13/01/2025 — 12:48
  (Horário de Brasília)

Escola de Cabo Frio é acusada de ignorar matrícula de criança autista

Unidade nega denúncia e alega "mal entendido". Confira

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O período de matrículas, que costuma ser agitado para pais e responsáveis, se tornou motivo de indignação para Andressa Maia, mãe de um menino de 5 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a mãe, a Escola Maria Flor, localizada no bairro Palmeiras, em Cabo Frio, teria ignorado seus contatos após ela informar sobre a condição do filho.

Andressa relatou, em um vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira (3), que, inicialmente, foi bem recebida pela instituição e realizou uma visita ao local, acompanhada do filho. “Fui super bem atendida, gostei da escola, gostei da forma como eles trabalham e demonstrei interesse em fazer a matrícula”, afirmou. Ela explicou que foi informada de que as matrículas seriam abertas no final de novembro, após o período de renovação de alunos já matriculados.

No entanto, ao tentar contato novamente dentro do prazo indicado, Andressa relatou que suas mensagens não foram respondidas. “Entrei em contato várias vezes e falei: vocês não vão me responder? Já entendi que não era interessante para a escola matricular o meu filho”, desabafou.

Para testar a situação, Andressa pediu que sua irmã entrasse em contato com a escola. “Ela mandou mensagem e foi respondida em poucos minutos. Responderam dizendo: ‘Sim, estamos fazendo matrículas, vamos agendar uma visita’. Na verdade, a matrícula só não estava aberta pra mim”, declarou.

No desabafo, Andressa criticou o que chamou de hipocrisia da escola. “Na teoria, tudo é muito bonito, mas na prática não é bem assim que funciona. Falam de inclusão, mas desde que seu filho não tenha nenhum problema que possa ‘atrapalhar’ o andamento da escola”, afirmou. Vale pontuar que a escola Montessori segue um método educacional focado na autonomia e no desenvolvimento integral da criança. Nesse modelo, o aprendizado ocorre em um ambiente preparado, com materiais específicos que estimulam a curiosidade e a autoconfiança. As crianças têm liberdade para escolher atividades que despertem seu interesse, respeitando seu próprio ritmo de desenvolvimento, enquanto os professores atuam como guias, oferecendo suporte e observando as necessidades individuais.

Após a repercussão, a escola entrou em contato com Andressa convidando-a para uma reunião. No entanto, a mãe recusou o convite, afirmando: “Agora, pra limpar a barra deles, vão falar que foi um mal-entendido. Não vou colocar meu filho lá, mesmo que disponibilizem a vaga.”

Andressa também disse que encontrou outros relatos semelhantes sobre a escola ao pesquisar na internet. “Vi que outras mães reclamaram, dizendo que os filhos sofreram bullying por serem autistas e a escola não fez nada.”

Em nota, a escola negou as acusações e afirmou que “a Maria Flor Escola Montessoriana sempre prezou pelo atendimento a todas as famílias, respeitando a diversidade. Temos uma política clara de renovação e matrícula, que prioriza alunos já matriculados. Nenhuma nova vaga foi disponibilizada antes da conclusão do período de renovação.”

Já a mãe encerrou o desabafo afirmando que situações como essa mostram como “a inclusão, muitas vezes, só acontece na teoria”.

Veja a nota na íntegra:

“Temos absoluta garantia de que as acusações são infundadas. Embora compreendamos que as famílias de crianças neuroatípicas passam por situações que justificam a indignação dessa mãe. Por essa razão, nos colocamos inteiramente à disposição tanto para família quanto para os propósitos de uma reportagem séria e respeitosa.

Seguem nossos esclarecimentos:

Tendo em vista as recentes postagens em redes sociais sobre a postura da escola em relação a matrículas novas de alunos, esclarecemos que:

  • 1 – A Maria Flor Escola Montessoriana sempre presou pelo atendimento a todas as famílias e suas diversidades sem nenhuma forma de discriminação e sempre mantivemos nossa política de educação inclusiva, de acordo com o que apresenta a pedagogia montessoriana;
  • 2 – Por nos mantermos fieis aos pressupostos da educação montessoriana, a Maria Flor atende a um limitado número de alunos por agrupada a fim de garantir o desenvolvimento do método e respeitar o trabalho dos professores;
  • 3 – A política de matrícula da unidade escolar, registrada em nosso regimento escolar, atende com prioridade os alunos já matriculados na escola, preservando o tempo de renovação dos mesmos, conforme informado a toda comunidade escolar;
  • 4 – Ao longo de todo o ano letivo, todos que solicitam, são atendidos em visita escolar, sendo recebidos pela equipe e apresentados ao espaço físico e à filosofia da escola, sem distinção de qualquer forma e mesmo que, a princípio, não haja vagas disponíveis para matrículas novas, fato informado aos visitantes;
  • 5 – Cada solicitação de nova matrícula é colocada numa lista de espera que será acionada tão logo sejam encerradas as renovações de matrícula e haja vagas disponíveis para serem preenchidas;
  • 6 – Após as renovações durante o mês de novembro, iniciamos as matrículas novas e NENHUMA matrícula nova foi efetuada antes na agrupada III, pois aguardávamos o posicionamento dos responsáveis pelos atuais alunos que, caso se consolidassem, não deixariam espaço para novas vagas.

Assim, esclarecemos que, ao contrário do que foi divulgado, a Maria Flor Escola Montessoriana não negou nenhuma vaga a aluno novo para esta agrupada e sob qualquer circunstância o faríamos, como pode ser comprovado em nossos documentos de matrícula. Estamos cientes das dificuldades das famílias em serem atendidas, principalmente quando as crianças possuem laudos e nos solidarizamos com todas, buscando atendê-las com o respeito, a seriedade e a dedicação que cada uma merece. Nossa escola coloca-se à disposição para quaisquer esclarecimentos às famílias”.

Ludmila Lopes

Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.

Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).

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