Às vésperas do Natal e do Réveillon, Cabo Frio enfrenta um caos que vai além da saúde e educação, alcançando também o turismo. O ápice da crise ocorreu nesta sexta-feira (20), quando Mariana Maussa, proprietária do terreno onde funciona o Terminal de Ônibus de Turismo (TOT), decidiu fechar o local com o próprio carro após receber imagens, às 5h da manhã, de máquinas realizando intervenções no espaço sem sua autorização. “Está fechado. Ninguém entra e ninguém sai”, declarou.
O TOT, localizado na Avenida Wilson Mendes, tem capacidade para receber 140 ônibus de turismo e costuma operar com lotação máxima em períodos festivos como o atual. Mariana afirmou que cerca de 70 a 80 veículos já estão no local, mas a entrada e saída de novos ônibus estão bloqueadas. “Eu sei que a cidade vai ficar um caos, mas é um caos que está tendo ciência da prefeita”, afirmou, referindo-se à gestora municipal, Magdala Furtado (PV).
A interdição é parte de uma disputa judicial que se arrasta há 18 anos. Mariana alega que o município utiliza o terreno sem realizar os pagamentos devidos, que incluem aluguéis atrasados e indenizações, somando R$ 22 milhões. Em 2020, foi firmado um acordo judicial para o pagamento em seis parcelas, mas, segundo disse Mariana durante uma entrevista a uma rádio local, nada foi cumprido. “Chegou uma hora que não dá mais. Não sai, não paga. Quer discutir, vamos discutir, mas fora da área”, disse.
Conforme Mariana, que é uma das herdeiras do terreno e representa a família na disputa, a situação escalou com a chegada de máquinas e caminhões no terreno na madrugada desta sexta-feira. “Eu recebi vídeos e imagens, às 5 horas da manhã, mostrando que estavam fazendo melhorias no terreno. Nós já temos processos administrativos e judiciais em andamento. Isso foi o limite”, explicou.
Além do bloqueio, Mariana afirmou estar sendo pressionada pela prefeitura. “Estou sendo coagida, porque apareceram secretário, procurador, guarda municipal e polícia”, disse. Apesar disso, reforçou que o fechamento será mantido até que a questão seja resolvida. “A juíza da 1ª Vara Cível precisa se manifestar”, disse.
Mariana apresentou documentos que comprovam a propriedade do terreno, herdado de seu pai, João Maussa. Ela relatou que o espaço foi cedido inicialmente para uma igreja e, posteriormente, utilizado pelo município como terminal de ônibus, sem qualquer pagamento ou formalização. “Meu pai sempre foi muito correto, cedeu o espaço, mas isso acabou gerando essa situação de exploração indevida”, afirmou.
Ainda segundo Mariana, a ocupação do terreno pelo município inviabiliza negociações com possíveis compradores interessados no local. “Nós tivemos a possibilidade de vender, mas eles não saem. Isso demandou uma ação judicial, e agora estamos aqui”, explicou. Ela também revelou que, em 2020, durante campanhas eleitorais, o espaço foi cedido para eventos, e todos os envolvidos já estavam cientes da situação.
A interdição acontece em um momento de alta demanda turística, com impacto direto na circulação de visitantes e no setor hoteleiro da cidade. Mariana reafirma estar aberta a negociações, seja pela venda do terreno ou pelo pagamento dos valores atrasados, mas alerta que a exploração irregular não será mais permitida.
Diante dos fatos, o RC24h entrou em contato com a prefeitura de Cabo Frio para questionar a situação. Em resposta, foi enviada a seguinte nota:
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que o terreno onde funciona o Terminal de Ônibus de Turismo (TOT) passou por processo judicial e está em posse do município. Todos os documentos constam nos autos do processo civil na Comarca de Cabo Frio, e a obstrutora foi convidada a desobstruir o acesso do serviço público para que o terminal volte a receber os veículos de turismo”.
Com informações da InterTV
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).