O programa Renata Cristiane Online, transmitido de segunda a sexta-feira pela Rádio RCFM 88,7 e também em formato multiplataforma, recebeu nesta quinta-feira (20) três convidados para uma conversa sobre racismo, representatividade e a celebração do povo negro no mês da Consciência Negra. Participaram o professor Moisés de Oliveira, especialista em História Afro-brasileira; Vanessa da Conceição, representante do Quilombo Fazenda Espírito Santo; e Uriel da Saúde, novo secretário de Igualdade Racial e Políticas Públicas de Búzios.
Questionado sobre a existência do racismo no Brasil, o professor Moisés afirmou que a realidade cotidiana comprova que ele ainda está presente. “Todo mundo diz que não existe mais e que não é racista. Mas no dia a dia não é isso que vemos”, disse. Para ele, as instituições brasileiras continuam reproduzindo o racismo estrutural, destacando a desigualdade entre quem ocupa posições de poder e quem está privado de liberdade.
Vanessa da Conceição também levou reflexões importantes sobre a forma como a sociedade enxerga os territórios quilombolas. Segundo ela, ainda há uma idealização que ignora a vida real das pessoas que ali vivem. Vanessa explica que visitantes costumam perguntar sobre apresentações culturais ou encenações, reforçando estereótipos. “Lá vivem pessoas normais e não atrações”, ressaltou.
Ambos participaram ainda do quadro Like e Deslike, no qual deixaram um “like” para a família e um “deslike” para o racismo e para a falta de atenção dedicada aos quilombos.
O programa também contou com a presença de Uriel da Saúde, que assumiu recentemente a Secretaria de Igualdade Racial e Políticas Públicas de Búzios. Ele destacou a relevância de compreender a história da cidade para fortalecer políticas antirracistas. Uriel lembrou que bairros como a Rasa e José Gonçalves têm forte ligação com o passado escravista: enquanto a Rasa recebeu desembarques de pessoas escravizadas, José Gonçalves abrigou uma fazenda escravocrata que utilizava a praia para o tráfico negreiro.
No quadro Like e Deslike, Uriel também registrou suas preferências: “O meu like vai para todos os negros e negras. O deslike vai para os preconceituosos”.
