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23/11/2024 — 02:50
  (Horário de Brasília)

INVESTIMENTO OU APOSTA?/ Flashbets é mais uma empresa que fecha as portas e deixa prejuízos em Cabo Frio

Dougllas Soares Aquino, CEO da Flashbets Grupo, encerrou atividades no mesmo dia que Glaidson, o ‘Faraó dos Bitcoins’ foi preso

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Mais uma empresa que oferecia retornos financeiros de cerca de 5% ao dia fechou em Cabo Frio, deixando novos prejuízos e vítimas. A Flashbets, do empresário Dougllas Soares Aquino, de 30 anos, supostamente operada com apostas esportivas online, exatamente como a Alphabets, do empresário Rogério Cruz Guapindaia. Além do nome, as semelhanças se estendem de outras formas: a desculpa para o encerramento das atividades também foi por problemas na plataforma.

Porém, entre elas também existe uma diferença crucial para os investidores lesados pelos empresários. Enquanto a Alphabets anunciou que iria começar a quitar suas dívidas, o CEO da Flashbets desapareceu. As duas empresas se somam à Investing Lagos, do empresário Thiago Lobo de Souza: todas fecharam as portas nas últimas semanas, deixando clientes a ver navios. Aparentemente, a investigação da Justiça feita pela Operação Kryptos que arruinou o esquema de pirâmide financeira de Glaidson Acácio dos Santos, suspeito de chefiar um esquema ilegal de criptomoedas, também resvalou em outras empresas menores que supostamente praticavam atividades similares.

A Flashbets quando foi fundada tinha sede em São Paulo, no bairro de Santana. Mesmo assim, Dougllas Aquino, viajava por todo o Brasil divulgando a plataforma de apostas. No final de julho, ele esteve em Cabo Frio para conquistar mais clientes. A reunião aconteceu num hotel do bairro da Passagem.

De acordo com Dougllas, o ‘segredo’ de ter até 97% de assertividade nas apostas era um software desenvolvido pela própria empresa, uma espécie de robô que analisa 24h por dia dos algoritmos e oportunidades disponíveis nas casas de apostas, “seguindo uma gestão de banca alinhada a uma estratégia altamente lucrativa”, informou em um material de divulgação.

Os ganhos, de acordo com propaganda da própria empresa, seriam através da aquisição de licenças; vendas/indicações direta das licenças, e residual de lucro sobre os indicados, com rendimentos de segunda a sábado de até 5% ao dia, rentabilidade máxima de até 200% da licença, saque mínimo de R$ 100, e saques quinzenais nos dias 5 e 20 de cada mês.

Começo do fim

Mas toda rentabilidade durou pouco, após três meses após ser fundada a Flashbets passou a ter os primeiros problemas com pagamento dos clientes. Embora no material de divulgação Dougllas apresentasse a empresa como “um grupo de investidores do mercado de apostas esportivas”, e anunciasse, inclusive, um plano de carreira “com rendimentos diários com base na licença escolhida”, numa live do dia 13 de agosto, que a equipe da Folha teve acesso, a história mudou. No vídeo, o empresário diz que a Flashbets não era uma plataforma de investimentos.

Na ocasião, a empresa já vinha passando por problemas, e o CEO estava usando a transmissão para tentar amenizar os impactos negativos e ameaças que dizia estar sofrendo por conta de vários prejuízos financeiros: “Não estou dizendo que minha plataforma está fechando, não estou dizendo que não vou pagar isso, não vou pagar aquilo. Só quero que vocês abram os olhos porque eu sempre falei sobre a forma de duplicar (os rendimentos)”. Segundo Dougllas, isso seria possível convidando mais pessoas para participar da plataforma, algo que, segundo juristas, é típico de pirâmides financeiras.

Alguns dias depois em nova live, Dougllas novamente tentou se defender e reforçou que “o último saque demorou um pouco por causa de problemas com bancos”. Também culpou alguns investidores que teriam feito saques duplos ou recebido bônus a mais, por engano, mas não fizeram estorno. Cerca de uma semana depois, no dia 25 de agosto, no mesmo dia que Glaidson, o ‘Faraó dos Bitcoins’ foi preso, a Flashbets deu baixa no CNPJ e encerrou suas atividades. Desde então, Douglas excluiu sua conta no Instagram, onde tinha mais de 27,4 mil seguidores, e parou de falar com os investidores.

As vítimas

Centenas de investidores de todo Brasil se reuniam em grupos de mensagem e compartilhavam conteúdo fazendo propaganda da Flashbets. Uma das vítimas que não quis se identificar afirma que foram 30 mil lesados pela plataforma de Dougllas, mas esse número pode ser muito maior já que num vídeo postado em agosto o próprio empresário anunciou que em apenas dois meses já tinha uma média de 500 novos clientes/dia.

“Entrei na Alphabets há uns 2 meses, e logo em seguida entrei na Flashbets. As pessoas que conheciam a Alphabets entraram na Flashbets por causa da rentabilidade maior. A Alfa dava 30% ao mês, e Flash dava 40% ao mês, rentabilidade até 5% ao dia. A forma de operação das duas era idêntica. Usaram o mesmo artifício e a mesma desculpa, sumindo com o dinheiro de todos”, denunciou o investidor. Ele contou que no primeiro mês investiu um valor pequeno apenas para teste, e recebeu certinho. “Depois entrei com R$ 26 mil na Flashbets e R$ 1.500,00 na Alpha”, revelou, informando que para investir recorreu a empréstimo.

Em um vídeo postado por Dougllas pouco antes de encerrar a empresa do dia 25 de agosto, o CEO responsabilizou os clientes pelo prejuízo e afirmou: “Assumam a responsabilidade de uma aposta. Não queiram entregar a irresponsabilidade de pegar um dinheiro que não deve, apostar numa plataforma, e simplesmente dizer ‘tomei um golpe’”. No mesmo vídeo, ele diz que soube que algumas pessoas estão se reunindo em grupos para processar a Flashbets, e alertou:

“Abram os olhos de vocês, se aconselhem com algum advogado sobre o assunto, caso queiram, porque geralmente essas pessoas usam isso para tirar dinheiro de vocês. Entrar com ação coletiva contra site de apostas e diz que não tem nenhum custo? Não tem agora, mas depois nada impede um custo de R$ 100, R$ 200, de 100, 200, 300, 400 pessoas. Dá um dinheiro bom pra um advogado, né?”, questiona. A todo instante Dougllas pede que os clientes tenham calma, e entrem em contato com número de Whatsapp informando o login para que as situações sejam verificadas de forma individual.

*Com informações de O DIA

Redação
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