Servidores e assistidos da Coordenadoria Geral da Pessoa Idosa (COGEPI) foram surpreendidos, no início dessa semana, por uma demissão em massa dos profissionais que trabalham na unidade. De acordo com um memorando da secretaria municipal de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e da Mulher entregue à coordenação do COGEPI, 21 servidores deveriam encerrar suas atividades no último dia 31, conforme determinação do Ministério Público.
O documento foi entregue à coordenação do órgão na sexta-feira (30), mas como foi um dia de festividade entre os idosos, a maior parte dos funcionários só foi avisada no início desta semana. Fisioterapeutas, Enfermeiros, funcionários de apoio, profissionais de educação física e professoras de artesanato demitidos ficaram surpresos com a determinação, que alega o vencimento do contrato.
O maior questionamento no momento é de como vão ficar os idosos atendidos sem estes 21 servidores, que além de prestarem um trabalho com boa avaliação entre os atendidos, ainda têm um vínculo afetivo com eles. De acordo com a coordenação do local, não foi criado nenhum processo seletivo para a substituição das artesãs, por exemplo. ''As artesãs são contratadas através de um fundo enviado para a Secretaria de Assistência Social e com o vencimento do contrato, teria que ser criado um novo processo seletivo para que as ações com os idosos não parem.Já perdemos três ações importantíssimas e isso não pode acontecer'', afirma Ilana Bento, coordenadora da COGEPI.
Nesta terça-feira (3), o clima do local era de muita comoção. A COGEPI atende mais de mil de idosos de Cabo Frio com oficinas de Biscuit,Tricô, Crochê, Pintura em tecido, Feltro, Reciclagem , Artesanato criativo, Capitonê, entre outros. No total, 35 pessoas aplicavam ou colaboravam com essas atividades e, com a demissão, restariam apenas 14.
Através de nota, a Prefeitura de cabo Frio informou que os contratos em questão se encerraram oficialmente no final de 2018 mas, pelo fato do término dos contratos ter ocorrido em plena alta temporada, a Prefeitura conseguiu, junto ao Ministério Público, manter parte dos servidores contratados durante o primeiro semestre de 2019.
Ainda de acordo com a nota, no último dia 31/08, como determinado pelo MP, a administração pública efetuou os demais desligamentos em vários órgãos municipais. ''Dos 358 contratos ligados à administração, cerca de 240 são considerados serviços essenciais. Para suprir estes profissionais, a prefeitura abriu em dezembro um processo seletivo, que já está na sexta convocação'', constata a nota.
Gestão atual alega retaliação
A atual gestão do órgão alega que as demissões são reflexo de uma retaliação da gestão anterior. De acordo com depoimentos de professoras artesãs e da assistente administrativa do local, desde que a atual coordenadora Ilana Bento assumiu o cargo, ela vem recebendo determinações sem fundamentos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e da Mulher (SEMAS), a qual a antiga coordenadora do COGEPI é secretária adjunta.
Os depoimentos contam ainda com graves denúncias contra a gestão de Beatrice Carvalho, que incluem maus tratos e assédio moral. "O que eu sofri aqui foi assédio moral. Faço tratamento para depressão e tive síndrome do pânico. Tenho comprovação médica e ela, sabendo disso, me provocava mais ainda. Ela não me respondia, não atendia a solicitação dos idosos, só trabalhava dois dias da semana e não cumpria com suas obrigações'', conta Joanir, secretária administrativa do local, que afirma que a persegição continuou mesmo depois da saída de Beatrice da COGEPI.
''Sempre fui tratada com hostilidade, eu estava ficando desesperada e sem motivação. Estava sendo perseguida e humilhada pela minha chefe e logo depois que ela saiu chegou um ofício para que eu saísse daqui, já com uma funcionária para ocupar meu cargo, para que eu fosse para o SEMAS, onde ela é secretária adjunta'', completa Joanir.
Ainda de acordo com denúncias, Beatrice criou um abaixo assinado impedindo sua saída da COGEPI, mas não conseguiu a assinatura dos frequentadores. ''Ela deixou bem claro que, com a minha chegada aqui, a COGEPI ia fechar, por isso ela passou um abaixo assinado. Essa listagem de demissão é pra desestruturar o órgão'', conta a atual coordenadora, Ilana Bento.
Ilana conta ainda que teve que reestruturar tanto o psicológico dos funcionários, quanto a estrutura do prédio que estava abandonada. ''Comecei minha gestão em 1º de agosto e não tive um dia de paz para trabalhar. Encontrei uma equipe totalmente desestabilizada, com problemas psicológicos, inclusive recebi um memorando querendo levar uma funcionária pra lá (SEMAS) para continuar com os maus tratos. Eles tremiam quando chegavam perto de mim e aos poucos fui conquistando cada um. Hoje eu tenho uma equipe excelente, em um mês eu resgatei a auto estima deles, que estava lá embaixo'', completa a coordenadora.
