Em um momento histórico para o saneamento básico da Região dos Lagos, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Arraial do Cabo recebeu, nesta segunda-feira (16), o Projeto Retransformar, uma Unidade de Tratamento de Resíduos (UTR) que vai transformar o lodo resultante do tratamento do esgoto doméstico, material que geralmente é descartado em aterro sanitário, em uma substância que pode ser tratada e reutilizada como gás biocombustível ou em um tipo de carvão vegetal, chamado biochar, elemento útil para aplicação na agricultura, para recuperar solos degradados e sequestro de carbono.
O evento de lançamento da tecnologia aconteceu na Praia Grande e contou com a presença do Prefeito de Arraial do Cabo, Marcelo Magno (PL); do Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, Dr. Serginho (PL); do Secretário de Meio Ambiente e Saneamento cabista, Jorge Oliveira; do Diretor-Presidente da Prolagos, Pedro Freitas; do Presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini; do Vice-Reitor da UFF, Fábio Passos e do conselheiro da Agenersa, Vladimir Macedo.
Os testes do projeto de tratamento de lodo por ‘pirólise lenta à tambor rotativo’, acontecem na unidade operacional da Prolagos, financiada pela Águas do Rio e Secretária Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com Agenersa, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Prefeitura de Arraial do Cabo.
O projeto Retransformar é possível graças à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, que por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), foi um dos financiadores do projeto.
Como “meio de campo” para consolidação desse projeto, o deputado estadual Dr. Serginho (PL), que está no primeiro mandato como secretário estadual de Ciência e Tecnologia, lembrou que começou a explorar o assunto dois anos atrás.
“Esse é o início de várias outras coisas de nossa parceria com o município”, destacou. “Mais do que nunca temos que olhar para a iniciativa privada como parceiros para que a gente consiga recursos para mudar a vida da população e é isso que estamos fazendo aqui com o Retransformar”, completou Serginho.
O prefeito Marcelo Magno destacou o pioneirismo da cidade e agradeceu a parceria com o Estado.
“A gente só agradece, agradece ao nosso secretário Serginho e ao nosso governador, por esse apoio. Arraial do Cabo sendo pioneiro em um trabalho inovador como esse. E volto a dizer que Arraial do Cabo vive grande parte do seu poder de emprego através de turismo, e as pessoas vêm para dentro de Arraial para ver a beleza natural, então o que a gente tá fazendo aqui é tentar preservar o que a gente tem de mais valioso, que é a natureza”.
A unidade terá capacidade para tratar 2 toneladas de lodo por dia. O projeto terá duração de três anos e a expectativa é testar a aplicação da tecnologia, visando construir modelos de aplicação para as diferentes condições das Estações de Tratamento de Esgoto no estado do Rio de Janeiro.
“Esse investimento tem tudo a ver com a Prolagos, pois une saneamento, inovação e a universidade. O Retransformar é um projeto que é auto suficiente, além de dar uma destinação para o que antes era um resíduo, ele também utiliza a própria energia para funcionar. Nesse processo todo, não se perde nada e isso tem tudo a ver com as nossas metas de desenvolvimento sustentável, economia circular e com nosso objetivo final é melhorar a vida das pessoas”, pontua o diretor-presidente da Prolagos, Pedro Freitas.
Para o vice-presidente da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), Vladimir Macedo, esse estudo é um importante passo não só para as concessionárias do grupo Aegea, como para todo o setor. “A inovação tem que ser prioridade no saneamento. Aqui a gente tem um case importante nessa área com a junção do público, privado e a academia. Por meio desses atores estamos enfrentando um grande dilema, que é como tratar o lodo, dar uma destinação melhor para esse resíduo e transformar esse problema em uma solução, em uma fonte energética, uma energia verde que o mundo como um todo precisa”, relata.
“Os testes que serão realizados produzirão resultados inovadores no país. Iremos analisar quais são as melhores formas de reaproveitamento do lodo e quais terão melhor custo x benefício, impactando não só empresas voltadas para o saneamento, como também outras indústrias. Também iremos estudar formas de aumentar a capacidade da planta para atendermos estações de tratamento ainda maiores”, explica Rodolfo Cardoso, doutor em Engenharia de Produção, da Universidade Federal Fluminense, responsável pelo projeto.
Entenda como a Unidade de Tratamento de Resíduos irá funcionar:
O equipamento utiliza a ‘pirolise lenta a tambor rotativo’, ou seja, é um processo de decomposição termoquímico da matéria, na ausência de oxigênio. O gás produzido é filtrado e enviado para queimadores e para geração de energia. Uma parcela do gás retorna para alimentar o processo, não consumindo nenhum outro tipo de energia. Com isso, não são produzidos gases poluentes ou tóxicos.
A previsão é que a iniciativa, que representa um enorme avanço na questão do saneamento básico da Região dos lagos, também chegue à Cabo Frio.