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‘Faraó dos Bitcoins’ tinha ‘tropa’ armada para ameaçar e até matar concorrentes de pirâmide financeira

Homens formavam o “setor de inteligência” do Faraó, responsável por monitoramentos, ameaças e até a eliminação de concorrentes da organização criminosa

Nas festas luxuosas que costumava fazer, o ex-garçom e ex-pastor Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, fechava os acessos de sua mansão no Condomínio Moringa, em Cabo Frio, com homens fortemente armados e um barco atravessado no canal em frente à casa. O que as investigações sobre ele descobriram agora é que essa pequena tropa não fazia apenas segurança. Esses homens formavam o “setor de inteligência” do Faraó, responsável por monitoramentos, ameaças e até a eliminação de concorrentes da organização criminosa chefiada por Glaidson.

A mais recente operação contra o Faraó, a Novo Egito, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ) na sexta-feira (9), revelou que Glaidson destinava parte dos recursos obtidos com o golpe da pirâmide financeira, disfarçada de investimentos em bitcoins, para custear aluguel de carros, compra de armas, pagamento de seguranças e contratação de detetives e pistoleiros para garantir a soberania no mercado de pirâmides na Região dos Lagos.

As investigações demonstraram que seis das empresas de fachada criadas por Glaidson foram utilizadas para garantir o fluxo financeiro entre o negócio do Faraó, liderado pela GAS Consultoria e Tecnologia, e o “setor de inteligência”. O Gaeco também descobriu que outras duas firmas, a Central Pescados e Alimentos Mourão e a Alfabank Consultoria e Investimentos, serviam para o dinheiro chegar aos executores dos crimes.

Limpeza em Cabo Frio

A quebra do sigilo telefônico do Faraó revelou que ele recorria a esse “setor de inteligência” para emitir a seus subordinados ordens diretas sobre quais concorrentes deveriam ser “zerados/eliminados”. Em mensagens trocadas com um dos seus comparsas, Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, Glaidson — utilizando o nome “Souza Santos” — pede ajuda para criar “uma equipe de dez cabeças para fazer uma limpeza em Cabo Frio”.

Disposto a eliminar, segundo as investigações, o representante de uma empresa de investimento, Glaidson, em outra troca de mensagens com Piloto, fornece dados sobre o local onde o alvo estaria e pede ao comparsa que “passe” logo a vítima, determinando que seja feito “cerol”. O Faraó ainda disse que “se eles (pistoleiros de Piloto) não podem ou têm medo” de executar o serviço, buscaria outros e que “quer comprar dois fuzis”, mas está sentindo “eles fracos” (sic). O alvo não foi morto.

A operação, deflagrada após o Gaeco denunciar 17 envolvidos no esquema, dos quais 12 com ordem de prisão dada pela 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio, revelou ainda conexões com a contravenção. Para eliminar um dos concorrentes, em agosto do ano passado, Glaidson chegou a pagar R$ 450 mil para o ex-PM Wagner Dantas Alegre, o mesmo pistoleiro denunciado como o autor dos disparos de fuzil que mataram o contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020.

Por sorte da vítima, cujo nome não foi identificado, Glaidson foi preso no dia seguinte (25 de agosto de 2021) ao pagamento do valor combinado, e a execução foi suspensa. De acordo com as investigações, o intermediário da empreitada foi o contraventor Carlos Alberto Nassar Júnior, o Barba, que teria adiantado o pagamento e não conseguiu receber o reembolso, razão pela qual passou a ameaçar o Faraó.

Para facilitar o monitoramento dos inimigos, a organização contava, ainda, com o uso de drones e valia-se de informações sigilosas obtidas por meio de acesso criminoso a bancos de dados exclusivos de agentes da segurança pública, como, por exemplo, a consulta à Rede Infoseg.

Alvo central da Operação Krytpos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) em agosto do ano passado, o Faraó foi preso na época por montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoins.

Investigações abertas pela Polícia Civil, com base na Operação Kriptos, concluíram que Glaidson foi o mandante da morte de Wesley Pessano e das tentativas de homicídio contra Nilson Alves da Silva e João Vitor Rocha da Silva Guedes, todos concorrentes da GAS. Pessano foi morto em agosto do ano passado, em São Pedro da Aldeia. Comprovantes de transferência bancária obtidos pelo Gaeco mostram que, no dia seguinte, Glaidson, por meio das empresas DSM Soluções e AMS Soluções, enviou para a Central Pescados R$ 1,08 milhão. A defesa de Glaidson não se manifestou.

*Com informações do jornal Extra.

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