Renata Cristiane, jornalista e CEO do Portal RC24h, historiadora, colunista política e editora, com forte atuação na Região dos Lagos, foi vítima, nesta sexta-feira (1°), de racismo. Um bilhete, deixado em dois pontos de ônibus de São Pedro da Aldeia, afirmava em letras garrafais “RENATA CRISTIANE REPORTE MACACA” (sic). Em pouco mais de uma semana, mais especificamente uma semana e três dias, outro caso de racismo também foi registrado, enquanto o estudante Wagner Muniz participava de um podcast gravado no município.
Renata recebeu a imagem do bilhete nesta manhã (1°), pelo WhatsApp, e foi até o local conferir. Em suas redes sociais, mostrou o local exato em que estão: no ponto de ônibus sentido Cabo Frio e sentido São Pedro da Aldeia, próximo ao Pronto Socorro. Além de perceber que estavam muito bem colados, para que ninguém conseguisse tirar (como é possível observar na segunda foto abaixo).
“Lamentável. Desagradável pra caramba isso. Constrangedor, angustiante, e dá vergonha! Não só por essa situação… mas vergonha alheia, vergonha por mim e vergonha pelo Brasil”, disse ela.
Com a grande repercussão do caso, a onda de carinho recebido foi enorme. Muitas pessoas se solidarizaram com a situação vivida por Renata, lembraram que racismo é crime por lei e relembraram do caso do Wagner Muniz, que também sofreu racismo a pouco tempo. A jornalista – que trabalha há 20 anos na Região dos Lagos – diz que nunca tinha passado por uma situação dessas e se diz indignada e estarrecida. “Até quando vamos ter que suportar isso?”, questiona.
Caso Wagner Muniz
Enquanto participava da gravação do programa “UMA PROSA PODCAST”, na última terça-feira (21), em São Pedro da Aldeia, Wagner Muniz sofreu ataques racistas e difamação vindo de uma conta da rede social com nome de Gabriel Silva, mas sem fotos e informações adicionais. O jovem não percebeu os comentários no momento da filmagem, mas foi alertado por amigos na madrugada de quarta-feira (22) e, já pela manhã, entrou com medidas judiciais.
Wagner entrou em contato com seu advogado, Guilherme Teixeira, e começaram a agir. Primeiro, os dois foram até o Ministério Público Federal de São Pedro da Aldeia fazer o registro de ocorrência. Depois, foram à Cidade da Polícia Federal, no Rio de Janeiro – delegacia especializada em crimes de informática -, e também fizeram a representação.
São Pedro da Aldeia
Sobre os casos registrados em São Pedro da Aldeia, o prefeito Fábio do Pastel se pronunciou dizendo que repudia qualquer ato de racismo, por palavras ou atitudes, no município. E continua:
“Recebi com tristeza a informação sobre manifestações racistas em um cartaz fixado em via pública no nosso município. Isto é inaceitável! O respeito pelo ser humano é indiscutível. Além do mais, a história da nossa terra está permeada é indivisível da história do povo preto que aqui firmou as raízes da nossa sociedade, junto com outras etnias. Somos um povo hospitaleiro, acolhedor e respeitoso, e as manifestações de que vieram a público hoje não condizem com a conduta do povo aldeense.”
Em nota, a Prefeitura e a Coordenadoria de Comunicação também se manifestaram:
“Em vista dos últimos acontecimentos na cidade São Pedro da Aldeia, a Prefeitura informa que é contra qualquer tipo de manifestação com cunho racista e se solidariza com as vítimas.”
“A ASCOM da Prefeitura de São Pedro da Aldeia se solidariza com a colega jornalista Renata Cristiane e com o ativista social Wagner Muniz, que foram vítimas de racismo nos últimos dias. Esperamos que fatos como esses não se tornem rotina e nos colocamos à disposição para enfrentar a luta contra o preconceito.”