Há exatos 50 dias, em 22 de março, o agora governador – na época, interino – do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), esteve em Cabo Frio pela primeira vez e anunciou que o Hospital UNILAGOS seria arrendado para tratar pacientes com COVID-19.
Em rápida entrevista ao Portal RC24h e Rádio Costa do Sol FM, Castro disse que era “só resolver a papelada e botar para funcionar”. O governador afirmou que a unidade funcionaria ainda naquela semana, ou, no mais tardar, na semana seguinte.
Pelo visto, a simplicidade aparente da fala do governador não resultou em nada além de frustração.
A situação virou um verdadeiro jogo de empurra. Nesta terça-feira (11), o Portal entrou em contato com a secretaria Estadual de Saúde, que disse que a responsabilidade sobre a questão é da secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).
A reportagem procurou a assessoria da Secti, que, em nota, não deu prazo algum para o inicio das atividades da unidade.
De acordo com a nota, como o Hospital UNILAGOS não estava funcionando, a equipe médica precisou fazer o levantamento de todos equipamentos, medicamentos e insumos necessários.
“Para abrir os leitos foi elaborado um plano de trabalho pela UERJ, que administrará o hospital com a Faculdade de Medicina. Cabe destacar ainda que, para viabilizar a reabertura o mais rápido possível, o proprietário do hospital tem mantido contato direto com representantes do estado”, explica a nota.
Por fim, a secretaria afirma que “já está em andamento a celebração dos contratos administrativos, formalidades essenciais para o retorno”.
A última atualização recebida sobre a unidade até então havia sido no dia 06 de abril, há mais de um mês, quando a Secti informou que, durante reunião entre técnicos da pasta, foi finalizado um plano de trabalho para abertura da unidade.
A nota esclareceu que o documento seria encaminhado à secretaria de Saúde, que iria analisar a possibilidade de descentralizar recursos para que a Secti, por meio da Uerj, administre a unidade, fornecendo profissionais e equipamentos.
Sem qualquer previsão, a nota concluiu que “o objetivo é que a população seja atendida na unidade nas próximas semanas, aumentando o números de leitos no enfrentamento à pandemia na região”.
Da promessa feita até hoje, o que se viu foi um contágio monstruoso da COVID-19, em especial, em Cabo Frio, mais populoso município da Região dos Lagos. Em 22 de março, com 11 meses de Pandemia, a cidade tinha 8.102 casos confirmados da doença, com 382 óbitos.
No boletim desta terça, são 10.037 casos confirmados e 528 mortes. Ou seja, em apenas 50 dias, foram 1.935 testes positivos para a COVID e 146 óbitos. Aproximadamente, uma morte a cada 8 horas.
A Prefeitura de Cabo Frio foi questionada pela reportagem se recebeu algum prazo do Estado para funcionamento do UNILAGOS. Por meio de nota, o município se limitou a ressaltar que “o hospital é uma unidade de saúde particular, e que aguarda as definições do Governo do Estado sobre a promessa de reabrir o local”.
Assim como a secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Portal RC24h procurou o Núcleo do Interior do Governo do Estado e também não obteve resposta com o setor.