Mais uma jovem denunciou abusos do maestro cabo-friense Ângelo Budega. Em uma conversa exclusiva com o Portal RC24h, a vítima disse que foi abusada pela primeira vez na própria casa do maestro, logo após uma aula de cavaquinho e canto, quando tinha apenas 12 anos. Atualmente com 23, ela diz que foi encorajada a fazer a denúncia depois de ler os relatos de Kéren.
"Através da denúncia da Kéren, criei coragem para denunciá-lo. Eu não fazia ideia de que isso já vinha acontecendo com outras meninas", conta a vítima, que relata ainda a proximidade nos casos. "Muita coisa é parecida. Levar nós duas para a casa dele, para um local deserto e querer ensinar a dirigir".
A jovem preferiu não ter a identidade revelada por medo. "As pessoas acham que a gente tá inventando, que a gente quer aparecer", lamenta. Ela conta que sempre foi muito ativa e para ocupar o tempo que passava ocioso em casa, entrou para o projeto depois de uma visita do maestro à escola em que estudava.
"Me interessei pelo projeto e fui me inscrever. No final da primeira aula, ele conversou comigo, queria saber onde eu morava e coisas pessoais. Já na segunda aula, ele veio com segundas intenções. Me convidou para aula particular na casa dele".
Ela conta que o abuso aconteceu já na segunda vez que teve aulas com Budega. Assim como aconteceu com a vítima de nove anos, em 2010, Budega foi até a casa da adolescente buscá-la.
"Chegando na casa dele, já achei estranho, porque só tinha nós dois. Fiquei muito apreensiva. Uns 15 minutos depois, chegaram outras meninas. Depois da aula, ele dispensou as outras alunas e me pediu pra deitar na cama. Disse que estava com dor de cabeça, apagou a luz e deitou do meu lado. Ele começou a passar a mão no meu pescoço e foi descendo até chegar nas minhas partes íntimas. Eu fiquei com muito medo e pedi pra ele me levar pra casa", relata a vítima.
Em seguida, Bugeda afirmou que levaria a menina para casa, mas antes eles dariam "uma volta" para que ela ficasse "relaxada". Ele levou a menina para uma área deserta, no Novo Portinho, onde hoje fica localizado o shopping da cidade. "No caminho ele foi alisando a minha perna e pedia pra eu não contar pra ninguém. Meu maior medo era a minha mãe descobrir uma coisa dessas". Depois do abuso, a jovem nunca mais frequentou as aulas de música.
O trauma vivido pela jovem dura até os dias atuais. "Há alguns anos passei por ele na rua e fiquei muito nervosa. Eu tenho nojo só de pensar. Isso me dói até hoje. Tenho traumas. Me sinto um pouco mais aliviada em poder denunciar".
A ocorrência foi registrada na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), de Cabo Frio, nesta quarta-feira (6).
ENTENDA O CASO
Maestro Budega é idealizador do 'Projeto Apanhei-te Cavaquinho', de educação musical informal. Em 2010, a vítima de abuso, uma menina de 10 anos, era participante do projeto. Segundo a denúncia, Budega foi buscar a menina em casa, com a justificativa de dar uma aula particular e ensiná-la uma nova música. Ele desapareceu com a criança por cerca de três horas e, ao voltar para a casa, a menina acabou contando para a tia que tinha sido violentada pelo músico. O caso foi julgado pela justiça e a sentença foi considerada procedente no dia 16 de janeiro de 2018. A decisão ainda cabe recurso.
A musicista Kéren-Hapuk Adrav também foi vítima de violência sexual do maestro. A acusação é de que Budega teria abusado da jovem quando ela tinha nove anos. O caso também foi registrado nesta segunda-feira (4), na DEAM.
O QUE DIZ A DEFESA DE BUDEGA
Em nota enviada ao Portal RC24h, a defesa de Budega afirma que "tenta-se promover um linchamento público do Maestro Budega, sem qualquer prova da alegada violência sexual".
Segundo os advogados, o maestro ainda "não foi intimado" e negam existir "qualquer prova da alegada violência sexual que supostamente tenta-se atribuir à ele". A defesa garante ainda que irá recorrer à qualquer processo que envolva o músico.
PEDOFILIA É CRIME. DENUNCIE
Casos de pedofilia precisam ser denunciados. O canal mais indicado para denunciar é o Disque 100, do Governo Federal. A denúncia pode ser feita anonimamente. O serviço funciona diariamente das 8h às 22 horas, inclusive nos finais de semana e feriados.
