Em meio à expectativa para as festividades de Natal e Ano Novo, o trade turístico de Cabo Frio está em efervescência devido a um comunicado recente da Prefeitura. A administração municipal emitiu um documento que restringe o acesso de veículos particulares de guias, funcionários e prestadores de serviços ao Terminal de Ônibus de Turismo (TOT), gerando descontentamento generalizado.
A medida, que entra em vigor a poucos dias do início da alta temporada, não aborda as questões urgentes de segurança enfrentadas no TOT. Os guias de turismo relatam exposição a riscos físicos devido à ausência de vigilância adequada, inexistência de câmeras de segurança e apoio limitado da guarda municipal ou polícia. Incidências de depredação e furto a ônibus estacionados no local também são frequentes.
A inadequação da infraestrutura do TOT se estende aos visitantes, com banheiros públicos em condições precárias, calçamento suscetível a lama após chuvas e vegetação descontrolada, podendo se tornar um foco de mosquitos transmissores de doenças.
Além disso, o novo limite de apenas três táxis e dois veículos de aplicativo por vez é considerado insuficiente para atender à demanda da temporada de Réveillon, com mais de 130 ônibus chegando e saindo do local.
“Cabo Frio é uma cidade que tem 312 taxis registrados na Secreta de Mobilidade Urbana. E nesse momento, que os ônibus não vão entrar na cidade, são mais ou menos 4 mil pessoas que vão desembarcar naquele local. E o sindicato, como sempre vem fazendo, coloca receptivo, organiza o ponto do táxi para dar uma recepção maravilhosa aos turistas que estão chegando na nossa cidade. A cidade vai estar lotada, os ônibus vão ficar ali dentro e os taxistas vão fazer o transporte. É o momento de ficar mais ou menos 60 táxis, 50 taxistas, e de acordo que a gente vai fazendo o desembarque, os ônibus começam a chegar às 3h30, 4h, e a gente tem que estar ali atendendo essa demanda. A gente não atrapalha em nada, a gente quer atender bem. São pessoas de idade, criança, cadeirante. Imagina, o táxi só pode ficar 15 minutos. As pessoas com muitas malas, não conseguem isso. Se a gente ficar parado na ciclovia, vai atrapalhar o trânsito todo, e a gente não quer isso, porque parar em ciclovia é multa, e nós somos profissionais do volante”, questiona o presidente do Sindicato dos Taxistas, Josemar Moreira, o Baiano do Táxi.
O presidente da Associação de Hotéis e Turismo de Cabo Frio, Carlos Cunha, expressou a insatisfação, afirmando que a medida não beneficia turistas nem trabalhadores, e pediu uma solução pacífica. Um ofício foi enviado à secretaria de Mobilidade, à prefeita de Cabo Frio, Magdala Furtado (PL), à secretaria de Turismo, ao Conselho Municipal de Turismo e à Comissão de Turismo da Câmara.
Em meio às críticas, uma guia de turismo denunciou a “ditadura absurda” do coordenador da Mobilidade, a retirada de uma tenda que protegia do sol e da chuva, e a falta de estrutura para receber turistas, especialmente mulheres desacompanhadas.
“Essa tenda que eles desmontaram é uma tenda velha de doação que colocamos na porta dos banheiros pra gente poder ficar embaixo aguardando os ônibus. De madrugada às vezes chove, às vezes de tarde está o sol e a gente tem uma sobra pra ficar. Aí sobre o pretexto de usar na festa de confraternização da Mobilidade, eles desmontaram a tenda e levaram. A mesa e as cadeiras que estão lá foi doação da minha mãe que tem um barzinho. Pegou as cadeiras de madeira que ela não usava mais e uma mesa, aí deu pra gente poder botar uma garrafa de café em cima, botar uma prancheta, sentar, ficar aguardando. Aí desmontaram tudo, expulsaram a gente do TOT”, conta um guia de turismo.
O clima é de preocupação entre os profissionais do turismo, que destacam a falta de diálogo do governo municipal e as consequências desumanas para o setor, colocando em xeque a qualidade do turismo local.
O Portal RC24h entrou em contato com a Prefeitura de Cabo Frio e aguarda um posicionamento sobre o caso.