Mesmo com o polêmico repasse de R$ 55,4 milhões pelo Ministério da Saúde para Cabo Frio no início de dezembro de 2023, denúncias afirmam que pacientes com consultas marcadas há meses na rede pública de Saúde da cidade seguem sem atendimento. A situação ganhou um novo desdobramento após o Instituto Dados divulgar uma pesquisa apontando que, em um intervalo de 16 dias, cerca de 56% do valor já foi gasto.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) e provocaram diversos questionamentos por parte da população, como, por exemplo, para onde os R$ 31 milhões gastos foram destinados.
Em dezembro, o município divulgou que a quantia seria voltada à Atenção Especializada de Saúde, que compreende investimentos em redes de urgência e emergência, serviços de reabilitação, serviços de atenção domiciliar, rede hospitalar, serviços de atenção materno-infantil, atenção psicossocial e atenção ambulatorial especializada. Entretanto, denunciantes afirmam que, mesmo com o gasto expressivo em um período recorde, “nenhuma mudança foi identificada”.
Inclusive, denúncias apontam que alguns pacientes até mesmo desistiram do atendimento público da cidade, devido à demora. Este foi o caso de José Augusto da Cunha, que ficou há meses esperando para realizar um exame de ressonância na coluna. No caso, isto teria prejudicado exponencialmente o estado de saúde do morador.
Por conta da demora, José Augusto preferiu pedir ajuda à família para realizar um atendimento particular, tendo em vista que, segundo relatos, as dores estavam cada vez piores. A surpresa veio no resultado, quando o morador descobriu duas hérnias de disco e um bico de papagaio na coluna.
Para não sair ainda mais prejudicado, José preferiu, mais uma vez, contar com a ajuda da família para pagar uma consulta particular com um neurologista para dar início ao tratamento. “Foram meses nessa luta, sentindo dor, puxando perna, mancando, indo no PAM, no Posto de Saúde, e nada”, pontua a denúncia.
Mas José Augusto é apenas um exemplo. Outros moradores também relatam demora de mais de três meses para atendimento médico, mesmo com a consulta marcada. Alguns, inclusive, optam por buscar auxílio em outros municípios, com medo do problema se agravar e não dar “mais tempo” para realizar o tratamento.
A partir destes casos, moradores apontam falta de transparência e organização por parte do município, tendo em vista que casos com este seguem acontecendo em meio a polêmica que desdobrou o Brasil.
“Enquanto o repasse de R$ 55 milhões tornou-se uma novela, nós estamos aqui, necessitando de um atendimento decente e humano. Preferimos levar meu avô, de 90 anos, para Búzios, porque se fosse aguardar a marcação de algum exame [em Cabo Frio], talvez ele já não estivesse mais aqui hoje. Para ser sincera, não sei como eles conseguem dormir enquanto brincam com vidas. Se o dinheiro não está sendo destinado para onde deveria, somos nós que sofremos as consequências”, disse uma moradora, que preferiu não se identificar.
Diante dos fatos, o Portal RC24h entrou em contato com a prefeitura de Cabo Frio, questionando sobre o destino da verba e a demora excessiva nas consultas, e aguarda retorno.
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida e pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.
