A ex-prefeita de Araruama, Lívia de Chiquinho (PODE), que era a atual secretária municipal de Governo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (27). Lívia destacou ser insustentável sua permanência na administração da prefeita Daniela Soares (MDB) e, em carta-ofício datada e hoje ela aponta supostas irregularidades e alianças que, segundo Lívia, comprometeriam a gestão pública.
“É notório que vossa excelência submete-se em total e absoluto comprometimento às influências maléficas implementadas por empresários e vereadores o que aprisiona a gestora a decisões equivocadas, comprometidas e duvidosas, não premiando o interesse público e sujeitando o bom, necessário e laborioso gestionamento da coisa pública, colocando-o nas mãos de empresários descompromissados com a coisa pública e que visam sempre interesses escusos”, escreveu ela em trecho do pedido de exoneração (veja a íntegra, ao final da matéria).
Em que pese todo o assédio moral que Daniela estaria sofrendo nas mãos de Lívia e o marido, Chiquinho da Educação (PODE), a gota d’água pro pedido de exoneração teria sido a aliança de Daniela com 15 dos 17 vereadores, ocorrida na última sexta (24), e a nomeação de sua vice-prefeita, Verônica Januário (NOVO), como a nova secretária de Agricultura. Tais fatos teriam revoltado Lívia e Chiquinho, que queriam Cláudio Barreto a frente da pasta (leia aqui). Barreto seria o “testa de ferro” de Chiquinho e estaria envolvido numa série de irregularidades, como ser proprietário dezenas de imóveis na cidade sem ter compatibilidade financeira para tal. Daniela não queria essa questão atravancando seu governo.
Toda essa “reviravolta” aconteceu enquanto Lívia e Chiquinho passavam dias de “descanso” a bordo de um transatlântico, semana passada, em pleno expediente de trabalho (no caso de Lívia). Ao retornarem da viagem, neste fim de semana, se depararam com essa movimentação estratégica da política. Daniela conseguiu formar uma base de apoio e isso teria revoltado Chiquinho.
Mas tem um detalhe em tudo isso e que boa parte da população araruamense pode não ter se atentado, é que esses empresários e vereadores que Lívia cita como “influências maléficas” sempre estiveram no grupo de Chiquinho e Lívia nos últimos oito anos, assim como os vereadores.
Outro ponto relevante nessa história toda é que Daniela conversou com cada um dos vereadores, conquistando através de uma palavra respeitosa e carinhosa, sem ameaças, como seria de costume na gestão anterior.
Mais um detalhe: até sexta (24), Daniela conseguiu que 14 vereadores se aliassem a ela, número que aumentou pra 15 no sábado (25), quando o presidente da Câmara, Magno Dheco (MDB), declarou seu apoio à nova gestora. Fator esse que deve ter tirado Chiquinho do sério, já que foi ele quem fez toda a manobra política para escolher Dheco. Parece aquela história da raposa e das uvas.