Até esta quinta-feira (17), o Instituto BW para Conservação e Medicina da Fauna Marinha (IBW) registrou mais de 150 ocorrências de pinguins-de-Magalhães (espécie Spheniscus magellanicus) em praias da Região dos Lagos e do Norte Fluminense. Os dados foram levantados por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo (PMP-BC/ES), executado pela ONG na região.
As aparições fazem parte de um padrão migratório natural da espécie, que ocorre entre os meses de março e setembro. Os pinguins se reproduzem nas águas do Chile e da Argentina, entre novembro e janeiro, e migram em direção ao norte para se alimentar, utilizando a costa brasileira como rota. Durante esse percurso, é comum que alguns indivíduos cheguem ao litoral em estado crítico, necessitando de cuidados veterinários.
De acordo com a coordenadora de Medicina Veterinária e vice-presidente do Instituto BW, Paula Baldassin, muitos dos animais encontrados estão desidratados, com baixo peso e em hipotermia. “Iniciamos a temporada com grande atenção e dedicação. Nossas equipes estão mobilizadas e preparadas para prestar o suporte técnico necessário em todos os resgates. A colaboração da sociedade é essencial nesse processo”, afirmou.
O Instituto BW orienta que, ao avistar um pinguim, vivo ou morto, é fundamental manter distância, isolar a área e acionar imediatamente o resgate oficial pelo telefone 0800 991 4800. A recomendação visa garantir a segurança do animal e evitar estresse ou ferimentos adicionais causados por aproximação indevida de pessoas ou animais domésticos.
A ONG atua na Região dos Lagos e Norte Fluminense desde 2020 e é uma das instituições responsáveis pela execução do PMP-BC/ES no estado. O projeto é uma exigência do licenciamento ambiental federal conduzido pelo IBAMA e tem como objetivo monitorar sistematicamente a fauna marinha ao longo da costa.
Além dos resgates, o IBW também realiza exames de necrópsia nos pinguins encontrados mortos. O procedimento visa identificar as causas dos óbitos e reunir dados que auxiliem na formulação de estratégias de conservação para a espécie, especialmente diante de impactos ambientais que comprometem a saúde dos animais migratórios.
Os especialistas reforçam que a presença desses animais no litoral brasileiro durante o inverno é esperada, mas a quantidade e o estado em que chegam oferecem importantes indícios sobre mudanças ambientais e possíveis desequilíbrios ecológicos.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.