Superlotação, poucos ou ausência de médicos constante. Essas são as duas principais reclamações de inúmeros pacientes e internautas que dependem da saúde pública em Cabo Frio. O alvo das reclamações são duas referências em atendimento na cidade: a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Burle e o Hospital Municipal Otime Cardoso dos Santos, no Jardim Esperança. Segundo relatos dados ao Portal RC24h, os problemas são os mais diversos, mas a demora no atendimento é o mais grave.
Por conta da situação, a reportagem do portal esteve nas duas unidades, na segunda-feira (6), e conversou com alguns pacientes. No Hospital do Jardim Esperança, eles reclamam que o horário de atendimento é restrito e a falta de médicos é constante. O hospital tem 32 leitos e uma média de 30 mil atendimentos por mês, entre emergência, atendimento ambulatorial e exames. Mas os pacientes reclamam da falta de médicos. Conforme foi apurado com pacientes que aguardavam atendimento no local, na semana passada, mais da metade dos médicos que tinham que prestar o serviço na emergência, por dia, não apareceram. "Tô voltando hoje (dia 4) porque no fim de semana eu vim com minha esposa para olhar um problema no meu pé, que piorou, e não tinha médico. Me falaram que dos oito que tinham que estar trabalhando e só tinham três atendendo. E a gente que precisa disso aqui, como é que fica? Tô voltando hoje e espero ser atendido", disse o aposentado Gilson de Jesus Pereira, de 76 anos, que estava no setor de emergência do hospital do Jardim, acompanhado da esposa, dona Geci Pereira, da mesma idade.
Um outro paciente, que estava no ambulatório, reclamava de dor e tentava um atendimento com fisioterapeuta, já que no setor de fisioterapia do hospital em São Cristóvão não conseguiu atendimento por ausência de profissional. "Meu sobrinho me trouxe aqui pra ver se consigo fazer minha sessão", disse o senhor de 60 anos, que preferiu não se identificar.
A falta de médicos preocupa ainda mais, visto que o prefeito anunciou corte de boa parte dos médicos contratados pela Prefeitura, justamente pelo não comparecimento ao trabalho. Segundo entrevista dada esta semana, Alair Corrêa afirmou que Cabo Frio tem 950 médicos e que os que não trabalham serão demitidos. O hospital do Jardim terá cortes, segundo a secretaria, mas a UPA não.
Hospital do Jardim passa por reajustes no quadro de plantonistas
De acordo com nota encaminhada pela secretaria de Saúde, em relação ao Hospital do Jardim Esperança foram feitos alguns ajustes no quadro dos plantonistas, além de correção em desvio de função de alguns profissionais. Exemplo: Médico que recebia como socorrista e estava atendendo no ambulatório. Este profissional teve a sua situação regularizada. Com as mudanças, o número de médicos no plantão da emergência, caiu de seis para cinco por dia, mas segundo o diretor da unidade, Sérgio Bandeira, "essa redução de um profissional não vai interferir no atendimento. Os cinco médicos são suficientes para suprir o atendimento de emergência por dia".
Ainda conforme a nota, a única falta é em relação ao número de pediatras, que ainda estamos tentando contratar e temos um déficit na quinta-feira. "Precisamos de profissionais para os plantões de quinta-feira porque os dois pediatras que atendiam neste dia pediram demissão. Estamos autorizados a contratar, mas faltam profissionais da área. Nos outros dias da semana temos entre 2 e 3 pediatras nos plantões da emergência, que também suprem a necessidade da população".
Na UPA, quase metade dos atendimentos são a pacientes de outras cidades
Os usuários da saúde de Cabo Frio também estão revoltados com o atendimento na UPA do Parque Burle, que na segunda-feira (4) também estava lotada. Apesar de todos os plantonistas do dia estarem trabalhando, o movimento era intenso e a espera por atendimento ultrapassava as duas ou até três horas. Numa área de espera lotada (na última segunda-feira, dia 4), e que a cada 10, 15 minutos, enchia ainda mais, a impaciência imperava entre os pacientes.
"Estou aqui desde as nove da manhã com meu sobrinho adolescente, tem mais de duas horas que estou esperando. Não sei se é dengue, se é gripe, mas ele tá se sentindo mal. O problema é pior porque os atendimentos preferenciais também estão grandes hoje", disse a secretária Maria das Dores Cesário.
A secretaria de Saúde admitiu a superlotação e disse, por meio da assessoria de comunicação, que na UPA do Parque Burle os médicos (clínico geral e pediatras) continuam os mesmos, mas o grande movimento também se deve à grande demanda de pacientes de outras cidades que vêm para cá na busca por médicos. "São seis clínicos e três pediatras em cada plantão. A grande demanda é porque Cabo Frio acaba recebendo pacientes de outros municípios, como São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Iguaba Grande. Cerca de 40% dos pacientes são oriundos dessas localidades que buscam atendimento médico em Cabo Frio. Daí, o movimento grande na UPA", afirma a nota enviada ao portal pela secretaria.
