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“Médico fantasma” continua com salário em dia enquanto pacientes esperam por atendimento em Cabo Frio

Com salário líquido em mais de R$ 15 mil, médico socorrista não cumpre expediente em unidades hospitalares na cidade em que família de paciente precisa arcar com mais de R$ 4 mil do próprio bolso para pagar ambulância particular e pedir socorro em outro município

Enquanto tem família se apertando para arcar mais de R$ 4 mil em ambulância particular para conseguir transferir um paciente em estado grave de Cabo Frio para uma unidade hospitalar fora da cidade que consiga atender suas necessidades, o “médico fantasma” continua “atuando” no município, ou melhor, recebendo o salário em dia.

Flávio de Carvalho Silva, que tem duas matrículas na Prefeitura, deveria atender como médico socorrista, conforme consta o contrato, mas de acordo com uma denúncia apurada pelo Portal RC24h no dia 11 deste mês, ele não cumpre expediente em nenhuma unidade de saúde do município.

Segundo o Portal da Transparência os dois contratos temporários do profissional rendem um salário bruto de R$20.500,00, que caem para R$15.545,37 com os descontos. O valor é considerado acima do teto, maior do que o salário do próprio prefeito, José Bonifácio (PDT).

Portal da Transparência em Agosto

Na ocasião em que o caso foi apontado, a Prefeitura informou que os dois vínculos contratuais são um para cada dia como plantonista socorrista (sextas-feiras e domingos) no Hospital Municipal São José Operário, mas o vereador Roberto Jesus (sem partido), esteve na unidade e foi informado de que o médico não estava lá, nem nunca foi visto no hospital. Inclusive, afirmaram que ele trabalha no hospital dele.

O que disse a Prefeitura

Ainda no início do mês, a Prefeitura de Cabo Frio esclareceu que, em virtude de o servidor em questão ser um médico plantonista de sobreaviso, o profissional é acionado sempre que há uma necessidade de atendimento a vítimas acidentadas trazidas pelo Corpo de Bombeiros, nos plantões de sexta-feira e domingo, no Hospital São José Operário.

“A responsabilidade do plantão do funcionário destacado fica a cargo da Secretaria-Adjunta de Atenção à Saúde”, disse a nota.

Em relação à afirmação de que o profissional recebe acima do teto salarial do município, a Saúde esclarece que o teto é equivalente a cada vínculo contratual, caso do servidor em questão; ou portaria, como é o caso do prefeito, usado como exemplo na matéria. A gestão reforça que, pela legislação vigente, um médico socorrista pode receber até dois vínculos contratuais, totalizando 60 horas de trabalho prestado.

Caso segue sem respostas concretas

Em virtude dos questionamentos, a secretaria de Saúde informou que vai averiguar a conduta e o cumprimento de expediente do profissional junto à secretaria-adjunta de Atenção à Saúde e a superintendência de Média e Alta Complexidade, mas quando novamente procurada, não retornou o contato.

Salário do mês de setembro na conta, conforme Portal da Transparência

Até o encerramento desta matéria, o município não esclareceu se a conduta foi realmente averiguada e o salário do Dr. Flávio foi pago normalmente, conforme mostra o Portal da Transparência.

O que disse o médico

A reportagem anterior perguntou ao médico por mensagem de texto se são verdadeiras as informações publicadas, o salário e onde o profissional atua. Ele também foi questionado por outras denúncias envolvendo prestações de serviços de sua empresa à Prefeitura.

Sem responder sequer em que unidade ele cumpria expediente, a defesa afirmou que ele “nega todas as denúncias e se dispõe a esclarecer as acusações”.

Enquanto isso…

Enquanto o dinheiro público é aplicado sem qualquer fiscalização, munícipes seguem passando por diversas dificuldades para ter o mínimo do serviço prestado na área da saúde municipal. A família de um paciente, cansada do descaso, procurou o Portal RC24h para denunciar as péssimas condições da saúde de Cabo Frio. De acordo com o relato, Sidney Campos, de 45 anos, estava na luta por uma transferência desde junho. Precisando urgentemente ser internado em uma unidade que tenha um centro cirúrgico com recursos para cuidar de um caso de suspeita de linfonofomegalia, os familiares tiveram que desembolsar mais de R$4 mil em uma ambulância particular para fazer a transferência dele da UPA para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde eles mesmo conseguiram atendimento.

“Se a gente não trouxesse para o Rio, ele não ia ter chance. Ele está radiante sabendo que vai. É como se ele tivesse vendo a vida do outro lado da ponte Rio-Niterói. Eu não sabia que a saúde da Região dos Lagos era precária desse jeito”, declarou um sobrinho.

O caso não é isolado. Moradores do bairro Vila Nova reclamam que o posto de saúde do bairro está sem médico desde setembro porque a profissional responsável teria voltado para o estado de origem cuidar de um familiar doente.

A Prefeitura também foi questionada sobre o assunto, mas até o encerramento desta matéria, não retornou o contato.

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