A Praia da Azeda, em Armação dos Búzios, vai perder o certificado Bandeira Azul, selo internacional concedido pela Foundation for Environmental Education (FEE) para atestar a qualidade ambiental de praias, informou o jornal O GLOBO nesta sexta-feira (31).
A decisão teria sido tomada após o município descumprir uma das regras básicas do programa — a Bandeira Azul não deve ser hasteada quando há problemas ambientais, como a classificação da água como imprópria para banho.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) classificou a água da Praia da Azeda como imprópria para banho em outubro de 2023, mas a bandeira continuou hasteada, disse Lena Bernardi, coordenadora nacional do Programa Bandeira Azul no Brasil.
Além disso, em vistoria recente, foi constatado que a cidade não mantinha guarda-vidas nas praias certificadas, outra exigência do programa. Agora, Búzios corre contra o tempo para evitar que outras duas praias, Forno e Tucuns, também percam o selo.
Com uma semana para apresentar uma proposta de correção das irregularidades, uma reunião foi realizada nesta quarta-feira (29) entre as secretarias do Ambiente e Urbanismo e Segurança e Ordem Pública. Ficou decidido que serão disponibilizados dois guarda-vidas fixos para ambas as praias, além de uma base provisória (tenda) com base frontal na posição da Bandeira Azul.
Apesar da perda, Búzios poderá se candidatar novamente para obter a Bandeira Azul para a Praia da Azeda em 2026 — ou seja, a suspensão vai durar um ano, o que gerou insatisfação por parte da prefeitura.
PREFEITURA SE POSICIONA
Em nota enviada ao RC24h, a secretaria do Ambiente e Urbanismo de Búzios afirmou que cumpriu a punição de baixar a Bandeira Azul nos dias 10 e 13 de outubro do ano retrasado, quando a água foi considerada imprópria para banho, e alegou que a punição foi excessivamente severa, argumentando que a praia foi reclassificada como própria para banho após nova análise solicitada ao órgão estadual.
A prefeitura destacou que segue a legislação CONAMA 247/2000 nas análises de água e que realizou cerca de 400 testes nas três praias certificadas (Forno, Tucuns e Azeda/Azedinha) durante a temporada 2023-2024.
Evanildo Nascimento, secretário do Ambiente e Urbanismo, sugeriu que a decisão do Júri Internacional do Programa Bandeira Azul pode ter sido influenciada por uma denúncia de uma ativista política. Segundo ele, em e-mail enviado à coordenadora do programa, a ativista teria apresentado um vídeo tendencioso de uma ex-vereadora, no qual mostrava um suposto esgoto in natura na praia. A prefeitura nega as acusações e afirma que as imagens foram desmentidas após análises técnicas da água e do costão rochoso.
A prefeitura também criticou o fato de outras praias do estado que tiveram problemas semelhantes não terem sido punidas da mesma forma. Segundo o município, o Programa Bandeira Azul deveria aplicar os mesmos critérios para todas as praias certificadas.
PRÓXIMOS PASSOS
Búzios espera reverter a decisão do Júri Internacional, argumentando que a coleta de água realizada pelo Inea ocorreu durante um período de chuvas intensas, o que pode ter afetado os resultados.