16/09/2025 — 15:16
  (Horário de Brasília)

Em busca de comida e águas calmas, pinguim é encontrado na Lagoa de Araruama

Instituto BW acompanha a reabilitação do pinguim, encontrado por pescador na última quarta-feira (16)

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Calmaria, muita comida e descanso. Essa poderia ser a lista de desejos de qualquer pessoa, mas, neste caso, pertence aos pinguins-de-Magalhães, que migram todos os anos entre junho e setembro em direção a águas mais quentes, em busca de alimento. O Brasil está na rota dessa travessia e, por isso, não é raro vê-los nas praias da Região dos Lagos durante o inverno. Na última quarta-feira (16), porém, um registro incomum chamou a atenção: exausto, um dos pinguins precisou ser resgatado na Lagoa de Araruama, na altura da Praia do Boqueirão.

Esses animais se reproduzem entre novembro e janeiro, nas águas da Argentina e do Chile, e migram sazonalmente para o norte durante o inverno, usando a plataforma continental próxima à costa do Brasil como rota. Por isso, neste período, é comum que pinguins-de-Magalhães apareçam debilitados na Região dos Lagos. Este, em específico, trilhou uma rota incomum, atravessando o Canal do Itajuru e indo parar na Praia do Siqueira. Posteriormente, ele seguiu até São Pedro da Aldeia, parando apenas na Praia do Boqueirão. É provável que ele tenha nadado por outras partes da laguna, explorando o local e buscando por alimentos.

De acordo com o Instituto Albatroz, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, “é comum os pinguins entrarem em estuários – ambiente aquático de transição entre lagunas e o mar – em busca de alimentos e águas tranquilas”. Logo, como estão fracos, é normal procurarem áreas mais calmas, onde tenham que fazer menos esforço para se locomover.

Vídeo: reprodução/ redes sociais

E não é pra menos. Segundo o Programa da Estatística Pesqueira da Lagoa de Araruama, iniciativa da Universidade Veiga de Almeida (UVA) em parceria com a concessionária Prolagos, que monitora a produção e a economia da pesca na região desde 2022, a lagoa registrou 258.559 kg de peixes e camarões pescados entre janeiro e junho de 2025. São Pedro da Aldeia liderou com 145.963 kg, seguido por Cabo Frio (56.150 kg), Arraial do Cabo (32.660 kg) e Iguaba Grande (23.786 kg). Considerando o preço médio de R$ 15 por quilo na primeira venda, realizada diretamente pelos pescadores, a atividade movimentou cerca de R$ 3,9 milhões no período.

Vídeo: reprodução/ redes sociais

Apesar da busca por cardumes, o pinguim foi resgatado com sinais de cansaço e debilitado por um pescador que acompanhou seu trajeto pelas águas da laguna, que, durante este período, ficam mais claras. A mudança na coloração está relacionada tanto à sazonalidade quanto ao tratamento dos efluentes e às ações de manejo que vêm sendo realizadas para preservar o equilíbrio ambiental da Lagoa de Araruama.

Uma das ações inclui a retirada de algas vivas da Lagoa de Araruama, medida prevista na segunda fase da Mobilização Ambiental e Social do Pescador (MASP), iniciada no dia 15 de julho. A operação envolve pescadores de cinco comunidades e tem como foco remover as algas ainda vivas do centro da laguna, evitando que se desloquem e se decomponham nas margens.

Entre os locais atendidos estão a Praia do Siqueira, em Cabo Frio, e a Praia do Boqueirão, em São Pedro da Aldeia — justamente por onde o pinguim passou antes de ser resgatado. Esses pontos são considerados críticos por conta da baixa renovação hídrica, o que favorece o acúmulo de matéria orgânica.

A iniciativa segue um cronograma técnico e ambiental, com licenças específicas e planos de trabalho definidos. Na primeira semana desta etapa, foram recolhidas cerca de 36 toneladas de algas, que se somam às 108 toneladas removidas na fase anterior, entre março e abril.

Além disso, a Praia do Siqueira também está recebendo a implantação da rede separativa de esgoto, que está em operação há quase dois anos, e a obra de ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Posteriormente, o animal foi entregue à Guarda Ambiental de São Pedro da Aldeia, que o encaminhou para o Instituto BW, onde está passando por reabilitação, mas sem previsão de soltura.

A primeira medida é acionar imediatamente a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES), pelo telefone 0800 991 4800. Enquanto isso, é importante manter distância do animal e aguardar a chegada dos profissionais especializados. Através do 0800, são acionadas as equipes do Projeto Albatroz e do Instituto BW, que atuam nas praias da Região dos Lagos. O acionamento imediato é fundamental para garantir uma resposta rápida e eficaz das equipes de resgate, permitindo uma localização precisa e o estabelecimento de um contato direto e imediato entre os acionantes e técnicos do PMP.

Recomenda-se também isolar a área para evitar a aproximação de curiosos, cães ou outros predadores. O animal não deve, em hipótese alguma, ser devolvido ao mar por conta própria. Também não se deve colocá-lo em contato com gelo ou dentro de caixas térmicas ou freezers, o que pode agravar seu estado. Caso possível, o ideal é apenas mantê-lo à sombra até o resgate ser efetuado.

Ludmila Lopes

Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.

Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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