Com a chegada da Semana Santa, aumentam os preparativos para a ceia da Sexta-Feira Santa, neste ano celebrada no dia 18 de abril. A data, que marca o início do Tríduo Pascal no calendário católico, relembra a Última Ceia de Jesus Cristo com os apóstolos. Entre os fiéis, é tradicional preparar uma refeição sem carne vermelha, dando preferência a peixes e frutos do mar. Em Cabo Frio, essa tradição também mobiliza os moradores, que já começaram a ir aos mercados em busca dos ingredientes para o almoço em família. No entanto, muitos consumidores relatam dificuldades com os preços altos e afirmam que, neste ano, será necessário “segurar a mão” nas compras.
A data costuma intensificar a procura por pescados, o que contribui para o aumento nos preços. Em 2025, itens como bacalhau, azeite e canjica registraram alta em todo o país, pressionados pela inflação de 5,48% acumulada até março. Para manter a tradição da ceia sem estourar o orçamento, muitos consumidores têm optado por alternativas mais econômicas, como sardinha, cavalinha e até ovos.
Na cidade cabo-friense, supermercados como Extra, Green Fruit e SuperMarket apostaram em promoções de produtos típicos da época. Apesar dos descontos, levantamento exclusivo realizado pelo RC24h apontou que os preços seguem elevados em diversos itens tradicionalmente consumidos no período.
O bacalhau, por exemplo, apresentou variação expressiva entre os mercados – e até mesmo dentro das próprias unidades. No SuperMarket, o produto pode ser encontrado entre R$ 46,98 e R$ 99,80, com promoções que chegam a reduzir os preços em até 23,11%. O estabelecimento também oferece alternativas como filé de tilápia (R$ 29,90 a R$ 39,80), filé de polaca (R$ 24,90) e merluza (R$ 24,50), em embalagens de 400 a 500 gramas.
Além das carnes brancas, os consumidores encontram canjica com valores que variam entre R$ 3,50 e R$ 17,98, azeites entre R$ 25,99 e R$ 115,98, e vinhos a partir de R$ 27.

Já o Supermercado Extra se destaca pela variedade de vinhos, com preços entre R$ 15,99 e R$ 199,90. Em relação ao bacalhau, as peças custam entre R$ 62,04 (lombo por quilo) e R$ 148,10 (lombo dessalgado). A unidade também oferece outras espécies, como filé de salmão (R$ 81,60), tilápia (R$ 42,99) e merluza (R$ 39,90), com embalagens de 500 a 800 gramas.
Os preços da canjica e do azeite seguem a média dos demais estabelecimentos, com exceção dos produtos em promoção. O azeite é vendido entre R$ 27,06 e R$ 43,64, enquanto a canjica varia de R$ 9,29 a R$ 17,01.
O Green Fruit apresentou os valores mais altos no levantamento. Um exemplo é o salmão, com embalagem de 250 g, vendido a R$ 24,99. A canjica custa de R$ 5,99 a R$ 20,99. Já os vinhos variam de R$ 29,99 até R$ 319. As peças de bacalhau vão de R$ 56,99 (400 g) a R$ 161,41 (por peso). O mercado também oferece filé de merluza (R$ 39,99), lombo de atum (R$ 69,99), linguado (R$ 50,34) e tilápia (entre R$ 38,99 e R$ 43,99).
Moradores sentem no bolso – e não é pouco
Moradores relatam que os preços deste ano dificultam a manutenção da tradição. Izabella Priscilla, que trabalha como faturista hospitalar, contou que ainda não começou as compras, mas já sabe que vai manter a tradição, apesar de considerar os praços mais elevados do que no ano passado.
“Canjica não pode faltar, um peixe ensopado, um vinho bacana. Só que não comprarei bacalhau, porque já comemos essa semana”, disse, complementando: “O vinho, a canjica está com o preço mais alto, e o azeite nem se fala. Fica mais difícil, inclusive o vinho tem que ser mais em conta”.
Danielle Peres, que atua como faturista hospitalar, assim como Izabella, contou que ainda está concluindo as compras e tem buscado economizar. “Compro um pouco aqui, um pouco ali, está tudo muito caro. A ideia era comprar canjica, bacalhau, um frango para assar e um vinho, mas talvez opte por um peixe mais barato, como o xerelete”, relatou.
Para ela, os valores deste ano dificultam o planejamento: “Por isso a busca entre mercados. Talvez, em vez do bacalhau, faça um frango assado. Está cada vez mais difícil”
Vale pontuar que a reclamação de alta nos preços dos produtos típicos da Semana Santa não se restringe a Cabo Frio. Em todo o estado do Rio de Janeiro, consumidores relatam dificuldades para manter a tradição devido ao encarecimento dos itens.
Maioria pretende comprar pescado
De acordo com levantamento da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), 58% dos moradores pretendem comprar pescados para a data e destes 40,3% já sinalizam a preferência por peixes mais baratos, como tilápia, sardinha e merluza, em substituição ao tradicional bacalhau — cuja demanda permanece entre apenas 31,1% dos entrevistados.
A inflação acumulada em 12 meses também pressiona o setor de alimentos. Produtos importados, como o salmão, tiveram aumento médio de 12% devido à valorização do dólar, enquanto peixes de cultivo nacional, como a tilápia, conseguiram manter estabilidade nos valores graças à alta oferta no mercado interno.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).