Nos últimos quatro anos, o número de estabelecimentos e prestadores de serviço aptos a receber em mumbucas cresceu 8.400%.
A política de proteção social e econômica de Maricá, lançada em dezembro de 2013 com o programa Renda Mínima Mumbuca (transformado em Renda Básica de Cidadania em 2019), simbolizada pela moeda social Mumbuca, atingiu um resultado expressivo na última terça-feira (6): o empreendedor de número 10 mil se cadastrou para aceitar Mumbucas como forma de pagamento.
Nos últimos quatro anos, o número de estabelecimentos e prestadores de serviço aptos a receber em mumbucas cresceu 8.400%.
Para que se tenha uma ideia do crescimento alcançado pela moeda social como principal meio de pagamentos no município, em dezembro de 2020, mais de seis mil empresários recebiam em mumbucas; um ano e meio antes, em junho de 2019, havia cerca de 1.600 comércios operando com a moeda, enquanto em janeiro de 2017 eram apenas 119 estabelecimentos aptos a receber mumbucas. Hoje 42.500 beneficiários atuam nessa rede. Há três vezes mais máquinas que recebem em mumbucas do que as máquinas de cartões comuns na cidade.
Vice-prefeito de Maricá, Diego Zeidan (PT) era secretário de Economia Solidária em 2020, época da ampliação do programa – que passou a contabilizar os beneficiários individualmente, aumentando o valor pago a cada família cadastrada no programa. Ele destaca o espaço que a moeda Mumbuca conquistou na cidade, garantindo uma injeção crescente de recursos e dando maior dinamismo à economia maricaense.
“Essa marca de dez mil empresários cadastrados mostra que a moeda Mumbuca cresceu para além de sua função puramente social, de prover a renda básica: ela se firmou como meio de pagamento fundamental para a economia local. O número de estabelecimentos e empreendedores aptos a receber em mumbucas é a prova de sua ampla aceitação”, afirmou Zeidan.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Maricá, Igor Sardinha, também aponta o caráter de vetor do desenvolvimento atingido pela moeda social, que vai além do já fundamental combate à miséria – motivação primeira do programa RBC. Segundo ele, isso ocorreu graças à ampla aceitação entre os agentes econômicos locais e à exclusividade de circulação da moeda, restrita aos limites do município.
“A Renda Básica de Cidadania, com sua particularidade de ser executada com uma moeda local, garante que cada centavo desses recursos circule apenas no município, gera demanda adicional no comércio e injeta dinheiro na economia, fazendo com que os empresários da cidade vendam mais, gerando assim mais emprego. É desenvolvimento econômico com justiça social”, definiu Sardinha, acrescentando que atualmente a RBC injeta mais de R$ 12 milhões mensais na economia maricaense.
Evidenciando o caráter social e também econômico da moeda Mumbuca, a moradora de São José de Imbassaí Erika Silva conta sua história: ela se tornou empreendedora em 2020, após ficar desempregada no início de março, nos primeiros momentos da pandemia de Covid-19. Sem trabalho à vista, ela buscou qualificação profissional e fez cursos na área de estética e beleza. Desde meados do ano passado, ela faz atendimentos em sua casa, no loteamento Parque São José, e nos domicílios dos clientes.
Incentivada por amigos comerciantes, ela esteve na última semana na agência do Banco Mumbuca e se cadastrou para poder receber o pagamento por seus serviços em moeda social, tornando-se a empreendedora de número 10 mil na rede Mumbuca.
“Aqui mesmo onde moro há muitos beneficiários da RBC, pessoas que às vezes não têm dinheiro em mãos para pagar por um produto ou serviço, mas contam com essa facilidade de consumir usando a moeda mumbuca diretamente no comércio local. Pensei em aproveitar essa facilidade para aumentar meus rendimentos também”, afirmou Erika.
Desde seu lançamento, o programa Renda Básica de Cidadania vem projetando Maricá em todo o mundo. A abrangência, a perenidade e o alcance social do RBC não encontram paralelo em iniciativas similares. A maior delas, no Quênia, por exemplo, beneficia em torno de 26 mil pessoas em diferentes regiões do pais, mas que recebem créditos em dinheiro.
A associação do conceito de Renda Básica Universal a um crédito com moeda social local via cartão de débito já é avaliada em pesquisas internacionais como o principal fator de estabilidade. E num ambiente de pandemia, com restrições ao funcionamento do comércio, o aporte revelou-se como uma importante ferramenta de segurança social na cidade.