Nos últimos dias, o assunto mais comentado em Cabo Frio é sobre a polêmica ‘briga’ entre homens, identificados como Arthur Freitas, João Mesquita e Samir Kakal, e o guarda municipal Piterson Oliveira, no último domingo (12). Inicialmente, conforme depoimentos , o grupo teria agredido o GM devido ao mesmo querer aplicar uma multa, já que o carro deles estava estacionado em local proibido. Entretanto, na tarde dessa terça-feira (14), os ‘agressores’ deram outra versão com exclusividade ao Portal RC24h. Segundo o relato, no vídeo compartilhado nas redes sociais, o agente estaria no chão porque estava sendo imobilizado para que não os agredisse, e, além disso, os jovens afirmam que, na situação, houve abuso de autoridade.
Arthur e João Mesquita contaram que tudo começou devido ao carro estar estacionado em local proibido, em frente ao Terminal Rodoviário Alexis Novellino. Acontece que, diferente do compartilhado, as vítimas contaram que o guarda, “sem farda, estava do outro lado da calçada, chegou de forma agressiva, xingando e mandando que o veículo fosse retirado”. A confusão começou quando um dos rapazes, não mencionado inicialmente, que estava dirigindo o carro, saiu e ficou parado em frente à placa. O agente teria chegado de forma truculenta e, como resposta, o garoto o empurrou. De imediato, o GM, segundo relato, o socou no rosto, fazendo com que Arthur, o rapaz que aparece por cima do agente no vídeo compartilhado nas redes sociais, interviesse na ação.
Os rapazes disseram, ainda, que não estavam embriagados e, em momento algum, se recusaram a receber a multa. A confusão teria acontecido devido à forma que Pìterson os abordou.
Segundo depoimento de Arthur, o agente tentou derrubá-lo, mas ele conseguiu contornar a situação e colocá-lo por baixo, o imobilizando. Foi nesse momento que o guarda pediu para soltá-lo. “Aí eu falei ‘eu vou te soltar, mas você não vai fazer nada. Quando eu fui soltar ele, pum, foi aí que ele me acertou um soco (no rosto)! Está até roxo”, conta. O rapaz pontua que, durante a ação, não agrediu o agente, apenas tentou segurá-lo. Sobre o fato, imagens feitas na sessão da câmara desta terça-feira (14), da qual Piterson participou, mostram o rosto do GM sem feridas, o que corrobora com a versão do acusado.
Em seguida, ainda conforme o depoimento, o GM voltou a tentar ‘atacar’ seu amigo que estava dirigindo o veículo, mas o mesmo saiu correndo. Piterson o seguiu, mas desistiu e voltou até o local onde estavam os rapazes. Foi então que uma outra guarda chegou, afirmando que chamaria a polícia, além de reforços. Os jovens falaram que “ela deveria sim chamar, pois, por conta dessas atitudes, e que ele estava errado”.
“Quando ele veio em nossa direção, a discussão (…) foi em direção à rodoviária mesmo, dentro da rodoviária. (…) Ele saiu e foi em direção de onde os ônibus saem (…), o carro dele estava ali. (…) Ele abriu a mala, pegou um cassetete, abriu a porta e pegou um spray de pimenta. (…) Aí ele veio na nossa direção”, comenta.
Nesse momento, os jovens já haviam retirado o carro do local proibido e estacionado em outro ponto. Piterson chegou, conforme afirmam, novamente de forma truculenta. João, que, ainda segundo relato, em momento algum teria tocado no agente, estava conversando com a guarda e foi surpreendido com a tentativa do GM de acertá-lo com o cassetete. Ele conseguiu colocar o braço na frente e se defender do golpe, contudo, Piterson jogou spray de pimenta em seus olhos. O rapaz, que tem lesão em uma das vistas, saiu correndo em desespero, desnorteado.
Depois disso, o GM ainda tentou acertar Arthur, que estava próximo, com o cassetete, mas o mesmo conseguiu pegar objeto – que, segundo ele, seria jogado no chão, para que não acontecesse mais nenhuma agressão – porém, antes que tomasse qualquer atitude, um outro guarda, que fazia parte do reforço chamado pela agente, deu um ‘mata-leão’ no rapaz, até o deixar desacordado. Mesmo desmaiado, o guarda continuou o enforcando. “Poderia ter me matado”, disse Arthur.
Os rapazes comentam, ainda, que, na situação, houve abuso de autoridade, já que os mesmos não permitiram que houvesse gravações e, ao perceberem que estavam sendo filmados, eles entravam em frente à câmera ou mandavam que o vídeo fosse apagado.
Em seguida, após toda a situação, o grupo foi encaminhado à 126ª DP (Cabo Frio). Lá, por não ter inspetores naquele momento, Arthur, juntamente a Samir, que é DJ e também estava presente na situação, e o guarda municipal foram levados à UPA da cidade, onde foram atendidos. O rapaz diz que não foi efetivamente medicado, já que ninguém limpou seus ferimentos. Os dois logo receberam alta, portanto, ao contrário do que vem sendo compartilhado nas redes sociais, o GM não teria ficado internado na UPA.
Enquanto isso, na delegacia, João conta que sofreu ameaças de outros guardas. Um deles, segundo o rapaz, teria dito que “se fosse ele, resolveria a situação no dedo (atirando)”. Além disso, quando Samir e Arthur retornaram à DP, antes que o DJ entrasse, um guarda deu um ‘tapa’ em sua nuca. Conforme o relato, aproximadamente sete agentes se reuniram ao redor do rapaz, o intimidando, quando houve a agressão.
Na situação, ainda de acordo com o depoimento, Samir e João seriam testemunhas, mas, no momento, Piterson também os acusou. Eles afirmam que o guarda os apontaram como participantes efetivos da confusão, mas, ainda no vídeo que está sendo compartilhado nas redes sociais, mostra João questionando o que houve, longe de toda a confusão, o que contrapõe essa versão. No final, o GM fez o Boletim de Ocorrência e os jovens também, sendo um deles devido ao uso de spray de pimenta. O processo segue sendo investigado em sigilo.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).