Transportar diversas pessoas diferentes pela cidade dentro de um carro em plena pandemia faz com que motoristas de táxi e aplicativos estejam constantemente expostos ao coronavírus. Para garantir o sustento, os trabalhadores se arriscam e se expõem ao contágio e, mesmo tomando os cuidados necessários, muitos acabam contraindo a doença e colocam em risco as próprias vidas.
Somente nesta semana, dois profissionais da área não voltaram para os lares em Cabo Frio. Na quarta-feira (3), morreu, vítima de complicações da Covid-19, o taxista Sandro Pereira Resende, de Maricá anos.
Figura bastante conhecida no município, Sandro alegrou o carnaval cabo-friense como Rei Momo entre 2002 e 2005. Ele trabalhava no ponto da UPA do Parque Burle e estava internado no Hospital Municipal Dr. Rodolpho Perissé, em Búzios. Amigos contam que ele ficou dez dias passando mal em casa, com medo de contrair a doença na unidade de saúde, mas, com o quadro bastante agravado, foi para o HMDRP e não resistiu.
Há menos de uma semana, a categoria também se despediu do taxista conhecido como Joel Tonelada, de 65 anos. Ele estava internado no CTI do Hospital Estadual Pref. João Batista Caffaro, em Manilha, fazendo uso do oxigênio, mas no dia 25 de fevereiro, não resistiu e foi a óbito.
Joel trabalhava no ponto da rodoviária e era conhecido por ser um homem bem-humorado e comunicativo. Ele também chegou a fazer parte da Secretaria de Transporte da cidade e recebeu diversas homenagens nas redes sociais, além de uma carreata dos colegas de trabalho.
A categoria segue todos os protocolos para evitar a contaminação, mas pede urgência na vacinação. Josemário Moreira, presidente do Sindicato dos Taxistas de Cabo Frio, afirma que todos os motoristas higienizam os carros, utilizam álcool em gel e que alguns ainda colocaram proteção de acrílico para garantir a separação do passageiro. O uso de máscaras também é exigido. “Usamos máscaras e pedimos também aos passageiros que não deixem de usar, só embarcamos a corrida quando colocado a máscara de proteção”, conta.
Trabalhando em Cabo Frio há 15 anos, o motorista Fábio Vicente contraiu Covid-19. “Os sintomas foram leves, mas passei muito mal. A coisa é séria”, contou. O taxista não precisou ficar internado, mas viu a mulher também pegar o vírus. Mesmo já tendo sido vítima, ele precisa trabalhar e mantém a prevenção. “Não dá para ficar parado, infelizmente temos que prosseguir com a vida, temos medo, mas o que fazer? Sei que o corpo adquire uma imunidade, não sabemos por quanto tempo, mas estamos aí nos prevenindo com máscara, higiene e vamos que vamos”, completa.
Aplicativos adotam medidas de prevenção
Na tentativa de diminuir o risco de transmissão, as empresas de aplicativo passaram a adotar medidas de prevenção.
A Uber removeu a modalidade de corrida "Uber Juntos" do aplicativo para celulares por tempo indeterminado, como medida de prevenção ao novo coronavírus. A opção oferece viagens compartilhadas com desconhecidos por preços menores que o habitual, o que pode proporcionar maiores chances de contágio da Covid-19.
"Também contamos com a consultoria de um epidemiologista para garantir que as medidas tomadas por nossa empresa sejam embasadas em orientações médicas. Qualquer motorista ou entregador parceiro diagnosticado com o COVID?19 ou que tiver quarentena solicitada por uma autoridade de saúde pública receberá assistência financeira durante até 14 dias enquanto sua conta estiver suspensa", diz em comunicado.
Além disso, a empresa afirma que possui "uma equipe disponível 24 horas por dia para auxiliar as autoridades de saúde pública no plano de resposta contra a epidemia". Durante o período de isolamento social, a Uber ressalta que é possível que ocorra a suspensão temporária de contas de usuários ou motoristas que contraiam o coronavírus, além de uma séria de outras medidas, como uso obrigatório de máscara de proteção. Elas podem ser conferidas no site.
A 99 Pop, também criou uma página dentro do próprio site com orientações durante este período de combate ao coronavírus. A página é voltada para motoristas parceiros e passageiros sobre o que fazer, quais os sintomas, onde buscar ajuda e outras informações com foco na prevenção, com instruções dadas pelo Ministério da Saúde.
“Investir na segurança de motoristas e passageiros, para nós, é mais que números. É nosso jeito de traçar caminhos, ainda mais seguros, para que mais gente hoje veja esperança em retomar a vida daqui pra frente”.
Passageiros também deve se cuidar
O cuidado é responsabilidade de todos, veja as principais precauções que o passageiro deve tomar:
1 – Controle as mãos
A contaminação pelo coronavírus acontece por meio de gotículas no ar e também pelo contato com áreas contaminadas. Por isso, evite ao máximo tocar desnecessariamente em qualquer área do carro, bem como levar as mãos ao rosto durante o trajeto. Assim que descer, lave as mãos o mais rápido possível.
2 – Peça ao motorista que os vidros fiquem abertos
A grande maioria dos motoristas já mantem os vidros abertos. Mas, caso você entre em um carro com os vidros fechados e o ar-condicionado ligado, peça que o motorista abaixe os vidros.
3 – Evite conversar
Você é do tipo que gosta de conversar com o motorista ou prefere ficar quieto? Nessa época, mesmo que você seja bem sociável, evite conversas desnecessárias. É claro que isso não significa ser antissocial ou mal-educado, mas falar muito aumenta o risco de contaminação por gotículas no ar. Aproveite o tempo para organizar seus pensamentos, e isso vai proteger você e o motorista.
4 – Evite viagens compartilhadas
A Uber já suspendeu a opção de viagens compartilhadas durante a pandemia do coronavírus, mas pode ser que outros aplicativos ainda permitam essa modalidade. Nem é preciso dizer como compartilhar um veículo com outras pessoas aumenta o risco de contágio da doença, por isso fuja dessa economia!
