Parece notícia repetida, mas não é. O pequeno santuário em homenagem à Iemanja, entidade de culto de matriz africana, que fica na Praia da Ferradura, em Búzios, foi vandalizado pela segunda vez em menos de um mês.
No dia 12 de março, o Portal RC24h denunciou esse mesmo caso de intolerância religiosa. O local foi reconstruído e, neste domingo (20), aconteceu novamente.
O secretário de Cultura e Patrimônio Histórico de Armação dos Búzios, Romano Lorenzi lamentou e repudiou o ato.
“O que aconteceu é um crime. Nós não vamos nos calar diante dessa situação, estamos trabalhando para que isso não se repita na cidade de Armação dos Búzios, uma cidade onde a diversidade religiosa, a diversidade cultural vivem na mais perfeita harmonia. Não vamos admitir que atos como esse voltem a se repetir”, disse.
Romano afirmou ainda que ele e sua equipe estão trabalhando na construção de políticas públicas para o respeito às diferenças.
“O papel da Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico de Armação dos Búzios é abrir esse diálogo com a sociedade, mostrar a importância de se viver em harmonia com as diferenças e por isso estamos na construção de uma roda de conversa para abordar o assunto ‘intolerância religiosa, aqui não’. Nós vamos trabalhar com a nossa comunidade, com os líderes religiosos, vamos convidar a sociedade para participar desse momento. A gente precisa aprender a respeitar quem canta diferente, quem reza diferente, quem ora diferente e até mesmo quem não tem fé. Eu acredito que a cultura é esse instrumento de transformação da sociedade, por isso, estamos levantando esta bandeira”, completou.
Um caso parecido também aconteceu recentemente em Araruama, onde imagens de Iemanjá e Ogum que também ficavam em santuário em uma gruta na Pontinha do Outeiro, no Areal, foram destruídas.
Vale ressaltar que intolerância religiosa é crime, estabelecido no código penal brasileiro. A pena prevê detenção de um mês a um ano, ou multa, a conduta de quem “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.
Vídeo: Helio Pellegrino