A influenciadora digital Luiza Ferreira, moradora de Cabo Frio, se manifestou pela primeira vez após ter sido um dos alvos da Operação Desfortuna, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na última quinta-feira (7). A investigação apura a atuação de influenciadores digitais na promoção de jogos de azar ilegais, entre eles o popular “Jogo do Tigrinho”, e aponta indícios de crimes como estelionato, lavagem de dinheiro, publicidade enganosa e crime contra a economia popular.
Com cerca de 100 mil seguidores e carreira voltada à área de moda e lifestyle, Luiza divulgou um vídeo nas redes sociais negando qualquer envolvimento com atividades ilegais. Segundo ela, as acusações são infundadas e serão contestadas judicialmente.
“Estou sendo injustamente atacada e quero deixar claro que não compactuo com nada ilegal. Já estou tomando providências judiciais contra quem está espalhando informações falsas”, afirmou.
A influenciadora também relatou que, desde que teve o nome ligado ao caso, recebeu uma série de mensagens, tanto de apoio quanto de ameaças. No mesmo dia em que a operação foi deflagrada, uma publicação em que ela divulgava um jogo online foi removida de seu perfil.
A Operação Desfortuna cumpriu 31 mandados de busca e apreensão em três estados — Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais — e é resultado de uma investigação conjunta das Delegacias de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e de Combate às Organizações Criminosas e Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), com apoio do Ministério Público.
Segundo as autoridades, influenciadores usavam suas plataformas digitais para divulgar cassinos online não regulamentados, incentivando seguidores a realizar apostas com promessas de lucros rápidos e acessíveis. As plataformas, no entanto, operavam sem auditoria ou controle, e, em muitos casos, não realizavam o pagamento dos prêmios prometidos — o que configura prática ilegal no Brasil.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificaram movimentações bancárias consideradas atípicas nas contas pessoais dos investigados. De acordo com os dados, entre 2022 e 2024, o grupo teria movimentado cerca de R$ 40 milhões. A estimativa total da Polícia Civil, no entanto, aponta que o esquema pode ter alcançado até R$ 4,5 bilhões no período analisado.
O delegado responsável pelo caso afirmou que os investigados exploravam a influência digital e a credibilidade junto aos seguidores, atingindo principalmente públicos vulneráveis que se deixam levar por falsas promessas de retorno financeiro.
“Não se trata apenas de um crime financeiro, mas de um problema social. A propaganda desses jogos pode levar pessoas endividadas ou em situações frágeis a perderem ainda mais, movidas pela esperança de uma solução rápida”, afirmou.
Durante a operação, foram apreendidos computadores, celulares, documentos e mídias digitais que agora estão sendo analisados pelas equipes responsáveis. As investigações seguem em andamento, e novos desdobramentos podem ocorrer nos próximos dias.
Até o momento, Luiza Ferreira não é formalmente acusada, mas segue sendo investigada. Ela reforçou que está à disposição para colaborar com as autoridades e esclarecer os fatos.
Pós-graduada em Jornalismo Investigativo pela Universidade Anhembi Morumbi; e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida.
Atuou como produtora/repórter na Lagos TV, Coordenadora de Programação na InterTV - Afiliada da Rede Globo, apresentadora na Rádio Costa do Sol FM e editora no Blog Cutback. É repórter no Portal RC24h desde 2016 e coordenadora de reportagem desde 2023, além de ser repórter colaboradora no jornal O Dia/Meia Hora. Também é criadora de conteúdo para a Web 3.0 na Hive.
Vencedora do 3º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web.