Uma retirada de escombros do Galpão do Sal, localizado no bairro Passagem, em Cabo Frio, gerou polêmica na cidade. O imóvel, que é de propriedade privada, remete ao período salineiro cabo-friense e vem sendo alvo de um conflito de interesses há mais de quatro anos.
O galpão havia sido tombado como patrimônio cultural imaterial histórico da cidade, com tombamento estadual de acordo com a Lei 8606/2019, que entrou em vigor no dia 1º de novembro de 2019. Durante o início da pandemia do coronavírus, uma parte do conjunto arquitetônico desabou. Na época, surgiu a hipótese de ter sido uma demolição proposital, que foi descartada pela Defesa Civil. Um inquérito chegou a ser aberto pela Polícia Civil para investigar o caso.
Os escombros permaneceram no local desde então e, no dia 14 de julho deste ano, a prefeitura de Cabo Frio autorizou a retirada do material decorrente da queda de parte do imóvel, “devendo ser mantida toda a estrutura que segue edificada”, disse o município em nota.
Além disso, a prefeitura também esclareceu que uma solicitação de demolição, “feita pelo proprietário do imóvel, não foi decidida a tempo da tomada de medidas protetivas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural”. O Instituto Nacional do Patrimônio Artístico e Cultural (Iphan), se manifestou favorável à autorização para a demolição do Galpão do Sal, em 24 de julho de 2019.
Se por um lado a prefeitura afirma que somente houve a retirada dos escombros, na outra ponta, defensores do patrimônio histórico afirmam que o local terminou de ser demolido.
Nas redes sociais, o historiador João Christóvão publicou um texto sobre assunto. Ele afirma que não foi uma “surpresa, dada à região onde o galpão estava localizado, os interesses econômicos ali envolvidos e o histórico de pouca ou nenhuma atenção por parte do poder público local a elementos da sua história, sobretudo àquela parcela relacionada à história dos trabalhadores”.
Pessoas ligadas à cultura da cidade temem que o espaço na Avenida Almirante Barroso, com saída para o Canal do Itajuru, seja alvo de especulação imobiliária.
“A cidade resiste mas fica cada vez mais feia na medida que espaços importantes para contar sua história vão sendo apagados e o acesso público a áreas privilegiadas seguem sendo privatizados”, finalizou o historiador.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.