Um episódio envolvendo um monitor escolar e uma criança autista em uma escola da rede municipal de Iguaba Grande está ganhando repercussão. O caso, compartilhado nas redes sociais nesta terça-feira (8), aconteceu no último dia 30, quando Marcia Portela, mãe de um aluno de 12 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 2 de suporte, notou quatro marcas roxas no braço esquerdo do filho, compatíveis com a pressão de dedos humanos.
Segundo a denúncia, a Marcia procurou imediatamente a direção da unidade escolar, que fotografou as marcas e se comprometeu a assistir às imagens das câmeras de segurança. Ela conta que, no dia seguinte, a equipe pedagógica se reuniu com a responsável e confirmou que o monitor teria segurado o braço da criança com força desnecessária.
Ainda conforme o relato, o aluno não estaria em crise e nem apresentava comportamento agitado no momento, o que, na avaliação da equipe, exclui a necessidade de qualquer contenção.
Marcia conta também que, ainda no mesmo dia do ocorrido, o funcionário foi devolvido à Secretaria Municipal de Educação e exonerado do cargo. A secretária de Educação também assistiu às imagens e, conforme relato da mãe, confirmou a conduta inadequada do profissional.
A família registrou boletim de ocorrência na 129ª Delegacia de Polícia (129ª DP) de Iguaba Grande e levou a criança para exame de corpo de delito, que atestou o aperto intencional como responsável pelas marcas no braço. Nos dias seguintes, o menino apresentou alterações de comportamento, como dificuldades para dormir, permanecendo a semana inteira sem frequentar a escola.
Além do episódio, a mãe relatou que o funcionário deixava de preencher corretamente o diário de bordo obrigatório, apresentando registros rasurados e desorganizados, e frequentemente não levava a criança até o portão na hora da saída.
Por fim, Marcia informou que já procurou os órgãos competentes e que o caso será encaminhado ao Ministério Público. Ela também fez um alerta a outros pais e responsáveis por pessoas com deficiência, destacando a importância de estarem atentos aos sinais e comportamentos das crianças, e de não hesitarem em buscar seus direitos sempre que houver qualquer situação que coloque em risco o bem-estar dos filhos.
Em nota, a Prefeitura de Iguaba Grande informou que adotou providências imediatas ao tomar conhecimento do caso. A gestão afirmou que o monitor foi afastado da função e, posteriormente, exonerado ainda no mesmo dia. Um processo administrativo foi instaurado para apurar os fatos e revisar os protocolos internos de atendimento.
A administração municipal declarou seguir as diretrizes da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e da Resolução CNE/CEB nº 4/2009, e reforçou que não compactua com qualquer forma de violência, especialmente contra crianças e pessoas com deficiência. A prefeitura informou ainda que acompanha o caso junto às autoridades e presta apoio à família da criança.
Confira a nota na íntegra:
“A Prefeitura Municipal de Iguaba Grande informa que tomou conhecimento do episódio envolvendo um monitor escolar e uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na rede municipal de ensino, ocorrido no dia 30 de junho de 2025.
Assim que a situação chegou ao conhecimento da gestão, todas as providências foram adotadas de forma imediata: o funcionário foi afastado da função ainda no mesmo dia e, posteriormente, exonerado. Também foi instaurado processo administrativo para apuração rigorosa dos fatos e revisão dos protocolos internos de conduta e atendimento.
Reforçamos que a política de contratação e formação de profissionais de apoio segue o que determina a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que estabelecem a necessidade de orientação pedagógica específicas para o atendimento educacional especializado, com foco na segurança e no respeito à dignidade da criança.
A Prefeitura de Iguaba Grande não compactua com qualquer tipo de violência, especialmente contra crianças e pessoas com deficiência, e segue acompanhando o caso junto às autoridades competentes, prestando apoio necessário à família.
Nos solidarizamos com os responsáveis e reafirmamos nosso compromisso com uma educação inclusiva, segura e humanizada para todos os nossos alunos”.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.