Moradores e turistas de Cabo Frio acreditaram até o último minuto que o município contaria com a tradicional queima de fogos. Na Praia do Forte, na contagem regressiva para a passagem do domingo (31) para a segunda-feira (1), a expectativa era máxima. Contudo, às 00h, o show pirotécnico não iluminou o céu, frustrando as milhares de pessoas presentes.
Apesar de Magdala Furtado (PL) ter informado, na última sexta-feira (29), que o município não contaria com a queima de fogos por conta da Lei 3.632/2022, que proíbe de artefatos com estampido, alguns moradores foram passar a virada na Praia do Forte, na esperança de que a cidade tivesse arrumado uma solução para o caso. Este foi o caso de Matheus Gomes, morador do município.
Matheus contou ao Portal que acreditou até o último instante que a prefeitura arrumaria alguma solução para a intercorrência. “Esperei a queima de fogos até o minuto final, na expectativa de que algo poderia acontecer. Mas não, não aconteceu. Fiquei decepcionado. Nossa cidade não merece isso, nosso povo também não. Fiquei extremamente triste, porque é uma tradição tão bonita e a prefeita não se preocupou em fazer nada para ajudar”, compartilhou.
Além disso, Matheus, que conversou com algumas pessoas que também demonstravam frustração com a falta do show pirotécnico, disse que “muitos turistas não sabiam que não haveria a queima de fogos”. “Eles não estavam sabendo, muitos estavam sentados em direção às balsas, na expectativa. A verdade é que, às 00h, ficou um climão”, pontuou, mencionando, ainda, o show da sertaneja Paula Fernandes. “Som estava horrível. Fiquei atrás do palco e não ouvi um ai dela (cantora). Nossa, pior Réveillon da história de Cabo Frio, sem dúvidas”.
Quem também não gostou da estrutura do show da virada foi a Ludmila Dias. Com o cancelamento da tradicional queima de fogos, ela e o amigo acreditaram que Paula Fernandes seria a salvação do Réveillon cabo-friense, fato que, segundo relato, não se confirmou.
“Ficamos decepcionados com a falta dos fogos e com a estrutura dos shows, já que o som estava muito baixo, e com a escolha dos artistas, péssimas opções”, enfatizou.
Vale salientar que, nesta virada, o número estimado de turistas flutuantes era de 1,8 milhão. A Praia do Forte chegou a viralizar nas redes sociais, devido a superlotação na faixa de areia.
Outra moradora que também se decepcionou com a falta da queima de fogos em Cabo Frio foi Larissa Dias, que foi até a Praia do Forte passar o Réveillon e, assim como Matheus, acreditou, até o último instante, que a cidade promoveria alguma resolução alternativa.
“Fui com meus amigos na expectativa de ter alguma coisa além daqueles ‘gatos pingados’ que soltam aleatoriamente. Fiquei pensando em Balneário Camboriú (Santa Catarina), que fez um grande show de drones. Fiquei pensando… Vai que a prefeitura programou alguma surpresa, não é? Mas não. Não programou. Fui para casa cedo”, declarou.
Às 00h, o clima era de absoluta frustração, com fogos aleatórios sendo lançados pelas ruas em pontos aleatórios, mas sem o tão desejado show pirotécnico. Inclusive, na faixa de areia, na altura dos quiosques, um rojão estourou no chão, fato que gerou certo tumulto entretanto, por sorte, não se passou de um susto.
Por fim, os milhares de turistas e moradores que decidiram passar a virada na Praia do Forte avistaram a queima de fogos em Arraial do Cabo. O lema utilizado por quem estava no local era: “quem não tem cão, caça do com gato”.
Em relação aos relatos de som baixo no show da cantora Paula Fernandes, o Portal RC24h entrou em contato com a prefeitura de Cabo Frio e aguarda retorno.
POLÊMICA DOS FOGOS EM CABO FRIO
A principal alegação utilizada pela prefeitura de Cabo Frio para a suspensão da queima de fogos no Réveillon 2023/2024 foi a falta de tempo hábil para se organizar e licitar fogos sem estampido e impedimentos realizados pela presidência da Câmara Municipal, apesar de a legislação que proíbe fogos com estampido estar em vigor há mais de um ano.
Após recomendação do Ministério Público do Rio de Janeiro para seguir a Lei 3.632/2022, o município procurou a justiça diversas vezes na tentativa de reverter a proibição dos fogos com estampido, além de solicitar uma sessão extraordinária na Câmara de Vereadores. Todas as tentativas, incluindo dois pedidos de liminar, foram negadas, com a justiça reiterando a necessidade de aderir à legislação local já estabelecida.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro justificou a negação dos pedidos de liminar da prefeitura exatamente pelo fato de que a lei já está em vigor há mais de um ano.
Ludmila Lopes
Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há três anos e atua, desde julho de 2022, como repórter do Jornal Razão, de Santa Catarina.
É autora publicada, com duas obras de romance e mais de 500 mil acessos nas plataformas digitais.