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Suspeito de ter desaparecido com ex-mulher e filho há 15 anos em Cabo Frio é preso em Macacu

Marcos Paulo é investigado pelo desaparecimento de uma outra ex-companheira, em 2011, além da morte suspeita da irmã da vítima, em Cabo Frio, em 2012 e pelo desaparecimento de uma outra mulher em Búzios entre 2008 e 2009

Nesta quinta-feira (21), agentes da 159ª Delegacia de Polícia de Cachoeiras de Macacu (159ª DP) efetuaram a prisão de Marcos Paulo da Silva Pinto, sob suspeita de envolvimento na morte e ocultação de cadáver de Viviane Machado Modesto da Silva, ocorrida em outubro de 2008, na cidade de Cabo Frio. O juiz Nando Machado Monteiro dos Santos, da 1ª Vara Criminal de Angra dos Reis, acatou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra Marcos Paulo pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver, com a ressalva de que a acusação de cárcere privado não seria aplicável devido à prescrição.

A prisão preventiva de Marcos Paulo, solicitada pelo Ministério Público, foi cumprida na mesma data. A mãe de Viviane, Maria Salvadora, recebeu a notícia com emoção e manifestou a esperança em finalmente encontrar os restos mortais da filha para proporcionar-lhe um enterro digno. O advogado da família, Marcos Moraes, afirmou a intenção de assegurar que Marcos Paulo não seja libertado, considerando a existência de problemas de saúde.

Viviane Machado Modesto da Silva estava desaparecida há 15 anos.

Segundo o MPRJ, a denúncia, ajuizada no último dia 19, relata que, no período compreendido entre os dias 26 de outubro de 2008 e 15 de novembro de 2008, numa habitação próxima à beira da praia, em Angra dos Reis, o denunciado praticou atos agressivos contra sua ex-companheira, matando-a em seguida.

O crime de homicídio consumado, com agravante de feminicídio, foi praticado por motivo torpe, considerando que Marcos Paulo não concordava e não aceitava o fim do relacionamento com a vítima, tendo se mostrado extremamente ciumento e possessivo, mesmo após a separação. O assassinato também foi praticado mediante dissimulação, considerando que ele, após desaparecer por vários dias com o filho menor do casal, reapareceu com o bebê na porta da casa da vítima, em São Gonçalo, atraindo Viviane para uma emboscada, com a alegação de que queria levá-la para comemorar o aniversário de dois anos do filho.

Chegando ao destino final em Angra dos Reis, porém, o qual, num primeiro momento, a vítima acreditou que se tratava da cidade de Cabo Frio, Marcos Paulo matou a ex-companheira, ocultando o cadáver dela até os dias atuais e dificultando a localização por parte dos familiares.

Ainda de acordo com a denúncia, existem fortes evidências de que o Marcos Paulos agiu da mesma forma com outras vítimas, causando os óbitos e ocultando os cadáveres na sequência, agindo sempre com um mesmo padrão: namorava e passava a se relacionar de forma mais duradoura, porém por poucos anos, com mulheres mais novas, de pele negra, afastando as mesmas da família de origem, não as deixando ter contato com o mundo exterior, trabalhar ou estudar. Após algum tempo, não aparecia mais com as namoradas/companheiras e, quando alguém perguntava a respeito, dizia que o haviam abandonado.

A prisão de Marcos Paulo foi resultado de um mandado de prisão emitido devido à suspeita do envolvimento no caso de Viviane. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSG) chegou a planejar uma operação para capturar o suspeito, mas ele foi detido anteriormente por policiais da 159ª DP em Macacu.

O inquérito incluiu depoimentos de testemunhas que descreveram Marcos como uma pessoa agressiva e cruel, que teria proferido ameaças de morte a mulheres que tentavam se separar dele. Além do caso de Viviane, Marcos Paulo está sob investigação em relação ao desaparecimento de outra ex-companheira, conhecida apenas como Rosiene, em 2011, bem como pela morte suspeita da irmã da vítima, Amanda, em Cabo Frio, em 2012, e pelo desaparecimento de uma terceira mulher em Búzios, entre 2008 e 2009. O suspeito também é investigado na 159ª DP por agressão à atual esposa, ocorrida entre julho e agosto deste ano.

Marcos Paulo será transferido nesta sexta-feira (22) para a DHNSG, localizada no Centro de Niterói, onde prestará depoimento no âmbito do inquérito que investiga a morte de Viviane. Em seguida, ele será encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, situada em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Desaparecimento de Viviane

Viviane desapareceu em 2008 após viajar para Cabo Frio, na Região dos Lagos, com objetivo de ver o filho e participar de uma festa de aniversário organizada por Marcos. Desde então, Maria procurou a Polícia Civil para investigar o caso, mas não foi atendida da maneira que gostaria.

Maria decidiu investigar o desaparecimento por conta própria. Em 2018, ela descobriu um endereço onde Marcos estaria morando, em Búzios. Ao chegar ao local, foi atendida pela filha do ex-marido de Viviane, que disse ter muito medo do pai e passou o endereço do local de trabalho dele, uma pousada. No estabelecimento, explicou o caso e o dono da pousada a levou para a 127ª DP de Búzios.

Inicialmente, a ocorrência foi registrada na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo como sequestro e cárcere privado. Na especializada, o inquérito correu e foi encaminhado para o Ministério Público do Rio que, em 2015, recomendou o arquivamento à Justiça do Rio.

Dez anos depois do desaparecimento, novas pistas fizeram com que Maria voltasse a procurar a polícia para saber sobre o paradeiro da filha e neto. Na época, o boletim de ocorrência foi feito na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.

Em depoimento, Maria contou aos policiais que um parente do ex-genro teria dito a ela que procurasse Viviane nos necrotérios e hospitais. Além disso, ela teria sido procurada por outra pessoa, que informou que Marcos havia matado a filha dela.

Mesmo com as novas denúncias e pistas do caso, as investigações não andaram.

Avó encontra o neto

Em maio deste ano, Maria encontrou o neto que desapareceu junto com a mãe quando tinha apenas 1 ano, após uma ligação de um parente do ex-genro, que contou que o adolescente estava passando necessidade.

Ele estava em uma casa no município de Cachoeiras de Macacu, junto com o pai, apontado por Maria como o responsável pelos desaparecimentos. A dona de casa afirma que o adolescente de 16 anos não frequentou escolas e passa por tratamento psiquiátrico.

Na delegacia, o menino contou detalhes da vida com o pai. Os dois moravam em Cachoeiras de Macacu com o pai, os irmãos e a madrasta havia cinco meses e que lembra apenas que antes morava em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

O jovem também contou que sempre que perguntava pela mãe, ele era agredido ou jurado de morte pelo pai.

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem | Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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