O verão segue firme, e com a sensação térmica perto dos 40°C, quem tem que enfrentar o transporte público passa um verdadeiro sufoco. Na Região dos Lagos, os passageiros, que já reclamam do serviço durante o ano todo, somam a superlotação com o calor.
O ar-condicionado dos coletivos parou de ser usado durante a pandemia, seguindo as recomendações sanitárias da época. Porém, mesmo com a diminuição dos riscos de transmissão e o fim da pandemia, ele não foi mais ligado. Com isso, os passageiros sofrem com as altas temperaturas.
“Acho um absurdo não ligarem os aparelhos de ar condicionado. Faz muito calor na Região dos Lagos e os ônibus vivem absurdamente lotados. Tendo em vista o valor que pagamos para os serviços prestados pela salineira (eu por exemplo, todo mês pago de R$200,00 a 250,00 de passagem), acho que deveriam no mínimo ligarem os aparelhos. Quem depende do transporte sabe a dificuldade que é ficar de 40min a 1h dentro de um ônibus sentindo um calor insuportável, pressão caindo e a superlotação, disse uma passageira que utiliza a linha B101 (Cabo Frio X São Pedro da Aldeia) e prefere não se identificar.
Para piorar, os ônibus da linha 321 – Tangará X São Cristóvão, um dos que mais registram lotação, foram trocados por outros sem refrigeração. Anderson Lopes, que assim como muitos, faz diretamente o trajeto do bairro Jardim Esperança até o Centro, usou as redes sociais para chamar atenção ao problema:
“A justificativa é que no auge da pandemia do coronavírus, a recomendação era pra ter ventilação. Passamos por esse momento, estamos no verão, cidade cheia, muito calor, mais tempo no trânsito e o ar-condicionado segue desligado nos ônibus. Agora estão circulando ônibus novos que, aparentemente, não tem ar condicionado. O usuário fica exposto, tem sido terrível”, disse.
Além disso, usuários também reclamam que algumas linhas sofreram alterações nos horários e tiveram reduções durante a pandemia e não voltaram a funcionar normalmente.
“Desde da pandemia, uns ônibus passaram a ter horários especiais… Como o bairro Peró. Que sempre teve ônibus a noite inteira com intervalos de 1 h em 1 h, mas tinham. Agora o último busão sai às 22h. Os trabalhadores do shopping, por exemplo, saem as 23h. Com isso precisam ir embora de uber. Quem está lucrando são sempre eles, a passagem cara para caramba, ônibus escassos e trabalhador pagando uber pra voltar pra casa. Sem contar que o Peró não tem nada… Passou mal, tem q chamar uber para ir ao UPA, não tem dinheiro, espera amanhecer o dia, se tiver vivo, né”, afirmou Aline Nascimento.
Em resposta, a Salineira afirmou que trabalha de acordo com a norma vigente, que não exige obrigatoriedade, confira na íntegra:
“A Auto Viação Salineira informa que opera o serviço de transporte coletivo de passageiros com linhas de característica urbana sem ar condicionado. Portanto, não existe na norma vigente obrigatoriedade da existência de ar condicionado na frota da empresa. A Salineira destaca que, diversos fatores como os constantes aumentos de peças, preço dos combustíveis e demais insumos, somados à crise financeira provocada pela pandemia da COVID-19 e ausência do pagamento das passagens dos estudantes da rede estadual e federal de ensino, impossibilitam, por ora, novos investimentos”.
Vans em Búzios também são alvo de reclamações
Usuários de vans em Búzios também tem reclamado do calor e de diversos outros fatores. Um deles chegou a comparar o transporte a uma sauna.
“Moramos numa cidade turística, e ônibus Salineira e as Cooperativas Rasa e Geriba esqueceram de voltar com os ar condicionados. Nós usuários destes transportes estamos sofrendo nestas condições super lotados, enfrentarmos uma SAUNA insuportável”, reclamou.
Outro passageiro chegou a numerar oito problemas enfrentados por ele durante as viagens no balneário, entre elas, além da falta de ar-condicionado, ele afirma que a cooperativa colocou uma fileira de banco a mais para aumentar o lucro.
“Com o aumento das fileiras o espaço entre um banco e outro fica reduzido, fazendo a gente ficar com os joelhos imprensados, machuca demais”, reclamou.
Ele disse ainda que as vans não passam por manutenção, e nem por limpeza, ficando “completamente imundas”.
Uma moradora da Vila Verde endossa as reclamações e ainda questiona o aumento da tarifa.
“As vans da Cooperbúzios são lamentáveis. As condições precárias que somos forçados a nos submetermos diariamente são desumanas. Alegavam que o ar condicionado não poderia ser utilizado pois propagaria o vírus do Covid com mais facilidade, mas até o uso das máscaras estão suspensos e mesmo assim não ligam o ar. Fora que as vans passam absurdamente lotadas, independente do horário, com pessoas em pé, sem ter onde colocar mais gente, onde passamos horas a fio no trânsito, dentro de um transporte pequeno, apertado, com superlotação e insolação. Já cansamos de ver usuários da Cooperbúzios passando mal por causa do calor infernal que somos obrigados a suportar. Ainda por cima estão aumentando o valor da passagem para R$ 4,50, sendo que o passageiro não tem nenhum benefício no uso da cooperativa. Não é justo pagar um valor desse pra não ter o mínimo de conforto que o ser humano paga pra utilizar”, completou.