O Carnaval é um período sempre muito aguardado por empresários, especialmente pela classe comercial e hoteleira, por conta do fluxo de turistas que costuma aproveitar a época. Em Cabo Frio não é diferente. Com expectativa de quase 571 mil visitantes durante os dias de festa, dados revelados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) mostraram que a cidade ficou em terceiro lugar no ranking de ocupação do interior, chegando a 89,60%. Apesar disso, o setor hoteleiro declara que “o Carnaval de Cabo Frio deste ano deixou a desejar. A festa popular brasileira que mais gera turistas após o Réveillon na cidade não bateu a expectativa dos hotéis e pousadas da cidade”.
Ao todo, de acordo com a prefeitura, 570.781 turistas passaram pela cidade durante o Carnaval, com impacto econômico de R$445,8 milhões. Mesmo recebendo aproximadamente 21% de visitantes a menos do que no ano anterior, foi o suficiente para ocupar a terceira posição do ranking, ficando atrás de Miguel Pereira e Teresópolis. Contudo, diferente do número divulgado pela ABIH-RJ, o município afirma que, durante o período de festividade, foi registrado 90,3% de ocupação hoteleira.
Diferente do levantamento da ABIH-RJ e da prefeitura, um balanço feito pela Associação de Hotéis e Turismo de Cabo Frio revela que a ocupação final foi de 85%, que especificou que o período “deixou muito a desejar” para a classe.
Segundo a Associação, houve uma redução no número de diárias, que tradicionalmente eram de cinco dias, mas neste ano se limitaram a apenas três, de sábado (10) a terça-feira (13). Além disso, os valores cobrados ficaram abaixo do esperado, refletindo o poder aquisitivo limitado dos turistas.
Carlos Cunha, presidente da entidade, apontou uma série de fatores para o resultado negativo. “Mais uma vez precisamos repetir o óbvio: o Carnaval é um evento que impulsiona diversos setores e tem um potencial econômico e turístico gigantesco. Mas é preciso ordenamento, infraestrutura e divulgação antecipada”, afirmou.
Associados, que preferem não se identificar, afirmam que a divulgação tardia da programação do Carnaval e a “falta de artistas de grande relevância na cena musical atual” também atrapalharam no número de turistas, que necessitam de um tempo plausível para organizarem a viagem. A agenda, organizada pela prefeitura em parceria com a Associação da Liga dos Blocos de Carnaval de Cabo Frio, contemplou blocos de rua e shows em três palcos distintos: Praia do Forte, Tamoios e Peró, mas foi divulgada na semana do evento.
As críticas ao Carnaval de Cabo Frio não se limitaram aos empresários. Ana Guimarães, moradora de Vitória, Espírito Santo, que se hospedou na cidade por três dias, relatou uma péssima experiência. “É difícil andar pela cidade a pé ou de carro. De carro, sofremos com os buracos, falta de sinalização e com os flanelinhas. A pé, a dificuldade de locomoção permanece com a falta de segurança e ordenamento. Tem pedintes e ambulantes por todos os cantos. A cidade é muito suja e sem nenhum atrativo além das praias lotadas de cadeiras e barracas, que cobram preços absurdos de consumação mínima. Como pode uma porção de batata frita custar mais de duzentos reais?”, questionou.
Carlos Cunha reforçou a importância do planejamento para o sucesso do Carnaval. “Este Carnaval reflete que o segredo das cidades que ‘lucram’ com os seus carnavais é o resultado direto de um planejamento na segurança e bem-estar de seus moradores, foliões e trabalhadores através de investimentos e ações em áreas como saúde, segurança pública, direitos humanos, inclusão social e preservação ambiental”, concluiu.
Ludmila Lopes
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.