Nova reviravolta sobre o caso da jovem de 19 anos que acusa um técnico de enfermagem, que trabalha no Hospital Municipal Otime Cardoso dos Santos, de estupro, em Cabo Frio, veio à tona nesta semana. Após o crime de violência sexual que aconteceu neste domingo (10), em São João de Meriti, em que um médico anestesista abusou de uma mulher na mesa de parto e revoltou todo o Brasil, algumas questões foram levantadas: A autoria do crime foi confirmada? O profissional segue atuando na unidade de saúde?
Na época, o suposto agressor não quis opinar sobre o caso, excluindo, inclusive, as redes sociais e mudando o número de telefone. Já a vítima, entrou em contato com o Portal RC24h e deu seu depoimento, além de apresentar o Boletim de Ocorrência. Em busca de novas informações, a reportagem entrou em contato com a titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), delegada Waleska Garcez, que afirmou que o exame de corpo de delito deu positivo, mas a autoria do crime ainda não foi confirmada.
“Esse corpo de delito é meio complicado. Em princípio, deu positivo para relação sexual. Mas, é por isso que a gente encaminhou o SAF para exame de DNA, porque a gente ficou na dúvida, já que a menina chegou apagada no hospital. As enfermeiras, no termo delas, disseram que ela estava muito bêbada, alterada, talvez até sob efeito de drogas, então a gente ficou na dúvida: aonde foi que ela manteve relação sexual? Antes ou realmente foi abusada no hospital? Então, mediante esta dúvida, a gente encaminhou ele para fazer o DNA para a gente poder descartar, né? Para não acusar uma pessoa inocente e nem inocentar um culpado. Por isso nós estamos esperando esse laudo (resultado do exame), que vai ser decisivo para a conclusão”, contou a delegada, em áudio, para o Portal.
Além disso, ela disse que, durante as investigações, foi realizado um laudo do local em que a vítima alega ter sido violentada, onde não foi constatado nenhum vestígio de material genético do suspeito. Testemunhas, vítima e suspeito já foram ouvidos, logo, segundo explica, para que o inquérito seja concluído, falta apenas o resultado do teste de DNA feito no resultado do exame de corpo de delito.
“(…) O procedimento está em inquérito instaurado, já está bastante adiantado, foram ouvidas testemunhas, a vítima e o suspeito. Fizemos laudo no local, não foi constatado nenhum vestígio do material genético lá no local onde ela alega ter sofrido os abusos e estamos esperando agora a última diligência, o resultado do exame de DNA (…) É o último ato que a gente está esperando para poder concluir e relatar o inquérito”.
Continua trabalhando
Diferente do médico anestesista de São João de Meriti, que foi imediatamente afastado do hospital após a denúncia, o técnico continua atuando na unidade. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), ele segue com o vínculo empregatício via contrato por prazo determinado e, desde a época do crime, não houve desligamento. Ainda no portal do CNES, que está atualizado até o mês de maio, o suspeito já está na unidade há 11 meses.
Em relação a esta situação, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura, questionando se há possibilidade de afastamento do suspeito, para que, caso ele realmente seja o culpado, poupar outras possíveis vítimas. Em nota, foi afirmado que o município aguarda a conclusão da investigação para que medidas cabíveis sejam tomadas. Também foi solicitado o posicionamento de Erika Borges, secretária municipal de Saúde, mas o município não deu retorno acerca disso.
Dados alarmantes
Sobre os índices de violência sexual em Cabo Frio, conforme o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), o número é alarmante. Os dados levantados pelo Portal indicam que, dentre janeiro e maio, ocorreram 43 casos, o que torna a cidade da Baixada Litorânea onde mais ocorre esse tipo de crime, sendo seguida por Saquarema, com 26, e Araruama, com 23. Destes municípios, apenas o cabo-friense possui uma Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM).
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).