A família de uma mulher de 62 anos está vivendo uma saga em busca de uma transferência hospitalar que possa tratar do caso dela de aneurisma. Elza Moreira deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Iguaba Grande na última terça-feira (3) com dor aguda no abdômen, enjoo e muita fraqueza. Ela foi diagnosticada com aneurisma na aorta torácica e foi identificada também, uma anemia profunda que, de acordo com profissionais, evidencia um sangramento e um provável trombo na veia.
Desde então, a direção da UPA, com apoio da Prefeitura, tenta uma vaga em um hospital estadual com mais recursos para o tratamento da doença, mas já teve o pedido negado por 10 vezes. A responsável definiu a paciente como uma “bomba relógio”, porque qualquer procedimento feito sem os recursos necessários pode romper o trombo. Apesar do quadro estável, ele é de extrema urgência.
De responsabilidade do Governo do Estado, a Central de Regulamentação de vagas do SUS não aceitou o pedido para nenhuma unidade. Desde a quinta-feira (5), o caso já acumulou negativas do Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama (HERC), Hospital Federal do Andaraí, Hospital Federal Bonsucesso, Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Federal Lagoa, Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Hospital Federal Cardoso Fontes, Hospital Adão Pereira Nunes e Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras (INC).
A direção também questionou, junto à central estadual, se não seria caso de vaga zero, conceito que institui que os serviços têm de receber pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso mesmo sem condições para tal, porque não há outra porta disponível para o encaminhamento. Na tarde da sexta-feira (6), o cirurgião vascular responsável pela avaliação da do recurso leu todos os exames da paciente e disse não se tratar de um aneurisma roto, mas que de qualquer forma não se tratava de um caso que correspondesse aos critérios de vaga zero.
Após isso, eles conseguiram um direcionamento para o INC, que até chegou a solicitar preenchimento de uma ficha específica da aorta, mas negou a paciente por falta de vaga.
Por fim, às 20hrs ela foi direcionada para o IECAC novamente. Lá, os profissionais disseram que essa cirurgia não é realizada de forma convencional, só por endoprotese sob medida, que elas são customizadas e que dependem de uma avaliação técnica para a possibilidade da confecção. Mediante isso seria necessário enviar as imagens em CD para a regulação de lá para que as imagens sejam encaminhadas para avaliação. E só após todo esse processo eles conseguiriam definir o tratamento ou não.
A paciente realizou então uma angiotomografia no Alberto Torres pelo método ‘vaga zero’ e o resultado do exame vai ser avaliado. Também foi novamente solicitada uma vaga de CTI, mas ela segue internada na UPA de Iguaba Grande.
Na noite desta segunda-feira (9), a Central Estadual de Regulação informou que a vaga para a paciente foi autorizada no Hospital Federal da Lagoa. A transferência foi realizada por volta das 19h.