As Mulheres Negras da Região dos Lagos do Rio de Janeiro confirmam presença na II Marcha Nacional de Mulheres Negras, marcada para 25 de novembro de 2025, em Brasília. A mobilização prevê a participação de cerca de 200 mulheres de áreas rurais, quilombolas, favelas e comunidades tradicionais dos sete municípios da região.
A organização regional tem como referência a Marcha de 2015, marco para a articulação de debates e ações sobre justiça, reparação e condições de vida da população negra. Em novembro deste ano, foi realizada em Araruama, na Praça João Hélio, a primeira reunião do Fórum de Mulheres Negras da Região dos Lagos, com o objetivo de estruturar estratégias e propor políticas públicas para o território.
O Fórum foi criado para reunir iniciativas já existentes de movimentos de mulheres e mulheres negras na região. Segundo as integrantes, o espaço busca sistematizar ações e manter o trabalho desenvolvido por lideranças anteriores.
Desde 2015, encontros e articulações estaduais vêm reunindo grupos de diferentes municípios. Em julho deste ano, começou a formação de base do Fórum Estadual de Mulheres Negras, com participação de Dolores Lima e Eliane Arruda. As reuniões ocorreram em Búzios e Iguaba Grande. A primeira reunião oficial do Fórum da Região dos Lagos foi realizada em novembro, novamente em Araruama.
Para 2025, as mulheres organizadas reforçam que a Marcha terá como foco a denúncia de violações de direitos e a cobrança de respostas do Estado brasileiro. Entre as denúncias apresentadas pelo grupo estão:
Violência policial e mortes da população negra em favelas e periferias.
Racismo institucional em espaços de poder, educação, saúde e trabalho.
Desigualdades na saúde reprodutiva, com índices elevados de mortalidade materna entre mulheres negras e registros de violência obstétrica.
Impactos do PDL 03/2025 sobre meninas vítimas de estupro, principalmente negras, ao restringir o acesso à interrupção legal da gravidez.
Casos de violência de gênero, transfobia, exploração sexual e tráfico de pessoas.
Precarização do trabalho doméstico e violações de direitos.
Falta de políticas públicas para mulheres negras encarceradas e para mães que perderam filhos em ações do Estado.
As reivindicações incluem:
Reparação histórica pelos impactos da escravidão.
Políticas públicas estruturantes nas áreas de saúde, educação, emprego e dignidade.
Enfrentamento do racismo institucional e ambiental.
Redução de ações policiais letais.
Garantia de direitos para mulheres negras, população LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência.
As representantes afirmam que a mobilização busca reunir sociedade civil, coletivos e movimentos sociais. Em nota, o grupo reforça a mensagem: “Basta de racismo, basta de violência, basta de opressão. Queremos reparação e Bem Viver. Em coletivo, andamos ainda melhor.”
Movimentos que confirmam participação na marcha:
Fórum de Mulheres Negras da Região dos Lagos
Coletivo Cultural Olhar de Perifa
Fórum Estadual de Mulheres Negras do RJ
SOMUNEAR / Associação de Mulheres Negras da Rasa – Búzios – Sirlei
Associação Remanescente Quilombola da Rasa – Búzios
Coletivo Vozes Negras em Movimento – Iguaba Grande – Simone Castro
MNU – Iguaba Grande – Abigail e Simone
UCCNIG – Iguaba Grande – Abigail
FECARJ – Cabo Frio – Débora Tamoios
Amazônia Rio – Araruama – Sandra Albuquerque
União Brasileira de Mulher – Araruama – Adrelina
Grupo de Articulação Boqueirão – São Pedro da Aldeia – Sônia e Fernanda Costa
Gethomn – Saquarema – Luciana Ferreira
MUNEGRAS – Saquarema – Heloisa
Rede das Pretas – Luana
Movimento Coletivo Preto
Kazawá Saveres Ancestrais








