O assessor especial no gabinete de Magdala Furtado, prefeita de Cabo Frio, Rodrigo Menezes de Vasconcellos, carrega diversos processos judiciais. Os dados foram coletados no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do Jusbrasil. Acusado de crimes graves, incluindo difamação, violência doméstica, extorsão, organização criminosa por fake news, alienação fiduciária, ameaça e alienação parental, a presença de Menezes na administração municipal tem levantado questionamentos da população sobre critérios éticos e de responsabilidade na escolha de cargos públicos.
Desde o dia 1º de setembro, Rodrigo exerce a função de supervisor no gabinete. Contudo, informações indicam que a trajetória no governo municipal incluiu um período na secretaria de Saúde.
O ponto central dessa polêmica que tem tomado conta da cidade é a decisão de Magdala Furtado em nomear um indivíduo com tantos processos, inclusive na Lei Maria da Penha, para um cargo de confiança no município. Uma série de acusações graves que, segundo informações divulgadas pelo próprio servidor, a gestora já tinha conhecimento.
Na semana passada, durante uma fiscalização na Praça do Moinho, no bairro Peró, a jornalista e CEO do Portal RC24h, Renata Cristiane, foi vítima de assédio verbal por parte de Rodrigo. O caso ocorreu durante a inspeção de um parque de diversões montado irregularmente no local, autorizado pela prefeitura.
Conforme o TJRJ, Rodrigo Menezes já tem uma condenação por ameaças, extorsão em fake news e Maria da Penha, resultando em uma indenização de R$ 40 mil devido à exposição dos filhos da ex-mulher. Detalhes desse caso foram expostos no próprio perfil dele no Instagram.
Além disso, a prisão de Rodrigo por extorsão de fake news ganhou destaque na mídia nacional, sendo veiculada em grandes veículos de imprensa, como Globo, Extra, Dia, Uol e até mesmo em programas de televisão, como o Brasil Urgente e RJTV.
Segundo investigações policiais divulgadas à época, a quadrilha criminosa agia desde 2014 na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, extorquindo políticos e empresários. O grupo criava páginas falsas em redes sociais, como Facebook e Instagram, para publicar notícias falsas e atacar as vítimas.
No caso, o grupo oferecia serviços de marketing digital aos políticos e empresários. Se as vítimas não aceitassem os serviços, a quadrilha começava a publicar notícias falsas sobre elas, com acusações de corrupção, desvio de dinheiro público, envolvimento com o crime organizado, etc. Essas notícias eram publicadas em grande escala, o que prejudicava a imagem das vítimas e podia até mesmo levar à perda de seus cargos.
Ainda segundo informações do caso divulgadas à época, o grupo extorquiu políticos de diferentes partidos, incluindo o deputado federal Áureo Lídio, o prefeito de Caxias Washington Reis, o prefeito de Magé Rafael dos Santos Souza e a prefeita eleita de Guapimirim Marina Pereira Ribeiro.
Além de políticos, o grupo também teria extorquido empresários de diferentes setores, como laboratórios, supermercados e farmácias.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram uma operação em dezembro de 2020 para desarticular o grupo. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. O líder do grupo, Igor Patrick de Souza, foi preso, mas outros cinco integrantes do grupo continuam foragidos.
Os acusados, entre eles Rodrigo Menezes, foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, crimes contra a honra e extorsão. O MPRJ afirma que o grupo tinha a intenção de expandir o esquema para todo o estado do Rio de Janeiro.
A reportagem entrou em contato com Rodrigo e com a prefeitura de Cabo Frio, questionando sobre as acusações.
Sobre os fatos, Rodrigo nega, apesar de ter dito, em um primeiro momento, que a prefeita sabia de todos os processos dele, inclusive a acusação de extorsão. Porém, voltou atrás e declarou que os fatos são inverídicos e estão vindo à tona para “denegrir a sua imagem”.
Sobre a acusação relacionada à lei Maria da Penha, Rodrigo declarou que tudo não passou de um mal entendido e culpou a ex-namorada dizendo que isso foi causado após ele ter colocado o fim em uma relação abusiva: “ela não aceitava o fim do relacionamento”
O assessor da prefeita disse, ainda, que vai procurar a justiça.
A prefeitura ainda não retornou.