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‘FARAÓ DOS BITCOINS’/ Associação cobra na justiça depósito de R$ 17 bilhões para ressarcir ex-clientes

Organização também quer que a advogada de Mirelis Zerpa - mulher de Glaidson dos Santos - Mônica Lemos, seja responsabilizada por supostos crimes de favorecimento e contra as relações de consumo

Uma associação nacional ligada à defesa do consumidor está processando a G.A.S – a empresa de Glaidson dos Santos – e pede à Justiça que a companhia deposite R$ 17 bilhões para ressarcir ex-clientes do “faraó dos bitcoins”.

Protocolada na terça-feira (1º) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a petição da Associação Nacional Centro da Cidadania em Defesa do Consumidor e Trabalhador (Acecont) foi distribuída à 2ª Vara Empresarial da Capital, que ainda não analisou o pedido.

No documento, além do depósito bilionário, os autores da ação também pedem que seja responsabilizada no processo a advogada Mônica Lemos.

Segundo o texto, a advogada que atua na defesa de Mirelis Zerpa (mulher de Glaidson), que está foragida, afirmou a ex-clientes do casal que a G.A.S tem dinheiro para quitar as dívidas com eles.

Entretanto, segundo a também advogada Renata Mansur, uma das autoras da ação contra a G.A.S, os valores que a Justiça conseguiu bloquear até hoje não cobrem os prejuízos dos clientes.

“O movimento agora é para que a empresa tenha um meio de pagar os clientes, depositando os valores na 2ª Vara Empresarial”, explicou a advogada.

O documento atribui a Mônica Lemos “crime contra as relações de consumo”, previsto no Código de Defesa do Consumidor, e também aponta para um suposto crime de favorecimento da advogada.

Os autores da ação dizem que Mônica e o marido dela, Samuel Lemos, eram sócios de Vicente Gadelha (um dos alvos da Operação Kryptos) numa empresa que movimentava o dinheiro da G.A.S.

Renata Mansur disse que o resultado da ação na vara empresarial pode “encurtar” o caminho para que os ex-clientes da G.A.S recebam o dinheiro investido. Até agora, segundo a advogada, a empresa alega que não está fazendo os depósitos porque a Justiça bloqueou as contas da G.A.S.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com a advogada Mônica Lemos.

Lives para clientes

Na ação que agora corre na 2ª Vara Empresarial, os autores disponibilizaram links de transmissões ao vivo de Mônica Lemos numa rede social nas quais ela se dirige a clientes da G.A.S.

Num dos vídeos, de 25 de outubro de 2021, a advogada diz a moradores de São Domingos de Pombal, na Paraíba, que conversou com Glaidson dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio.

“Sexta-feira eu estive no Rio de Janeiro e estive no Complexo de Gericinó. E na ocasião, em visita a outro cliente, eu pude conversar com o senhor Glaidson, separada por um vidro. Conversei com ele ali algumas horas, mais precisamente duas horas. E ele mandou um recado pros clientes dele”, afirmou.

Mesmo dizendo que não estava representando a G.A.S, Mônica contou ter ouvido de Glaidson que o maior patrimônio dele era a confiança dos clientes, e que o homem queria deixar a cadeia para “resolver a situação”. A advogada acrescentou que viu “verdade” nos olhos de Glaidson.

Advogada Mônica Lemos — Foto: Reprodução

Em outro trecho, Mônica também menciona Vicente Gadelha, sócio da G.A.S.

“Eu conheci Vicente e conheci Glaidson. E conheci Vicente quando tudo começou na vida da gente com a G.A.S. Vi ali um homem simples, com português falho, mas um homem de caráter, um homem honesto”, disse.

Discurso contra ações individuais

No discurso, Mônica também pediu “paciência” aos clientes da G.A.S, afirmando que as pessoas que entraram com “ações autônomas” contra a empresa não conseguiriam nada.

“Nós estamos vivendo um momento revolucionário. E nós vamos sair dessa muito, mas muito mais fortes. E todas essas pessoas que entraram com essas ações autônomas, todas elas, ações individuais, ações autônomas, e que conseguiram os bloqueios, e que estão cantando vitória porque conseguiu (sic) o bloqueio, não conseguirão nada mais do que o bloqueio. Porque até reunir todas essas ações em uma decisão uniformizada, isso vai levar décadas. É aquela história: ganha, mas não leva. As pessoas estão ganhando, achando que estão ganhando, tendo um falso conforto de que estão ganhando, mas não vai sair do bloqueio.”

A advogada acrescentou que as ações individuais prejudicariam a imagem da G.A.S.

“É preciso só suportar um pouquinho esse processo. Peço a vocês um pouco de paciência, não em nome da GAS, mas como cliente. Porque essas ações autônomas, elas atrapalham, refletem de uma forma muito negativa no processo criminal. Toda ação autônoma que abre na esfera cível, ela tem uma certa ligação com o processo criminal. E isso é ruim pra empresa. Isso vai dificultar mais à frente um acordo, vai dificultar a imagem da empresa perante à Justiça.”

Também no vídeo, Mônica diz aos moradores do sertão paraibano que eles precisavam se “fortalecer emocionalmente”, e orientou as pessoas a pararem de “ouvir fakenews”.

“Enquanto a empresa não tá voltando, vamos canalizar a energia pra outras ideias, outros projetos, outras coisas. Vamos pensar que vai dar certo. Vamos nos fortalecer emocionalmente. E sobretudo, vamos deixar de ouvir fakenews. (…) Eu prefiro confiar em Deus e na minha intuição de que tudo vai dar certo.”

Ao relatar a visita a Glaidson na prisão, a advogada afirmou ter encontrado um “homem íntegro” e “forte”, e que estava “buscando Deus”. “Ele está muito convicto de que vai sair disso e vai poder provar a sua inocência, até porque nós não sabemos que houve lesão.”

*Com G1 Rio de Janeiro

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