22/07/2025 — 01:22
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Em busca de comida e águas calmas, pinguim é encontrado na Lagoa de Araruama

Instituto BW acompanha a reabilitação do pinguim, encontrado por pescador na última quarta-feira (16)

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Calmaria, muita comida e descanso. Essa poderia ser a lista de desejos de qualquer pessoa, mas, neste caso, pertence aos pinguins-de-Magalhães, que migram todos os anos entre junho e setembro em direção a águas mais quentes, em busca de alimento. O Brasil está na rota dessa travessia e, por isso, não é raro vê-los nas praias da Região dos Lagos durante o inverno. Na última quarta-feira (16), porém, um registro incomum chamou a atenção: exausto, um dos pinguins precisou ser resgatado na Lagoa de Araruama, na altura da Praia do Boqueirão.

Esses animais se reproduzem entre novembro e janeiro, nas águas da Argentina e do Chile, e migram sazonalmente para o norte durante o inverno, usando a plataforma continental próxima à costa do Brasil como rota. Por isso, neste período, é comum que pinguins-de-Magalhães apareçam debilitados na Região dos Lagos. Este, em específico, trilhou uma rota incomum, atravessando o Canal do Itajuru e indo parar na Praia do Siqueira. Posteriormente, ele seguiu até São Pedro da Aldeia, parando apenas na Praia do Boqueirão. É provável que ele tenha nadado por outras partes da laguna, explorando o local e buscando por alimentos.

De acordo com o Instituto Albatroz, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, “é comum os pinguins entrarem em estuários – ambiente aquático de transição entre lagunas e o mar – em busca de alimentos e águas tranquilas”. Logo, como estão fracos, é normal procurarem áreas mais calmas, onde tenham que fazer menos esforço para se locomover.

Vídeo: reprodução/ redes sociais

E não é pra menos. Segundo o Programa da Estatística Pesqueira da Lagoa de Araruama, iniciativa da Universidade Veiga de Almeida (UVA) que monitora a produção e a economia da pesca na região desde 2022, nos quatro primeiros meses de 2025, o volume de massa pescada na Lagoa de Araruama foi de 193,295 kg, sendo São Pedro da Aldeia (107,107 kg) e Cabo Frio (56,150 kg) as cidades com o maior volume registrado durante o período. A expectativa é que esses números sejam ainda maiores, já que o defeso terminou dia 30 de junho. Novos dados serão divulgados em breve.

Vídeo: reprodução/ redes sociais

Apesar da busca por cardumes, o pinguim foi resgatado com sinais de cansaço e debilitado por um pescador que acompanhou seu trajeto pelas águas da laguna, que, durante este período, ficam mais claras. A mudança na coloração está relacionada tanto à sazonalidade quanto ao tratamento dos efluentes e às ações de manejo que vêm sendo realizadas para preservar o equilíbrio ambiental da Lagoa de Araruama.

Imagem: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca de São Pedro da Aldeia

Uma das ações inclui a retirada de algas vivas da Lagoa de Araruama, medida prevista na segunda fase da Mobilização Ambiental e Social do Pescador (MASP), iniciada no dia 15 de julho. A operação envolve pescadores de cinco comunidades e tem como foco remover as algas ainda vivas do centro da laguna, evitando que se desloquem e se decomponham nas margens.

Entre os locais atendidos estão a Praia do Siqueira, em Cabo Frio, e a Praia do Boqueirão, em São Pedro da Aldeia — justamente por onde o pinguim passou antes de ser resgatado. Esses pontos são considerados críticos por conta da baixa renovação hídrica, o que favorece o acúmulo de matéria orgânica.

A iniciativa segue um cronograma técnico e ambiental, com licenças específicas e planos de trabalho definidos. Na primeira semana desta etapa, foram recolhidas cerca de 36 toneladas de algas, que se somam às 108 toneladas removidas na fase anterior, entre março e abril.

Além disso, a Praia do Siqueira também está recebendo a implantação da rede separativa de esgoto, que está em operação há quase dois anos, e a obra de ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Posteriormente, o animal foi entregue à Guarda Ambiental de São Pedro da Aldeia, que o encaminhou para o Instituto BW, onde está passando por reabilitação, mas sem previsão de soltura.

Inclusive, segundo o Instituto, ao encontrar um pinguim-de-Magalhães na faixa de areia, seja ele vivo ou morto, é fundamental seguir algumas orientações para garantir a segurança do animal e o trabalho adequado das equipes responsáveis. A primeira medida é acionar imediatamente a equipe do Instituto BW, pelo telefone 0800 991 4800. Enquanto isso, é importante manter distância do animal e aguardar a chegada dos profissionais especializados.

Recomenda-se também isolar a área para evitar a aproximação de curiosos, cães ou outros predadores. O animal não deve, em hipótese alguma, ser devolvido ao mar por conta própria. Também não se deve colocá-lo em contato com gelo ou dentro de caixas térmicas ou freezers, o que pode agravar seu estado. Caso possível, o ideal é apenas mantê-lo à sombra até o resgate ser efetuado.

Ludmila Lopes

Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.

Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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