15/04/2025 — 02:54
  (Horário de Brasília)

Homem que matou trapezista argentina em trilha de Búzios é condenado a 33 anos de prisão

Carlos José de França foi responsabilizado por feminicídio com uso de crueldade e teve também fixada indenização aos familiares da vítima

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O Tribunal do Júri da Comarca de Armação dos Búzios condenou, na madrugada desta quinta-feira (10), o réu Carlos José de França a 33 anos de reclusão pelo assassinato da artista circense argentina Florencia Aranguren, de 27 anos. A decisão foi unânime entre os jurados, que acolheram todos os pedidos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada em Tribunal do Júri (GAEJURI/MPRJ). O crime foi considerado um feminicídio qualificado, cometido com extrema crueldade e impossibilitando a defesa da vítima.

Além da pena privativa de liberdade, o réu foi condenado ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais aos familiares da jovem, que viajaram de Buenos Aires ao Brasil para acompanhar o julgamento. A sentença também reconhece o direito das vítimas indiretas à reparação, conforme previsto na Resolução nº 243 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Apoio à família e atuação do MPRJ

Antes da sessão do júri, os parentes de Florencia foram recebidos na sede do Ministério Público em Búzios, onde tiveram acesso a informações sobre o funcionamento do Tribunal do Júri brasileiro e os direitos assegurados a familiares de vítimas de crimes violentos. A promotora Simone Sibilio, coordenadora do GAEJURI/MPRJ, destacou a importância do acolhimento e da transparência no processo.

“Tendo em vista que as vítimas residem em outro país, foi essencial garantir o integral cumprimento da resolução do CNMP, assegurando-lhes os direitos à informação, proteção, participação e reparação. A pena aplicada representa uma resposta penal justa ao acusado e à sociedade de Búzios, que sentiu profundamente os impactos desse crime bárbaro”, afirmou.

Provas técnicas e depoimentos

Durante o julgamento, o MPRJ apresentou provas técnicas e periciais que sustentaram a denúncia. Laudos criminais indicaram que havia material genético de Carlos sob as unhas de Florencia, o que demonstra que a vítima tentou se defender. Também foram identificados vestígios de sangue nas roupas do réu, além de arranhões compatíveis com unhas humanas, reforçando a autoria do crime.

Testemunhas ouvidas no tribunal incluíram pessoas próximas à vítima, policiais responsáveis pela investigação e o proprietário do condomínio onde o réu estava hospedado. Este último relatou que viu Carlos lavando uma camisa ensanguentada e repetindo frases desconexas, como “não vou fazer isso de novo”, enquanto apresentava sinais de instabilidade emocional.

Durante o julgamento, o réu negou conhecer a vítima e declarou: “Eu não fui, não a conheço”. A argumentação, no entanto, não convenceu o Conselho de Sentença, que considerou os elementos apresentados suficientes para a condenação.

Relembre o caso

Florencia Aranguren chegou a Búzios no início de dezembro de 2023, com planos de passar a temporada de verão na cidade enquanto aguardava a emissão do passaporte italiano, com o qual pretendia se mudar para a Europa. No dia 6 de dezembro, dois dias após sua chegada, ela saiu para passear com seu cachorro, Tronco, por uma trilha que leva à praia de José Gonçalves, na zona sul do município.

Imagens de câmeras de segurança registraram a artista caminhando pela calçada por volta das 7h da manhã, com uma mochila nas costas e o cão na coleira. As filmagens mostram a jovem seguindo tranquilamente até desaparecer ao virar a esquina que dá acesso à trilha.

Horas depois, o corpo de Florencia foi encontrado em meio à vegetação por guardas municipais, que patrulhavam a área. A perícia confirmou que ela foi assassinada com 18 facadas, o que caracterizou a prática de feminicídio com requintes de crueldade.

Histórico criminal do réu

Carlos José de França, natural de Quipapá (PE), já havia sido condenado anteriormente a 15 anos de prisão por estupro e roubo cometidos contra uma adolescente no estado de Pernambuco. O histórico criminal e a brutalidade do assassinato foram levados em consideração pelo júri para estabelecer a pena, considerada exemplar pelo Ministério Público.

*Imagens: Rlagos Notícias.

MTb 0022570/MG | Coordenadora de Reportagem  Site do(a) autor(a)

Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.

Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.

Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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