05/02/2025 — 09:41
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‘O marinheiro abasteceu e disse que ia levantar a tampa para não explodir’, conta vítima de explosão de lancha em Cabo Frio

Marinha instaura inquérito para apurar causas, circunstâncias e possíveis responsabilidades no acidente que aconteceu no último dia 17

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Uma das vítimas da explosão de uma lancha nas proximidades da Ilha do Japonês, em Cabo Frio, relatou, na segunda-feira (24), como foi o acidente. Nayara Taislane Andrade Gomes, de 22 anos, sofreu queimaduras e está internada no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Segundo ela, o marinheiro teria parado para abastecer a lancha. Em seguida, ele manteve a tampa do tanque de combustível levantada por cinco segundos, dizendo que a medida era “para a embarcação não explodir”. Quando fechou o recipiente e deu a partida, o acidente aconteceu. A explosão, ocorrida no último dia 17, deixou oito feridos e dois mortos. Nayara tem quadro de saúde estável.

— A gente estava no passeio e queria ir para outro local. Para ir, tinha que abastecer, pois a lancha não tinha combustível. O marinheiro parou para colocar. Ele abasteceu e falou assim: “eu vou levantar a tampa (do tanque) para não explodir”. Segurou a tampa levantada por uns cinco segundos só e abaixou. Logo que ele foi para frente e deu partida (na embarcação), a lancha explodiu — lembra Nayara.

Segundo Nayara, após a explosão, “foi uma correria”. Alex (Aleksandro Leão Vieira, de 36 anos), que não resistiu aos ferimentos e morreu na manhã deste domingo (23), protegeu as crianças do fogo.

— O Alex foi quem ficou segurando as crianças. Eu fui a primeira a sair da lancha com o meu neném, entreguei (o filho) a um cara que estava no deck. Foi um desespero, eu estava sentindo muita dor e não conseguia ficar com o neném. Passaram uns 10 minutos, e a primeira ambulância já chegou, as crianças entraram logo e o Alex foi com elas — conta.

Relembre o caso

O acidente, que deixou 10 pessoas feridas, incluindo três crianças, aconteceu na última segunda-feira (17). Davi Freire Zerbone, de 4 anos, teve queimaduras em 100% do rosto. Ele estava internado no Hospital Estadual Roberto Chabo (HERC), em Araruama, e morreu na última sexta-feira. Segundo a direção da unidade, na tarde de sexta (21) o menino teve uma parada cardiorespiratória. A equipe médica realizou diversas manobras, mas sem sucesso.

A direção do HEAT informou que, de acordo com o último boletim médico, é estável o estado de saúde de Ana Livia Pimentel, de 5 anos, Nayara Tauslane Andrade, 22 anos, e Caroline Pimentel, 28 anos. Já o estado de saúde de Jean Andrade, 1 ano e 5 meses, é grave.

A grávida Letícia Sampaio Freire, de 25 anos, precisou ser transferida do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, para um Hospital do Espírito Santo, no último sábado.

A Marinha do Brasil (MB) instaurou um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar causas, circunstâncias e possíveis responsabilidades. Quando concluído, o mesmo será encaminhado ao Tribunal Marinho para adotar as medidas cabíveis. Não foram encontradas irregularidades nas documentações da embarcação e do piloto.

Explosões em série

Recentemente, outras lanchas também explodiram em Cabo Frio. Em 10 de maio, seis pessoas ficaram feridas, incluindo três crianças, após a embarcação explodir entre o Canal de Itajuru e a Ilha do Japonês. Naquela ocasião, o motor parou em meio a um passeio de turistas de Minas Gerais: após tentativas de religar a lancha, o equipamento superaqueceu e, em seguida, explodiu.

Mais de um mês depois, uma das crianças segue internada no HERC, com estado de saúde estável, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Também em maio, no dia 17, outra lancha explodiu próximo à Ilha do Papagaio, na Praia do Forte. Cinco pessoas estavam na embarcação, e conseguiram escapar do fogo ao se jogar no mar.

*Com informações dO GLOBO.

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem  Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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