14/12/2024 — 15:48
  (Horário de Brasília)

Médico responsável por procedimentos estéticos que podem ter causado morte de cabo-friense presta depoimento

Heriberto Ivan Arias Camacho foi ouvido por 4h na 16ª DP (Barra da Tijuca). Ao menos outras quatro mulheres já procuraram a polícia para denunciar possíveis erros médicos. Ele nega que tenha agido com negligência, imperícia ou imprudência

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O médico Heriberto Ivan Arias Camacho foi ouvido por 4 horas na 16ª DP (Barra da Tijuca) nesta quinta-feira (16). Ele é o cirurgião-plástico responsável pelos procedimentos estéticos que podem ter causado a morte de duas mulheres na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, entre elas, a cabo-friense Lindama Benjamin de Oliveira.

Heriberto chegou no fim da manhã à delegacia e deixou o local sem falar com a imprensa.

O advogado dele, Alessandro Marcos, disse que a inocência do seu cliente será provada ao longo da investigação. A defesa classificou a morte de Lindama Benjamin de Oliveira como “uma fatalidade” e que há necessidade de um laudo complementar sobre a morte.

“O meu cliente está muito abatido emocionalmente pelo ocorrido. Ele está, realmente, precisando de um tratamento psicológico para se acalmar e se tranquilizar em relação ao ocorrido. Foi uma fatalidade. O caso está sendo investigado. Houve um laudo que está inconclusivo e foi pedido um laudo complementar. O médico legista solicitou um laudo que ainda não ficou pronto. É necessário que os exames sejam feitos para elucidar o caso”, disse.

Alessandro disse ainda que Heriberto sabia da necessidade de transferir a paciente, mas “por situações atípicas não foi atendida a solicitação de transferência.”

“Existem os pedidos (de transferência). A solicitação foi feita logo após a paciente apresentar problemas. É importante lembrar que a cirurgia foi bem-sucedida.”

Ao menos outras quatro mulheres já procuraram a distrital para denunciar possíveis erros médicos cometidos pelo especialista.

Cunhado de vítima fala em falta de recursos

Lindama Benjamin de Oliveira, de 59 anos, morava em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e morreu na semana passada. A família diz que Heriberto demorou para socorrê-la quando o quadro de saúde piorou. O médico nega e diz que socorreu a mulher “com todas as técnicas médicas possíveis”.

O técnico de mecânica Sandro Leonardo Bezerra de Melo, 50, cunhado de Lindama, também foi ouvido nesta quinta. Ele falou que a cunhada “foi morta aos poucos” e que a clínica não tinha recursos para socorrê-la.

“Ela estava muito inchada e com muito sangue. Fomos conversar com o médico e com o diretor do hospital e disseram que já haviam chamado a ambulância. Mas ela nunca chegava. Eu me prontifiquei em pagar a ambulância para levá-la para qualquer hospital do Rio. No entanto, ele se recusou e disse que eles não haviam conseguido vaga. Chegou uma ambulância sem CTI e eles recusaram a minha ajuda para contratar uma outra ambulância “, contou Sandro.

De acordo com homem, a empresária “pediu para viver.”

“Foi transferida, mas infelizmente ela teve uma parada cardiorrespiratória. Cinco ou 10 minutos no máximo e esse médico que fez a cirurgia disse que ela estava morta.”

Segundo Sandro, a família insistiu para que Lindama fosse transferida para outra unidade de saúde.

“Demos vários recursos para ele transferi-la, mas ele não aceitou. O hospital dele não tinha recursos.”

Procedimento custou R$ 16 mil

Os parentes contam que, na última quinta-feira (9), Lindama veio ao Rio fazer cirurgia plástica no abdômen no Hospital Bitée Cirurgia Plástica e Estética. Ela pagou R$ 16 mil pelo procedimento e chegou à clínica por uma indicação de amigos.

Após a denúncia, o marido de outra paciente, Mônica Sueli da Silva, contou que ela fez com Heriberto uma abdominoplastia e colocou prótese de silicone nos seios no dia 30 de maio no Hospital Semiu, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte. Chegou a receber alta no dia seguinte, mas vomitava toda vez que se alimentava.

Após tentativas frustradas de falar com o médico, o marido da paciente contou que ela foi internada novamente no dia 7 de junho, na UTI. Submetida a um novo procedimento, Mônica precisou ter 10 cm de intestino cortados, sob a alegação de Heriberto de que havia uma hérnia.

O marido nega que a paciente tivesse hérnia e acredita que o médico tenha perfurado o intestino dela quando fez a abdominoplastia. O quadro de saúde da paciente piorou, e ela morreu no dia 26 de junho.

Assim como Lindama, ela chegou ao médico por indicação de amigas.

Sobre a paciente Mônica, o advogado Alessandro Marcos disse que não poderia falar porque não foi contratado para atuar nesse caso.

Clínica interditada e diretor preso

Na última segunda (13), policiais da Delegacia do Consumidor (Decon) e agentes da Vigilância Sanitária interditaram o Hospital Bitée Cirurgia Plástica e Estética, clínica onde Lindama fez o procedimento estético.

O estabelecimento foi fechado por falta de documentação e de equipamentos para o pós-operatório, segundo a Decon. No momento em que os agentes chegaram, quatro pessoas passavam por cirurgia.

O diretor-médico da clínica, o colombiano Iovanni Villabona Esparza, foi preso em flagrante. Na quarta-feira (15), a juíza Daniele Lima Pires Barbosa, da 28ª Vara Criminal da Comarca da Capital, converteu a prisão em preventiva, durante audiência de custódia.

*Com informações do G1.

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem  Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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