Um novo alerta de massacre, este em âmbito nacional, está preocupando autoridades e toda a comunidade escolar. No aviso que está sendo espalhado, a data apontada para a suposta investida está marcada para esta quinta-feira, dia 20 de abril.
O dia definido para criar pânico não foi escolhido aleatoriamente. Dia 20 de abril seria aniversário do ditador alemão Adolf Hitler, idolatrado por grupos extremistas. A data também marca os 24 anos da tragédia de Columbine, o primeiro grande ataque da história a uma escola americana, onde dois alunos da escola secundarista do estado do Colorado, nos Estados Unidos, invadiram a unidade armados com espingardas, carabinas, facas e explosivos e deixaram 15 mortos, sendo 12 alunos, uma professora e os dois próprios autores do crime, que cometeram suicídio.
Também há informações não oficiais ligando a data ao aniversário de um jogo onde, a cada ataque cometido, o jogador ganha mais pontos. O deputado Zé Trovão (PL-SC) fez um pedido ao governo Lula para que jogos eletrônicos com conteúdo violento sejam suspensos temporariamente no Brasil por 30 dias. O pedido foi feito ao Ministério da Justiça na segunda-feira (10) e cita o boato de que o autor do ataque à creche de Blumenau (SC), na semana passada, jogava videogame.
Apesar de se saber que a maioria das postagens nas redes sociais pode se tratar de alarme falso; as ameaças causam medo e insegurança a pais, alunos e professores e impacta a rotina escolar. Alguns pais estão preferindo não levar os filhos para a escola, outros estão questionando as medidas de segurança adotadas e até onde vai a investigação.
“Está aterrorizante. Até onde as autoridades estão investigando isso? Porque sendo fake ou não, as fontes tem que ser buscadas e cortar logo o mal pela raiz”, disse Érica Hoffmann, mãe.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou, na manhã desta terça-feira (18), uma reunião com governadores e prefeitos para discutir a elaboração de políticas públicas de proteção do ambiente escolar. Na ocasião, Lula destacou a influência dos jogos eletrônicos, os quais chamou de “porcarias”, e associou à violência e à morte.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, deu números sobre o canal que a pasta instituiu para receber denúncias de ameaças a comunidade escolar. Segundo o ministro, já há ao menos 225 pessoas presas por suspeitas de crimes em escolas. Ao todo, a plataforma já recebeu 7,4 mil denúncias.
“Não são casos isolados. Na verdade, é uma rede criminosa, estruturada e sabe Deus com quais parâmetros ou inspirações para recrutar nossa juventude para o mal”, disse Dino.
Cidades da Região dos Lagos reforçam patrulhamento nas escolas
Com o objetivo de assegurar a segurança dos alunos e professores, o 25° Batalhão da Polícia Militar (25º BPM) realiza um patrulhamento preventivo nas escolas da Região dos Lagos. A Polícia Militar solicita que, caso ocorra algum incidente suspeito, as equipes sejam comunicadas imediatamente.
No estado, o Governo do Rio de Janeiro reforçou o compromisso com a integridade dos alunos e profissionais da Educação e, por isso, criou uma série de medidas para identificar e prevenir a violência nas escolas. A Polícia Civil instaurou inquérito para monitorar aplicativos e perfis em redes sociais em que o conteúdo indique possível ataque a uma unidade escolar. Já a Polícia Militar intensificou o trabalho da Patrulha Escolar com ações preventivas e reforçou o policiamento em unidades escolares que receberam denúncias.
A Polícia Militar também está desenvolvendo o aplicativo ‘Rede Escola’ com botão de emergência que aciona eletronicamente o serviço 190. Um comitê permanente com a Secretaria Estadual de Educação e as forças de segurança vem se reunindo regularmente para a formalização de protocolos. Além disso, um treinamento de gestão de crise está sendo elaborado pelas forças especiais de segurança para capacitar professores e funcionários de escolas públicas e privadas.
A Secretaria Estadual de Educação está trabalhando em parceria com as policiais Civil e Militar, encaminhando as denúncias que vêm surgindo nas redes sociais e que estão causando preocupação entre os alunos, pais e profissionais da rede de ensino.
“O Governo do Estado trabalha para que o ambiente escolar seja sempre de paz”.
Pacote de medidas
Na reunião desta terça-feira (18), o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou um pacote de medidas para fortalecer a segurança das escolas, como o fortalecimento da infraestrutura e ampliação das equipes voltadas ao cuidado da saúde mental dos estudantes.
Uma das ideias do governo é criar uma proposta de programa para construir “círculos de paz” nas escolas do país. A medida, que está sendo discutida junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aplicaria os princípios da mediação de conflitos e da justiça restaurativa.
“O presidente Lula hoje anuncia um programa de fomento de implantação de ações integradas de proteção do ambiente escolar, infraestrutura, equipamentos, formações e apoio na implantação dos núcleos psicossociais”, afirmou o ministro.
De acordo com Santana, o MEC vai antecipar a parcela dos recursos repassados a estados e municípios pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). A ideia é que o montante de R$ 1,097 bilhão poderá ser usado pela rede de ensino para a proteção de escolas.
“Nós vamos sair com uma resolução hoje do FNDE para deixar expressamente claro que esse recurso poderá ser gasto em investimento de infraestrutura, para melhoria da proteção da segurança das escolas do Brasil”, disse Santana.