Desde sua inauguração, em 2013, a Praça das Águas, localizada na Praia do Forte, em Cabo Frio, chamou bastante atenção, tanto dos moradores, quanto dos turistas, por sua beleza. O lugar, com sua pintura, o laguinho com peixes e luzes coloridas, virou ponto turístico também, onde muitos paravam para registrar com fotos. O tempo passou e a falta de manutenção modificou totalmente a área que, em conjunto às obras daquele momento, custou R$ 13 milhões aos cofres públicos. Atualmente, ao invés do encanto, o que chama atenção é a degradação.
Vidros trincados, pintura descascando e pichações. O cenário não é nem um pouco agradável àqueles que passam pelo local. A restauração seria feita por uma empresa privada que, em parceria com a Prefeitura, construiu um espaço de atividades recreativas para crianças. A promessa não foi cumprida, ou seja, a praça, com exceção daquela área, segue em situação de abandono.
Inclusive, esse é um dos fatores que têm descontentado os moradores nesta região. Nas redes sociais não faltam comentários sobre o assunto. “A Praça das Águas agora tem uma casinha de sapê no meio e o resto em total abandono (…)”, dispara uma internauta. “E o prefeito preocupado em fazer galinheiro na Praça das Águas!”, complementou outro.
Ainda sobre a aparência da praça, uma moradora, que preferiu não se identificar, foi incisiva quando afirmou que o estado do lugar não é dos melhores. “Aquilo está horroroso, de verdade. Tem uma pequena área com grama, o que deixa menos feio (aquele pedaço)… Por que não fazem isso logo em tudo? Deixar o lugar assim, nesse estado, só afasta os turistas. Eu não faço propaganda para um local que, ao que tudo indica, está jogado às traças. A Prefeitura fala que vai ajeitar, mas palavras o vento leva, né?”, enfatiza.
Mas o descontentamento não para por aí. Além do local estar ‘jogado às traças’, como afirmou a moradora, o único ponto restaurado, o espaço de atividades recreativas, é pago – com exceção aos alunos de escolas municipais. Tânia Cristina, que é professora aposentada e tem uma neta pequena – que estuda em um colégio particular -, discorda da cobrança.
“Sou contribuinte, pago meus impostos em dia, cumpro com minhas obrigações de cidadã. Acho que esses locais deveriam ser de livre acesso. Pagar uma escola particular para um filho é uma escolha que muitos fazem através de muito sacrifício e com orçamento apertado, e dessa forma o lazer acaba ficando em segundo plano. Então, por que esses locais tem que ser de acesso gratuito apenas a crianças que frequentam a escola pública? O direito ao lazer deve ser de todos”, explica a mulher.
Outra situação que também chama a atenção dos moradores é o excesso de água parada, principalmente após dias de chuva, na praça. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio, desde o início de 2022, houve um aumento de 11% nos casos de dengue no estado. Em Cabo Frio, esse é um dos assuntos mais comentados, além da grande quantidade de mosquitos na cidade. Por conta disso, a prefeitura retomou o serviço com o carro fumacê pelos bairros, após dois anos de interrupção.
Tânia, que frequentemente caminha pela Praia do Forte, também comentou sobre a efetividade do produto que é soltado pelo veículo. “A infraestrutura e limpeza devem se juntar como ações preventivas para o controle dos mosquitos. Apenas o fumacê não vai dar conta se os locais não contarem com esse olhar cuidadoso para não proliferação deles”, afirma.
Sobre a segurança, tanto para adultos, quanto para crianças, Luana Cardoso, que tem uma sobrinha de dois anos, diz que não confia. “Não acho seguro. A praça está abandonada e zero condições de visitação, principalmente para crianças. Não tem sinalização, para alguém se acidentar ali é muito fácil”, diz a jovem de 18 anos.
Matheus Gomes, que tem um sobrinho da mesma idade, não confia em deixar o pequeno brincar pelo local. “Acho muito perigoso pelo estado em que se encontra. É um risco que não vale a pena, sabe? As crianças podem se machucar naquelas pedras, que deveriam ter uma cerca ao redor”, dispara.
Sobre a situação, a Prefeitura afirmou que a revitalização do local é de responsabilidade do poder público municipal e está sendo feita de forma gradativa, conforme disponibilidade de recursos. Em janeiro, a mesma resposta foi dada – em relação às mudanças no ambiente. A promessa era que o lugar passaria por pintura, além da recuperação dos canteiros e dos acessos à praça. Até então, de acordo com atual nota enviada pelo município, apenas foi realizado o plantio de grama e de vegetação para a ornamentação do espaço. Contudo, quem passa pela região, percebe que essa mudança foi feita em somente uma parte.
Confira as notas na íntegra:
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que a revitalização da Praça das Águas é de responsabilidade do poder público municipal e está sendo realizada de forma gradativa, conforme a disponibilidade de recursos. Em abril, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento realizou o plantio de grama e de vegetação para a ornamentação do espaço. Informa ainda que a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos está fazendo levantamento de todas as praças do município, para saber a situação de cada espaço e quais intervenções serão necessárias para a revitalização de cada praça”.
Em janeiro deste ano, a reportagem já havia questionado o município sobre a falta de manutenção no local e o que a Prefeitura faria para melhoria da praça. Por conta da alta temporada, os serviços seriam feitos depois desse período.
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que a Praça das Águas, na Praia do Forte, está passando por revitalização. Nos locais onde ficavam as casas de bombas, que foram aterrados, serão feitos jardins. O espaço todo passará por pintura, os canteiros serão recuperados, além dos acessos à praça. Toda a parte de iluminação também foi refeita. O serviço, que está sendo realizado pela Comsercaf, foi temporariamente suspenso por conta da movimentação de turistas no mês de janeiro, sobretudo na Praia do Forte. O trabalho será retomado tão logo seja possível”. – Nota enviada em janeiro.
Àqueles que não se lembram, antes da falta de manutenção e abandono do local, a Praça das Águas era assim:
Ludmila Lopes
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.