11/07/2025 — 11:59
  (Horário de Brasília)

“O que ela falou machucou”: Vítima de racismo em São Pedro da Aldeia se pronuncia em vídeo

Funcionária de mercado no bairro Porto da Aldeia foi agredida e xingada de "macaca" e "piranha" durante ataque racista nesta terça-feira (17)

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O caso de racismo registrado em um mercado no bairro Porto da Aldeia, em São Pedro da Aldeia, ganhou um novo desdobramento nesta quarta-feira (18). A funcionária Ester Andressa, que foi vítima das agressões físicas e verbais, se pronunciou publicamente por meio de um vídeo nas redes sociais, relatando como se sente após a repercussão do episódio.

A agressão ocorreu na manhã de terça (17), por volta das 6h. Segundo relato da vítima, a confusão começou após uma cliente não aceitar o valor de uma lata de Coca-Cola, que custava R$ 4,50. A mulher, que vestia uniforme de um hospital particular de Cabo Frio, lançou a lata contra o peito da funcionária e, em seguida, proferiu ofensas racistas, chamando-a de “macaca”, além de xingamentos como “piranha” e “vagabunda”.

Em seu relato, Ester detalhou os momentos de tensão e contou que a dor provocada pelas palavras foi ainda maior do que a causada pela agressão física. “O policial me perguntou o que doía mais, se era a lata que ela jogou em mim ou o que ela falou. Tá doendo, porque eu fui no hospital, não ficou marca, mas tá doendo. Só que o que ela falou machucou”, declarou.

Ainda no vídeo, a vítima ressaltou que trabalha no local há dois anos e quatro meses e que é conhecida pelos clientes pelo bom atendimento. Ela também relatou que, durante a confusão, a agressora tentou intimidá-la, afirmando que “mandaria alguém ir lá pegá-la”. “Mas não vai me intimidar. Eu sei da minha história, eu sei quem eu sou. Tá doendo, mas eu vou querer justiça”, desabafou.

Ester relatou também que, após a agressão, recebeu apoio de uma cliente que presenciou tudo e a acompanhou até a delegacia e ao hospital. Ela informou que realizou exame de corpo de delito e que o hospital onde a agressora trabalha já teria feito um levantamento para colaborar com a investigação.

Além da vítima, a testemunha Laysa Jotha, que presenciou todo o ocorrido, também gravou um vídeo em que relatou sua versão dos fatos. Ela contou que passava no mercado, como faz diariamente, quando percebeu a discussão. “No início eu só ouvi uma discordância de preço. A Ester é uma pessoa muito educada, eu passo todo dia no caixa dela. De repente, ouvi um barulho e vi a Ester correndo”, relatou.

Laysa confirmou que a cliente proferiu as ofensas racistas durante a briga. “Ela balançou o cabelo e chamou a Ester de piranha e de macaca. Eu sou uma mulher trans, trabalho há 16 anos na defesa dos direitos humanos, e sei o que é preconceito. Isso pra mim foi muito triste de presenciar”, disse.

A testemunha relatou também que precisou intervir fisicamente na briga e que se machucou ao separar as duas. Ela seguiu acompanhando Ester na delegacia e relatou que a vítima está bastante abalada psicologicamente. Segundo ela, foi orientado que a vítima procure acompanhamento no CAPS.

A agressora fugiu do local após o ocorrido, mas já foi identificada e deverá prestar depoimento nos próximos dias. O caso segue sendo investigado pela 125ª Delegacia de Polícia de São Pedro da Aldeia e foi registrado como injúria racial e lesão corporal.

Ludmila Lopes

Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.

Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.

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