Câmeras acopladas nas fardas dos policiais militares que estariam envolvidos na morte de um menino de 11 anos, em Maricá, na manhã desta quarta-feira (12), serão analisadas pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). A família acusa os agentes de chegar atirando, mas a corporação informou que os policiais que atuaram na ocorrência foram atacados por criminosos.
Quatro policiais chegaram na sede da especializada, em Niterói, na tarde desta quarta, para prestar depoimento sobre o caso. Os investigadores já ouviram familiares da criança.
De acordo com os agentes que estavam na ocorrência, a equipe foi atacada a tiros por criminosos durante um patrulhamento no condomínio Minha Casa Minha Vida, localizado na Estrada do Bosque Fundo, em Inoã, o que gerou um confronto.
Após o conflito, os agentes encontraram o menino morto depois de ser baleado. A PM informou que a viatura dos policiais foi atingida pelos disparos e que os criminosos fugiram. A corregedoria da corporação acompanha o caso.
De acordo com a DHNSG, as imagens das câmeras corporais dos policiais militares foram solicitadas, as armas foram recolhidas e os agentes estão prestando depoimento. A investigação segue em andamento.
Família acusa PMs
Familiares acusam os policiais de chegar atirando no condomínio e que eles seriam os responsáveis pela morte do menino, que estava uniformizado para ir à escola. José Roberto Santos de Souza, pai da criança, aos prantos, disse que o filho era autista e não teve reação de correr no momento que ouviu os disparos.
“Os policiais entraram atirando, ninguém atirou contra eles, os vagabundos de lá não atiraram. O garoto não teve reação de correr. Eu estava em casa, quando ouvi os pipocos, eu nem tomei banho, escovei dente, nem nada, fui correndo, foi quando me avisaram: ‘seu filho está morto’. É covardia, agora ninguém vai salvar a vida dele, aquele lugar é um inferno, sempre acontece essa m…, eu estou muito mal, não estou aguentando mais”, disse.
O tio do menino, Jorge Luis Ribeiro de Amorim, reforçou a versão de que os policiais entraram atirando no horário em que as mães estavam levando as crianças para escola.
“Eu estava em casa quando recebi o telefonema dizendo que a polícia chegou atirando e pegou no menino. Eles falaram que ele era bandido, mas ele estava com uniforme. A mãe estava levando ele para a escola, o que é isso? E agora, o que vai ser feito? O menino já não volta mais. Nós só queremos Justiça, não pode um menino perder a vida do nada, deixando os irmãos sofrendo, a mãe tá sofrendo”, lamentou.
Jorge ainda descreveu o sobrinho como uma pessoa adorável: “Ele tinha um probleminha, era especial e todo mundo gostava dele, no domingo ele esteve na minha casa, dei uma pipa pra ele. Sou padrinho do irmão dele, então eles sempre passavam o final de semana lá em casa. É muito triste, lamentável, tá doendo demais. O garoto é o irmão mais velho e a situação aconteceu assim que ele saiu de casa com a mãe”.
Ainda na delegacia, um vizinho da família, Carlos Alberto Jaime, disse que o seu carro também foi atingido pelo mesmo projétil que atingiu a vítima.
“Eles entraram atirando. Meu carro estava parado na garagem. Começaram a atirar, eu olhei da minha janela e vi a mãe tentando puxar o garoto, mas ele já tinha sido baleado, então ele fugiu pra trás do prédio. Nisso, um vizinho saiu gritando e os moradores foram para fora. O garoto estava saindo, eles estavam entrando e a bala pegou no peito, vazou e atingiu meu carro que estava estacionado. Agora falam que trocou tiro, que o garoto era bandido, brincadeira, né?”, desabafou.
O menino era o mais velho entre dois irmãos. Até a tarde desta quarta-feira (12), familiares aguardavam a liberação do corpo, que foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) do Barreto, em Niterói, após passar por perícia.
A previsão da família, segundo o tio, é que o sepultamento do menino aconteça às 14h desta quinta-feira (13) no Cemitério de Maricá com velório começando uma hora antes.
*Com informações do Jornal O Dia.