5 mil pessoas por noite, a estimativa é que, somando ingressos e barracas de bebidas e alimentação, a estação privada de Carnaval faça girar, diariamente, em uma área pública que foi cercada em detrimento da população a benefício de empresários, R$ 1,75 milhão. Com programação esticada até o dia 18, calcula-se um lucro de quase R$ 20 milhões.

No início do mês, a prefeitura tinha decidido que não iria arcar com os custos da estrutura para o Carnaval exigida pela ABACCAF. O fato provocou uma enorme tensão, principalmente por conta da pressão feita para que houvesse contribuição financeira do município para os gastos em relação à área.

A situação tomou um novo rumo após uma reunião entre o município e a Associação. Neste encontro, a prefeitura e a ABACCAF chegaram a um meio termo, onde o espaço público foi cedido para beneficiar os empresários, sendo o investimento na área totalmente deles. Por parte do município, foram destinados R$ 2 milhões para a estrutura do Carnaval da cidade, cinco trios elétricos e dois caminhões palcos; cinco pórticos de identificação; três palcos com som, iluminação e gerador, que serão montados na Praia do Forte, Peró e Unamar, em Tamoios; 120 tendas; dois postos médicos avançados, sendo um na Praia do Forte e outro em Tamoios; além de cinco torres de observação para a Polícia Militar.

Inclusive, os blocos que discordaram da decisão de cobrar entrada dos foliões, como o Carnagay, que vai se concentrar na Praça dos Quiosques, perderam o direito de utilizar o a área do Bolsão da Juju.

Com isso, a decisão de privatizar um espaço gigante da praia mais importante da Região dos Lagos para que alguns empresários associados a alguns presidentes de agremiações transformassem a folia num negócio muito lucrativo gerou descontentamento por parte da população. Além disso, informações apontam que a Polícia Militar destacou um efetivo apenas para cuidar do local, o que privilegia a área em detrimento do restante.

“Estou vendo gente aplaudir a privatização do espaço público e isso é tão absurdo quanto a própria situação. Por que esses empresários não alugam espaços como os clubes da cidade e o estádio? Mas é muito mais fácil diminuir o espaço do povo. Tem gente que espera o ano inteiro para curtir os blocos e vêm esses empresários e, provavelmente, ‘cidadãos de bem’, para privatizar tudo isso. Tomara que essa palhaçada seja embargada!”, disse uma moradora.

E os comentários não param por aí. Tem muita gente criticando a decisão do governo municipal em liberar a área, afirmando que “o Carnaval em Cabo Frio era muito melhor quando só tinha trio elétrico”.

“Mercenários do Carnaval! Exclusão total! Utilizam verba pública para fazer evento privado, apropriando-se da cultura popular do Carnaval. Estou em Salvador, o maior Carnaval do mundo. Aqui, todos os artistas, famosos ou não, saem de graça para o povão, e todo mundo fatura”, observou outro internauta.

“Um pouco do senso que ainda restava acabou de cair por terra. Não tem como defender uma administração dessas. Vai promover o pior Carnaval de Cabo Frio, assim como no Réveillon”, finalizou um morador.

Diante dos fatos, o RC24h entrou em contato com a prefeitura, questionando se parte dos lucros do evento será revertido para a população, tendo em vista que trata-se de uma área pública, e aguarda retorno.

Ludmila Lopes

Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.

É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.

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