26/11/2025 — 17:39
  (Horário de Brasília)

I Seminário da História de Araruama reúne 500 participantes e registra avanço nas pesquisas sobre a formação do município

Evento reúne especialistas e apresenta novos dados sobre a formação histórica e arqueológica

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O I Seminário da História de Araruama, realizado nesta terça-feira (25) no Centro de Convenções, reuniu cerca de 500 pessoas, entre pesquisadores, profissionais da educação, estudantes e moradores. O evento apresentou análises sobre processos históricos que compõem o território de Araruama, incluindo referências afro-indígenas, quilombolas e coloniais.

A abertura ficou a cargo da pesquisadora Tânia de Souza Fernandes, que apresentou registros sobre o Colégio Estadual Antônio Pinto de Moraes. Segundo Tânia, a instituição funcionou como referência rural nas décadas de 1930 e 1940 e teve suas atividades interrompidas durante o período da ditadura militar. A pesquisadora relatou que o fechamento impactou a organização dos produtores rurais da região.

O historiador Marlon B. Ferreira destacou que Araruama pertenceu à Capitania de São Vicente e que o povoado de Mataruna, habitado por Tamoios, não aparece de forma consistente na historiografia tradicional. Marlon afirmou que, ao longo dos anos, relatos oficiais priorizaram registros de origem portuguesa e deixaram de lado informações sobre povos originários.

O pesquisador também mencionou que estudos arqueológicos iniciados nos anos 1970 apontaram a existência de um sítio Tupinambá em Três Vendas, impulsionando novas pesquisas sobre populações indígenas a partir da década de 1990.

A pesquisadora Ana Carolina Mota apresentou um estudo produzido no mestrado entre 2014 e 2016 sobre a comunidade quilombola de Sobara. Ela afirmou: “É fundamental que professores e estudantes tenham acesso à verdadeira história do território. Conhecer nossa história é se reconhecer. A memória é um instrumento poderoso de pertencimento. E quilombo não é lugar de fuga, mas de resistência. Essa resistência permanece viva até hoje”.

Outro tema discutido no seminário foi a produção de sal no município. O professor Valter Pereira explicou que técnicas portuguesas foram trazidas para a região no início do século XIX, o que contribuiu para que Araruama se tornasse um polo salineiro no país e influenciasse modos de organização local.

No período da tarde, o sítio arqueológico de Araruama foi o foco dos debates. A arqueóloga Ângela Buarque, que iniciou trabalhos na cidade há mais de 30 anos, relatou que pesquisas na época envolveram estudantes da Escola Honorino Coutinho, em Morro Grande. “A gente desenterrava histórias literalmente”, afirmou Ângela, que possui doutorado pela Sorbonne.

A coordenadora e pesquisadora do Laboratório de Arqueologia Brasileira, Jeanne Cordeiro, reforçou a relevância do acervo encontrado no município.
“A maior concentração de material arqueológico datado do século XVI está em Araruama. Não há nenhum material dessa época em outra região aqui do Brasil”, declarou.

Pier Luro
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