O período letivo teve início, teoricamente, na última segunda-feira (19) em São Pedro da Aldeia. No entanto, na prática, a situação foi diferente. Os profissionais da educação da rede municipal, liderados pelo Sepe Costa do Sol, entraram em greve nesse dia para reivindicar melhores condições de trabalho. Apenas no primeiro dia de retorno às aulas, cerca de 3 mil estudantes foram afetados – e continuam sendo. Os profissionais anunciaram na quarta-feira (21) que a paralisação prossegue.
Além da greve, no primeiro dia letivo, os educadores realizaram um protesto em frente à Secretaria de Educação da cidade, onde apresentaram suas demandas, que incluem: aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR); jornada de trabalho de 30 horas semanais para os funcionários de escolas, que atualmente cumprem mais de 40 horas sem alimentação; e a questão da carga horária dos professores.
Vale pontuar que, segundo informações divulgadas pelo Sepe, as tratativas para a resolução das demandas não são de agora. As tentativas de resolução vêm sendo divulgadas desde a segunda semana do ano.
A diretoria do Sepe Costa do Sol se reuniu com o município na quarta-feira, mas, de acordo com o Sindicato, “não houve avanços nas pautas da categoria, que está se mobilizando desde o ano passado”. Após duas horas de conversa, foi informado pelos representantes da prefeitura, incluindo os secretários de Governo, Educação, Administração, Fazenda, Procurador Geral e Controladora Geral, que a cidade não teria condições orçamentárias para atender às demandas da categoria.
Por sua vez, a prefeitura, em nota na manhã desta sexta-feira (23), destacou que se reuniu com o Sepe para debater as demandas e aguarda deliberação do assunto, que deve ser feita em assembleia do Sindicato. Além disso, ressaltou que o PCCR está sendo elaborado em conjunto com a Comissão (composta por profissionais da Educação e representantes do Sepe), baseado na minuta elaborada no estudo realizado pelos profissionais da Educação, dentro da legalidade e respeito à Constituição Federal. Uma empresa foi contratada para revisar os PCCRs de todos os cargos da Administração Pública, não apenas da Educação.
Apesar da nota divulgada pela prefeitura, ainda na quarta, o Sindicato, através dos meios de comunicação oficiais, convocou uma assembleia online para esta quinta-feira (22), um dia após a reunião com o município, para deliberar “os próximos passos da luta”.
Posteriormente, um novo ato foi realizado na Praça da Matriz, como forma de demonstrar que as ‘resoluções’ definidas durante a reunião com a prefeitura não foram satisfatórias, e a greve continua. Os assuntos abordados durante a reunião online não foram divulgados.
Em meio às discordâncias entre a classe da Educação e a prefeitura, os estudantes são prejudicados pelo atraso no início do ano letivo, assim como os responsáveis, que muitas vezes não têm com quem deixar os filhos. O assunto tem gerado repercussão nas redes sociais, com pais criticando a falta de comunicação por parte do município sobre quais unidades terão ou não aula.
Uma mãe expressou sua frustração em um relato que se tornou viral em um grupo do Facebook: “E seguimos desde o dia 19 com minha filha indo e vindo para casa, porque não tem aula, não têm merendeiras, nem professores… Minha curiosidade é: por que não colocam todos os pais no grupo de WhatsApp e depois avisam? Evitariam constrangimentos; idas e vindas; pais saindo do trabalho em vão; crianças saindo para estudar à toa; etc”.
Diante dessa questão, o RC24h também questionou ao município como será resolvido o problema provocado pelo déficit dos dias sem aulas. A prefeitura está apurando a demanda.
Ludmila Lopes
Graduada em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida. Já atuou como apresentadora na Jovem TV Notícias, em 2021. Escreve pelo Portal RC24h há 4 anos e atua, desde 2022, como repórter no Jornal Razão, de Santa Catarina. É autora publicada, com duas obras de romance e quase 1 milhão de acessos nas plataformas digitais.
Vencedora do 6º Prêmio Prolagos de Jornalismo Ambiental, na categoria web. Pós-graduanda em Assessoria de Imprensa, Jornalismo Estratégico e Gestão de Crises pela Universidade Castelo Branco (UCB).