Após a publicação do decreto que altera as regras do estacionamento rotativo em Cabo Frio, o tema passou a ser alvo de debates em redes sociais, grupos de mensagens e conversas nas ruas do município. O novo sistema, que ainda não começou a ser cobrado na prática, estabelece uma tarifa fixa após duas horas gratuitas para veículos com placa da cidade e substitui o modelo anterior, baseado na rotatividade por hora.
Pelo decreto divulgado na última quarta-feira (30), a gratuidade nas duas primeiras horas será mantida para motoristas locais. Depois disso, o valor cobrado será de R$ 10 em áreas comerciais e urbanas, e de R$ 15 em regiões turísticas e orlas. Já para condutores de outras cidades, a cobrança será diária: R$ 20 em zonas urbanas e R$ 25 nas orlas, sem considerar o tempo de permanência.
A regulamentação está amparada por uma lei autorizativa, proposta pelo ex-vereador Celso Campista, que delega ao Executivo a decisão sobre isenções para veículos emplacados no município. Enquanto gestões anteriores optaram por manter a gratuidade, a atual administração decidiu pela cobrança, sob o argumento de que a medida contribuirá para o ordenamento do tráfego e incremento na receita municipal.
Além disso, o novo sistema também tem gerado preocupação em relação aos valores cobrados, especialmente quando comparados aos praticados pelo shopping da cidade.
No centro comercial, a tarifa é de R$ 16 por tempo ilimitado de permanência. Já no estacionamento rotativo, o custo pode chegar a R$ 25 por dia na região central. Comerciantes afirmam que essa diferença pode desestimular o consumo no comércio de rua e incentivar a migração dos clientes para áreas privadas, onde o custo-benefício é mais atrativo.
A implantação do modelo conhecido como “vaga certa”, com tarifa única após o período gratuito, também tem sido questionada por moradores. Um dos principais pontos de insatisfação é a ausência de alternativas mais acessíveis para quem precisa parar por poucos minutos, como em atendimentos médicos, retiradas rápidas ou serviços no comércio local.
Além dos valores, a população tem apontado a falta de informações claras sobre a operacionalização do novo sistema. Um exemplo é a dúvida entre os flanelinhas da cidade, que ainda não sabem como se cadastrar para atuar no modelo. Até agora, não foi divulgado nenhum canal oficial para inscrição, e o processo de licitação para contratação da empresa operadora ainda não foi iniciado.
O decreto prevê a divisão das vagas em quatro zonas — de I a IV —, com sinalização própria. A permanência máxima será de 12 horas e os condutores terão até 10 minutos para gerar o bilhete após estacionar. Caso o tempo seja ultrapassado, será aplicada uma taxa de regularização no valor de R$ 40.
Também não há definição sobre a cobrança para motocicletas, o que tem gerado incerteza entre os condutores. O texto publicado não esclarece se as motos estarão sujeitas aos mesmos valores dos automóveis, nem se haverá áreas específicas ou regras diferenciadas para esse tipo de veículo.
O conjunto de medidas, especialmente a cobrança para moradores, provocou ampla repercussão e questionamentos da população. Internautas têm cobrado esclarecimentos da Prefeitura sobre os critérios adotados.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).