O dono da GAS Consultoria Bitcoin de Cabo Frio , Glaidson Acácio dos Santos, foi preso no início da manhã desta quarta-feira (25) na Operação Kryptos, da Polícia Federal (PF), do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal, por suspeita de pirâmide financeira.
A força-tarefa encontrou Glaidson em uma mansão no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio. Policiais apreenderam na casa reais, dólares e euros em espécie e até barras de ouro. Foram apreendidos mais de R$20 milhões.
Agentes saíram para cumprir nove mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no RJ, São Paulo, Ceará e Distrito Federal. A PF foi vista no edifício Premier Center, em Cabo Frio, onde está sediada a GAS.
Um dos sócios de Glaidson também foi preso. Ele foi capturado no Aeroporto de Guarulhos, quando tentava fugir para fora do país.
O Fantástico desta semana mostrou que a GAS era investigada há dois anos pelo esquema, mas se disfarçava de consultoria em bitcoins, uma moeda digital.
A empresa de Glaidson tinha o maior número de investidores em Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que se tornou um paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira e ganhou até apelido de Novo Egito, como o Fantástico mostrou há duas semanas.
Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos em criptomoedas, mas sua empresa não tinha site nem perfis em redes sociais, e o telefone disponível na Receita Federal não funcionava.
“Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12 meses”, informou a PF.
Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio.
De garçom a bilionário
Um registro do Ministério do Trabalho mostra que até 2014 Glaidson recebia pouco mais de R$ 800 por mês como garçom.
Em fevereiro deste ano, Glaidson fez uma festa de aniversário com direito a show do cantor João Gabriel. Dois meses depois, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em um helicóptero. O dinheiro estava em três malas e, segundo as investigações, seria levado para São Paulo por um casal que trabalha para a GAS Consultoria Bitcoin.
Anteriormente, em um depoimento à polícia, Glaidson negou mexer com criptomoedas. Alegou que atuava com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Já para os clientes, o empresário dizia que investia no ramo das criptomoedas há nove anos.
Além da GAS Consultoria Bitcoin, pelo menos dez empresas que oferecem investimentos com lucro alto e rápido na cidade são alvo de investigação.
O que são pirâmides financeiras?
Pirâmides, ou esquemas de Ponzi, consistem em uma rede onde entrantes precisam pagar uma taxa a membros antigos. Para começar a receber, esses novos filiados devem atrair mais gente. Mas chega um ponto em que a pirâmide não se paga.
Recentemente, golpistas passaram a montar pirâmides prometendo altos rendimentos. A economista Myrian Lund, da Fundação Getúlio Vargas, alerta para aplicações desse tipo.
“Qual é a característica da pirâmide? Entra dinheiro, e esse dinheiro serve para pagar as pessoas. Ele se retroalimenta. No momento em que parar a entrada de dinheiro, aquilo acabou naquele momento. Se você recebeu, ótimo. Se não recebeu, não vai ter mais nada de volta”, diz.
O que dizia a GAS
Em resposta ao Fantástico, em nota, a defesa de Glaidson informou estar à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento. “A GAS de Glaidson Acácio, que atua no ramo de tecnologia e consultoria financeira em criptomoedas, não compactua com ilegalidades e preza pela licitude de todas as suas operações”, declarou o advogado Thiago Minagé.
*Com informações do G1.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.